Se eleito presidente, Tarcísio de Freitas pode representar a morte política de Bolsonaro; entenda por que

Jair Bolsonaro (PL) consultou ao menos dez advogados e, de todos, teria ouvido a mesma coisa: é mais fácil Elon Musk e Jeff Bezos instalarem uma colônia no Sol do que a Justiça Eleitoral liberá-lo para ser candidato a presidente da República em 2026.

O risco maior para Jair Bolsonaro, a partir de agora, é, se condenado em vários processos, pegar alguns anos de prisão. Há quem postule, no meio jurídico, que pode ficar preso pelo menos por cinco ou seis anos.

Mesmo sabendo que não poderá ser candidato, Jair Bolsonaro continua em campanha — sim, campanha, repetindo o Lula da Silva de 2018. Por que isto? Para ficar na crista da onda e obrigando os institutos de pesquisa e mencioná-lo em todos os levantamentos.

Diz-se que, no fundo, Jair Bolsonaro espera convencer o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, do Republicanos, a disputar a Presidência da República.

Aliados de Gilberto Kassab sustentam que Tarcísio de Freitas deve ser candidato à reeleição. Com o presidente nacional do PSD na vice.

Mas há, sim, a possibilidade de Jair Bolsonaro convencer Tarcísio de Freitas a disputar a Presidência. Se o governador aparecer bem nas pesquisas, com possibilidade de derrotar o presidente Lula da Silva, do PT, é quase certo que participará da peleja nacional.

Lula da Silva e Leonel Brizola: o primeiro travou a ascensão do segundo | Foto: Reprodução

(Um parêntese: quem “matou” Leonel Brizola e Ciro Gomes, do PDT, em termos de Presidência da República? Aqueles que respondem rapidamente, sem pensar, dirão: foi a direita. Ledo engano. Quem “matou” Brizola e Ciro, politicamente, foi Lula da Silva, da esquerda. O petista-chefe se tornou o muro de Berlim para os dois políticos trabalhistas. Impediu-os de ser presidente.)

Parêntese fechado, retomemos o assunto Jair Bolsonaro e Tarcísio de Freitas. As luzes políticas do ex-presidente, apesar de sua astúcia, não são lá essas coisas. Ele espera que Tarcísio de Freitas possa representar seu renascimento político. Mas pode ocorrer exatamente o contrário.

Se eleito presidente da República em 2026, Tarcísio de Freitas certamente irá à reeleição em 2030 (remember Lula da Silva e Dilma Rousseff em 2014). Se ficar oito anos no poder, o jovem político, que rejeita trocar o Republicanos pelo PL — para não perder autonomia política e não ficar nas mãos exclusivas do bolsonarismo —, se tornará o coveiro político de Jair Bolsonaro.

A história ensina que aqueles que são “apoiados”, quando crescem e fortalecem a própria musculatura, não dão mais ouvidos aos “apoiadores”. Então, se for candidato em 2026 e 2030, Tarcísio de Freitas só “abrirá” as portas para Jair Bolsonaro em 2034, quando o ex-presidente contará 79 anos e, por certo, andará razoavelmente esquecido pelos eleitores e pelos políticos.

Então, aquilo que pode parecer “muito bom”, o apoio a Tarcísio de Freitas, pode acabar se tornando “muito ruim”.

O que se está dizendo, ou melhor, sugerindo é que o coveiro de Jair Bolsonaro pode não ser a esquerda de Lula da Silva, e sim a direita — moderada e civilizada — de Tarcísio de Freitas.

Jair Bolsonaro parece acreditar que, se o aliado for eleito presidente da República, será “perdoado” (indultado) por Tarcísio de Freitas e, assim, poderá disputar o governo federal em 2030. Conversa de sonhadores? Não se sabe.

Dados seu pragmatismo e sua moderação, Tarcísio de Freitas dificilmente enfrentará o Supremo Tribunal Federal para “agradar” Jair Bolsonaro.

Concluindo: a ascensão de Tarcísio de Freitas talvez não resulte na renascença de Jair Bolsonaro. Pode, quem sabe, representar sua “morte” política. O que parece “meio” pode acabar se tornando “fim”. Adeus. (E.F.B.)

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