Dança das cadeiras voltará a ser marca do Legislativo de Goiânia? A depender de alguns, sim

Uma piada infame ficou conhecida na última legislatura da Câmara Municipal de Goiânia. Dizia-se que não se podia afixar com muita firmeza o nome de um vereador na porta de seu gabinete, pois a qualquer momento a titularidade do local poderia mudar. Os desventurados responsáveis pela atualização do quadro de parlamentares no site da Casa nunca tiveram tanto trabalho. A impressão que se tinha era que, a cada semana, um nome diferente surgia no rol de vereadores em exercício.

Um vereador caía, mas pouco tempo depois, retornava. E o que havia entrado em seu lugar tratava de fazer as malas… para depois voltar. Os motivos pela constante dança das cadeiras variavam. Mas, em suma, dois sendo os principais: fraude na cota de gênero, que provocava a cassação da chapa inteira, e infidelidade partidária.

Ao menos oito parlamentares caíram “nas graças” da Justiça Eleitoral e tiveram os mandatos cassados, não conseguindo retornar. Entre eles: Bruno Diniz, Marlon, Gabriela Rodart e Santana Gomes. Outros, passaram a ocupar uma cadeira na Câmara ao longo da legislatura, como Markim Goyá, Welton Lemos, Paulo Magalhães e Bill Guerra. Era um pandemônio, uma decisão judicial em cima de outra. O clima de instabilidade imperava na Casa. Causava surpresa, e até algumas gozações, o fato de um Poder constituído ter tamanha rotatividade. Em 2025, o ano legislativo ainda nem começou – os vereadores eleitos e reeleitos no último pleito retomam os trabalhos no próximo dia 4 de fevereiro -, mas o start na Câmara nem foi necessário para que um clima de “Vai cair?” começasse a rodear os parlamentares.

O Jornal Opção noticiou com exclusividade, na última semana, que os ex-vereadores Kleybe Morais, do MDB, e Leandro Sena, do Solidariedade, ambos na suplência após não conseguirem se reeleger, ingressaram com ações na Justiça contra os próprios colegas de partido, eleitos nas eleições municipais de 2024. Sena ingressou com um recurso contra a expedição de diploma do vereador Léo José sob a alegação de que o vereador estaria inelegível por conta de um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) quando ele ainda era secretário executivo da Secretaria de Relações de Trabalho.

Ao ser procurado pela reportagem, Léo José afirmou ainda não ter tomado conhecimento do processo, mas alfinetou o correligionário. Em nota, o parlamentar declarou que os candidatos que, de forma ou outra não aceitam a derrota nas urnas, “ficam, de forma desesperada, tentando buscar medidas judiciais para tentar justificar a sua falta de competência na concorrência do pleito”.

Já a ação de Kleybe Morais versa contra o vereador Pedro Azulão Júnior, que assim como Morais, é emedebista. O ex-vereador acusa o colega de legenda de atitudes que podem ser configuradas como “fraude eleitoral”, sob o argumento de que Azulão Jr. anunciou publicamente que estava filiado ao Cidadania no dia 9 de abril de 2024, mas, na realidade, estava filiado ao Movimento Democrático Brasileiro (MDB) desde o dia 5 de abril, conforme o sistema FILIA.

“Tal declaração pública, em total contradição com a sua filiação partidária oficial, caracteriza uma fraude à filiação partidária, na medida em que distorce os elementos fundamentais da representatividade democrática”, destaca o documento ao qual o Jornal Opção teve acesso. Em resposta, Pedro Azulão Jr. disse que se informaria melhor sobre o processo, mas que estava tranquilo a respeito da situação.

E esses casos não são os únicos. No final do ano passado, também foi confirmada a informação de que ao menos quatro partidos – PDT, DC, PRTB e Mobiliza – eram alvos de ações na Justiça Eleitoral que poderiam, também, mexer no quadro de vereadores da Câmara Municipal de Goiânia. O objeto principal das ações: supostas candidaturas fictícias emplacadas pelas legendas a fim de preencher a cota de gênero. Os partidos citados negam quaisquer irregularidades.

É difícil dizer se as ações aqui citadas prosperarão. No entanto, é fácil constatar que o clima de instabilidade que domina a política há anos está longe de ter um remate. Ao fim de tudo, os votos depositados nas urnas são o ingresso de entrada, mas não de permanência no jogo do poder.

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