China demonstra interesse em “interface cérebro-máquina”, diz site

O neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis recebeu recentemente o Prêmio da Amizade do governo chinês, a maior honraria concedida a especialistas estrangeiros. Durante uma cerimônia em que estava sentado entre o primeiro-ministro Li Qiang e o chanceler Wang Yi, Nicolelis disse à CNN Brasil que conversou por cerca de uma hora com as autoridades, compartilhando suas pesquisas.

Nicolelis, que estava na China durante o lançamento da inteligência artificial DeepSeek, destacou a importância desse marco no campo de ciência e tecnologia. Em entrevista à CNN, o neurocientista comentou sobre a revolução que a nova IA representa e seus impactos no mercado de tecnologia global.

No evento, o neurocientista brasileiro recebeu a medalha no dia 25 de janeiro e participou de um jantar com autoridades chinesas no dia 26. Durante as conversas, Nicolelis revelou que a China vê a área de “interface cérebro-máquina” como uma prioridade estratégica, com grandes investimentos no setor.

“Foi uma conversa surpreendente. Eu nunca tive uma conversa tão profunda sobre neurociência com políticos, em lugar nenhum do mundo”, afirmou Nicolelis, destacando o interesse chinês em tecnologias que possibilitem a comunicação entre o cérebro e dispositivos externos por meio de impulsos elétricos emitidos pelos neurônios.

Este campo de estudo faz parte do projeto Andar de Novo, um projeto que tem gerado resultados notáveis na China. Segundo o neurocientista, pacientes com paralisia total estão apresentando melhorias significativas, com alguns alcançando a capacidade de andar sem o uso de exoesqueletos.

Miguel Nicolelis também comentou sobre o lançamento da IA DeepSeek, que gerou grande repercussão no mercado global. A nova IA, semelhante ao ChatGPT, promete revolucionar a indústria, operando com uma estrutura de custos muito mais baixa do que as soluções da OpenAI, Google e Meta.

Nicolelis observou que o modelo chinês desmontou o plano de negócios das grandes empresas tecnológicas dos Estados Unidos, reduzindo custos e colocando o modelo em código aberto.

“O modelo de IA da DeepSeek desafiou as Big Five americanas, mostrando que não era necessário investir bilhões de dólares em infraestrutura. Eles usaram chips mais antigos e até mesmo chips produzidos na China, criando um novo padrão no mercado”, destacou Nicolelis à CNN.

O impacto dessa inovação foi imediato, com a Bolsa de Valores americana perdendo 1 trilhão de dólares após o anúncio da DeepSeek, evidenciando a disrupção causada por esse novo modelo de IA. Em sua entrevista, Nicolelis também revelou o crescente interesse do governo chinês em parcerias com o Brasil, especialmente no campo da ciência e tecnologia.

Ele explicou que, devido à falta de abertura para novas colaborações com os Estados Unidos e a Europa, a China está buscando alternativas em países como o Brasil, que possui uma das maiores redes de universidades públicas do mundo.

“O Brasil é visto como um parceiro estratégico para a China, especialmente por suas robustas universidades e centros de pesquisa de ponta. Além disso, as relações Brasil-China são muito boas, o que torna o país uma opção clara para futuras colaborações”, afirmou Nicolelis.

No entanto, o neurocientista ressaltou que, para fortalecer essas parcerias, é necessário um maior investimento em ciência e tecnologia no Brasil, além de interlocutores capazes de facilitar a comunicação entre os governos.

Miguel Nicolelis finalizou destacando a importância de um maior investimento nas universidades brasileiras, que desempenham um papel crucial no avanço da ciência no país. Para que as parcerias com a China se concretizem, o Brasil precisará também investir em infraestrutura e criar canais eficientes para facilitar a colaboração internacional.

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