Cláusula de barreira: luta do PSDB para fundir com PSD ou MDB é o caminho para não ser extinto

Um repórter do Jornal Opção conversou, durante três dias, com integrantes do PSD, do MDB e do PSDB nacional por WhatsApp. Eles enviaram respostas escritas e, até, áudios. Mas pediram sigilo das fontes, mas, felizmente, não das informações.

Um do membro do PSD é peremptório: “Jovem, não aposte em fusão do PSD com o PSDB. Não vai sair. É papo furado”. Ele sublinhou sua fala, lacônica, e encerrou-a assim: “A história da fusão, tão propalada pela mídia, é pura balela. Não se iluda nem venda ilusões”.

O segundo membro do PSD foi mais receptivo. “A fusão do PSD com o PSDB não sai. Porque, a rigor, interessa menos ao PSD e muito mais ao PSDB. O PSDB usa a ‘fofoca’ para ficar na mídia e aparentar uma força que, na verdade, não tem.”

O repórter insistiu: “Quer dizer, então, que a fusão com o PSD foi para o beleléu?” A resposta do integrante do PSD: “Meu filho, do ponto de vista do PSD, a fusão nunca existiu. Menos de 5% dos membros do PSD querem a fusão. Já o PSDB está desesperado, porque, se não houver alguma fusão, vários de seus parlamentares devem trocar de partido. Assim, o PSDB pode perder tanto o fundo partidário quanto o tempo de televisão. É o início do fim”.

Gilberto Kassab prefere quem futuro, Daniel Vilela | Foto: Leoiran

De acordo com o militante do PSD, Marconi Perillo, “não quer perder o palco de presidente do PSDB. Como não tem mandato executivo ou legislativo, sua força não deriva dele, e sim de seu líder, Aécio Neves, deputado federal por Minas”.

“Então, a presidência do PSDB é como uma espécie de mandato. Por isso não acredito que Perillo queira a fusão. No máximo, vai se preocupar com a federação, quiçá com o Podemos e com o Cidadania (que já existe). Porém, como sabe que há uma pressão interna pela fusão, Perillo finge que está lutando pela fusão, quando, na prática, não está. Se houver fusão com o PSD, ele não será presidente nacional nem regional do partido. Se houver fusão com o MDB, não assumirá o comando nacional nem regional do partido, hoje comandado pelo Vilela [está falando de Daniel, vice-governador de Goiás]”, assinala o articulador do PSD.

O integrante do PSD disse ao Jornal Opção que, no Congresso Nacional, se comenta que o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, conversou com Daniel Vilela, presidente do MDB em Goiás. “A Kassab interessa uma parceira maior com o MDB em Goiás, porque tem um candidato a governador consistente, do que com o PSDB, que praticamente não existe no Estado. Kassab é de um pragmatismo absoluto. Não tem nada de romântico.”

Um tucano de Minas Gerais posiciona-se: “Aécio Neves e a maioria dos membros do partido querem fusão com o MDB do deputado federal Baleia Rossi, de São Paulo. Seria, por assim dizer, uma volta às origens, porque o MDB é o ‘pai’ político do PSDB”. Mas a fusão com o MDB interessa a Marconi Perillo? “É preciso entender que Perillo é do PSDB, mas ele não é o PSDB.”

Daniel Vilela, Baleia Rossi e Pedro Chaves: batalha pela eleição do primeiro a governador | Foto: Divulgação

O que o PSDB vai realmente fazer? O político mineiro diz que, como as fusões não devem sair, o partido deve se reestruturar tendo em vista as disputas para o Senado e, sobretudo, para a Câmara dos deputados. “Sem fundo partidário e sem tempo de televisão, que corremos o risco de perder, o PSDB praticamente deixará de existir. Então, a saída é fortalecer a chapa de deputado federal nos Estados.”

Um membro do MDB nacional é peremptório: “A fusão interessa mais ao PSDB. Mas, como tem membros qualitativos, a maioria deles teria boa acolhida. Desde que, ao chegar, não queiram ocupar, de cara, a janelinha. Perillo é um político que tem história e, por isso, não vai chegar como soldado, mas não pode passar de sargento. Aos poucos, pode chegar a tenente, capitão, major e coronel”.

Lêda Borges: deputada prepara as malas para sair do PSDB, em 2026 | Foto: Divulgação

Em termos exclusivos de Goiás, como vai se comportar o PSDB e Marconi Perillo? O político tucano, de Minas, diz que não sabe.

Mas um ex-tucano goiano apresenta sua palavra: “Marconi vai ficar falando, até maio de 2026, que será candidato a governador. Porém, como suas chances são mínimas, ele deverá disputar mandato de deputado federal, com o objetivo de se eleger e contribuir para a eleição de outro deputado, como Helio de Sousa, Matheus Ribeiro ou Aava Santiago. Pelo visto, o PSDB nacional vai cobrar, de maneira enfática, que o PSDB tenha uma chapa consistente de candidatos a deputado federal. Por causa da cláusula de barreira. O PSDB, em 2026, vai cair no ‘desespero’, porque precisará ter ao menos 2,5% de deputados federais. Se Marconi for candidato a governador, e não a deputado federal, o partido corre o risco de não eleger nenhum deputado federal. Sua única deputada em Goiás, Lêda Borges, estaria dizendo que vai se filiar ao União Brasil, em 2026”.

Outro tucano admite que a tentativa de fusão tem a ver com a tese de que o PSDB está, tecnicamente, à beira da extinção. “É melhor a fusão do que a extinção”, frisa. (E.F.B.)

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