Vilmar Rocha rebate José Sarney e revela quem liderou processo de redemocratização

O ex-deputado Vilmar Rocha (PSD) rebateu uma fala do ex-presidente José Sarney à Folha de S. Paulo sobre o período de redemocratização no Brasil após o golpe de 1964: “Quer posar para a narrativa, ele chegou ocasionalmente, foi bom politicamente, mas foi um péssimo presidente”.

Entrevista de José Sarney à Folha de S.Paulo.

O político maranhense disse que seu primeiro desafio era se legitimar na presidência da República. “Durante todo o tempo eu tive que fazer um processo de engenharia política que assegurasse a transição democrática”, relatou Sarney. Ele foi eleito vice-presidente, mas assumiu o comando do país após a morte de Tancredo Neves antes mesmo da posse.

Apesar do desabafo, Rocha reforçou que Sarney foi habilidoso politicamente depois de assumir a presidência, no entanto, ele pontua que outros nomes da Frente Liberal que foram responsáveis pelas articulações que elegeram a chapa. “O grande nome, inclusive muito injustiçado, é o de Areliano Chaves, vice-presidente de João Figueiredo. Foi ele o responsável por articular a divergência dentro do governo militar para o processo de redemocratização”, afirma. Os dissidentes eram contrários à candidatura de Paulo Malluf na sucessão de João Figueiredo, o último presidente.

Para Vilmar Rocha, o ex-presidente está “surfando” na memória do processo de redemocratização do país. “O Sarney só entrou no final. Quem tocou isso foi o Aureliano, Marcos Maciel e Jorge Borhauer, dentro do PDS”, afirmou. Ele acrescenta que uma dúvida jurídica sobre a candidatura de Maciel fez com que Sarney fosse o vice na chapa com o candidato mineiro. “O Sarney não seria vice, ia ser o marco Maciel, mas tinha um temor sobre um processo de infidelidade partidária”, garante.

Vilmar lembra que Maciel, que foi contemplado com o Ministério da Educação na gestão de Sarney, tinha a preferência de Tancredo Neves para ocupar a vice. “Ele não pôde porque o PDS ameaçou se ele não votasse no candidato eleito PDS ele poderia ser caçado. Aí ele recusou, não quis ser vice do Tancredo”.

Sob Figueiredo, o governo falava em abertura, embora não quisesse eleições diretas para presidente da República. Havia um temor por parte das forças armas que o próximo presidente fosse hostis a eles. A emenda do deputado Dante de Oliveira, que previa as eleições diretas, foi rejeitada pelo Congresso Nacional. “Foi aí que uma parte da Frente Liberal abriu dissidência e fez uma aliança com o PMDB para a eleição do Tancredo. A anistia ampla, geral e irrestrita foi aprovada”, completa. O grupo também era formado pela Aliança Democrática.

Quando a emenda Dante de Oliveira foi votada, em 83, 54 deputados do PDS votaram favoráveis. Apesar do apoio, Oliveira sabia que a matéria não seria aprovada. Aliás, ele e a maioria dos políticos, inclusives deputados Pró-Diretas, compartilhavam essa convicção.

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