José Matheus, de 30 anos, brutalmente espancado em Urutaí, possivelmente por homofobia, recebeu alta hospitalar no último domingo, 6. Os agressores (dois adolescentes e um na maioridade) passaram quatro dias em internação provisória e prisão cautelar e foram soltos. A polícia investiga e pede o indiciamento de dois maiores de idade — um destes é o primo de José Matheus.
A vítima passou cerca de uma semana internada no Hospital de Urgências de Goiás (Hugo), para onde foi transferida após sofrer agressões. O delegado responsável pelo caso, Diogo Andrade Ferreira, afirma que a oitiva da vítima é de extrema necessidade para os procedimentos investigativos, mas que o traumatismo craniano que José Matheus sofreu provoca lapsos de memória, o que dificulta a conclusão do procedimento.
Apesar de estar em casa, José Matheus ainda apresenta um quadro de saúde delicado. “Ele recebeu alta no domingo e tá em casa, mas vai precisar de acompanhamento psicológico e médico também. Ele tem vários retornos ao Hugo pra avaliar toda a situação do ferimento”, relatou uma parente, que pediu para não ser identificada.
José Matheus, quando recebeu alta
Segundo ela, o estado físico da vítima ainda exige atenção contínua. “A saúde dele ainda exige muitos cuidados. Ele tá com costelas quebradas, queixo quebrado, coágulos de sangue na cabeça. As partes íntimas dele ainda estão muito inchadas.”
O crime ocorreu na madrugada do dia 30 de março. De acordo com a Polícia Militar, testemunhas ouviram gritos e flagraram o momento em que a vítima era espancada na rua. A agressão, segundo a família, foi praticada por ao menos três pessoas, entre elas, um primo de José Matheus. Dois adolescentes foram apreendidos suspeitos de participação e confessaram envolvimento. Um terceiro jovem foi detido, mas negou o crime. A Polícia Civil investiga o caso.
A familiar da vítima afirma que, por mais de duas horas, José Matheus foi agredido com socos, chutes e pedaços de madeira. “Depois de mais de duas horas agredido, um dos agressores, por incrível que pareça, é primo do José Matheus, chamou a mãe pra tentar levar ele pra um posto de saúde da cidade. Eu acho que, depois que viu o Mateus já inconsciente, muito machucado, deve ter ficado com medo.”
Ela também questiona a versão apresentada pelo primo à polícia. “O próprio primo que foi um dos autores das agressões chamou a polícia, mas pra tentar livrar a própria cara. Ele acusou, deu o nome dos outros agressores, mas em momento algum disse que ele também estava junto.”
A violência, descrita como chocante e inédita para os moradores de Urutaí, deixou a família em estado de alerta. “A família toda, tanto do lado da mãe quanto do lado do pai, tá muito abalada com o que aconteceu. Foi uma violência de um tamanho assim que ninguém imaginava que poderia acontecer, ainda mais numa cidade do tamanho de Urutaí, que nunca teve nada parecido.”
Mesmo com o trauma, familiares veem a alta hospitalar como uma vitória. “Meus tios estão muito abalados, têm razão. Mas só de ter o Mateus em casa, pra eles isso é uma vitória.”
Momento que José Matheus chega ao hospital
O caso é investigado pela Polícia Civil de Goiás, que apura o contexto e as circunstâncias do crime. A suspeita de motivação homofóbica ainda está sob análise. O delegado da Polícia Civil de Ipameri, Diogo Andrade Ferreira, considerou que as ofensas homofóbicas que José Matheus sofreu durante as agressões são um indício de que o crime tenha o ódio à orientação sexual da vítima como elemento importante.
O post Agressores de José Matheus são soltos em Urutaí; polícia pede indiciamento de primo da vítima apareceu primeiro em Jornal Opção.