A revista britânica The Economist criticou a atuação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes por poderes excessivos em uma publicação desta quinta-feira, 17, intitulada “A Suprema Corte do Brasil sob julgamento”, em tradução livre. No texto, além de reconhecer que a democracia brasileira sofre de políticos “podres” ou “corruptos”, também criticou excesso de poder dos juízes. Neste sábado, 19, o presidente do STF ministro Luís Roberto Barroso publicou uma resposta aos artigos da Economist.
Em nota publicada no site do Supremo, Barroso escreveu: “Foi necessário um tribunal independente e atuante para evitar o colapso das instituições, como ocorreu em vários países do mundo, do leste Europeu à América Latina.” Barroso negou ainda a desconfiança quanto a atuação da Corte: “A pesquisa DataFolha mais recente revela que, somados os que confiam muito (24%) e os que confiam um pouco (35%) no STF, a maioria confia no Tribunal”.
A revista The Economist argumentou que a suspensão do X (antigo Twitter) teve propósito de cercear a liberdade de expressão. Barroso contra-argumentou: “O X foi suspenso do Brasil por haver retirado os seus representantes legais do país, e não em razão de qualquer conteúdo publicado. E assim que voltou a ter representante, foi restabelecido. Todas as decisões de remoção de conteúdo foram devidamente motivadas e envolviam crime, instigação à prática de crime ou preparação de golpe de Estado.”
Por último, Barroso opinou sobre a angulação da matéria que tratava do Judiciário no país: “O enfoque dado na matéria corresponde mais à narrativa dos que tentaram o golpe de Estado do que ao fato real de que o Brasil vive uma democracia plena, com Estado de direito, freios e contrapesos e respeito aos direitos fundamentais.”
Esta não foi a primeira vez que a Corte foi retratada com nuances autoritárias. Na revista New Yorker, Alexandre de Moraes ironizou a suposta tentativa de pressionar a corte por meio da opinião pública internacional em abril de 2024: “Se eles mandarem um porta-aviões, aí a gente vê”, disse o ministro ao jornalista Jon Lee Anderson. “Se o porta-aviões não chegar até o Lago Paranoá, não vai influenciar a decisão aqui no Brasil” .
Em setembro de 2024, o Washington Post publicou um editorial defendendo posição de Musk no conflito com autoridades brasileiras. “O CEO bilionário da Tesla e SpaceX está correto ao dizer que a iniciativa de um jurista brasileiro em proibir unilateralmente que o X, do qual ele é dono, opere no país é um ataque à liberdade de expressão na internet em todo o mundo”, afirmou o jornal americano
Em outubro de 2024, o New York Times publicou “O inimigo brasileiro de Elon Musk está salvando ou prejudicando a democracia?”, e citou a cassação e prisão de Daniel Silveira como motivadora de uma crise de confiança.
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