Entenda o motivo pelo qual economistas estão preocupados com o baixo desemprego no Brasil

A taxa de desemprego no Brasil caiu para 7% no primeiro trimestre de 2025, o menor nível já registrado para o período desde o início da série histórica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2012. Apesar do dado positivo, especialistas em economia alertam que o número esconde desafios estruturais do mercado de trabalho brasileiro, principalmente o alto índice de trabalho informal.

Segundo o IBGE, dos 102,5 milhões de brasileiros ocupados até o fim de março, 38,9 milhões estavam em empregos informais — ou seja, sem registro em carteira, sem CNPJ ou atuando como trabalhadores familiares não remunerados. Isso representa 38% da força de trabalho ocupada, um índice considerado elevado por economistas, mesmo com uma leve queda em relação ao ano anterior.

Para analistas como Sidney Lima, da Ouro Preto Investimentos, a alta informalidade no emprego dificulta o avanço da economia, pois compromete o poder de compra do consumidor e reduz a previsibilidade de receitas das empresas. “Esse tipo de trabalho precário impede que o consumidor tenha o poder de compra necessário para sustentar a demanda interna”, afirma à revista Veja.

O levantamento do IBGE aponta que a maior parte dos informais é formada por trabalhadores por conta própria sem CNPJ — um total de 19,1 milhões de pessoas. Outros 13,5 milhões trabalham sem carteira assinada no setor privado, enquanto 4,3 milhões são empregados domésticos também sem registro formal. A estatística inclui ainda 1,2 milhão de trabalhadores familiares auxiliares e 816 mil empregadores sem CNPJ.

A informalidade no trabalho também prejudica o acesso ao crédito e restringe o consumo das famílias. “A falta de estabilidade no mercado de trabalho não oferece uma base sólida para o crescimento do consumo interno”, explica João Kepler, CEO da Equity Group, especializada em investimentos em startups.

Apesar da preocupação com a qualidade dos postos de trabalho gerados, os números mais recentes da PNAD Contínua não devem impactar a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) na próxima reunião, agendada para os dias 6 e 7 de maio.

A expectativa do mercado é de que o Banco Central mantenha o plano de política monetária, com novo aumento da taxa Selic em 0,5 ponto percentual, chegando a 14,75%.

De acordo com Claudia Moreno, economista do C6 Bank, a queda no desemprego mostra que o mercado de trabalho segue aquecido, o que impulsiona a atividade econômica e o PIB brasileiro. No entanto, isso dificulta o controle da inflação de serviços, o que justifica a manutenção de uma política monetária mais restritiva.

Leia também:

O post Entenda o motivo pelo qual economistas estão preocupados com o baixo desemprego no Brasil apareceu primeiro em Jornal Opção.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.