Homem “picado” por mais de 200 cobras teria produzido antídoto incomparável, dizem cientistas

Uma reportagem recente da BBC revela que um estadunidense que injetou venenos de cobra no próprio corpo por mais de 200 vezes teria produzido um antídoto “incomparável” contra as toxinas. Segundo afirmam cientistas, o sangue do americano Tim Friede teria uma cobertura ainda mais abrangente e com potencial de proteger do veneno de diversas substâncias nocivas.

O processo de produção de antídotos antiofídicos, como é chamada, consiste na injeção do veneno animal na corrente sanguínea de outros seres, normalmente utilizados em cavalos para a extração dos anticorpos que combatem as substâncias. Apesar disso, especialistas dependem da injeção de toxinas de espécies específicas para a produção exata dos anticorpos necessários, caso contrário, o antídoto pode não surtir efeito.  

Contudo, os anticorpos de Friede se destacam por combater o veneno de várias espécies ao mesmo tempo, algo chamado pelos cientistas de anticorpos de ampla neutralização. A partir disso, os especialistas usaram o sangue do americano contra as toxinas das cobras da família dos elapídeos, que compõem as cobras coral, najas, mambas e kraits, responsáveis por produzir neurotoxinas que imobilizam as presas. 

Segundo os resultados preliminares divulgados na revista científica Cell, o coquetel com o sangue de Friede é capaz de combater o veneno de 13 das 19 serpentes mais mortais do mundo. “[O antídoto de Friede] provavelmente cobre todo um grupo de elapídeos para os quais, atualmente, não existe antídoto”, afirma o executivo-chefe da empresa de biotecnologia Centivax, Jacob Glanville à BBC.

Além das serpentes, uma outra equipe de cientistas também procura usar o sangue do americano em testes com hemotoxinas de víboras que atacam o sangue das vítimas. 

Em nome da ciência

Há 18 anos, Friede propositalmente se submete a picadas de cobras e transmite o resultado nas redes sociais com o intuito de trazer mais conscientização do perigo das toxinas dos animais, bem como produzir um soro potente que poderia salvar vidas em casos de acidentes. Além do contato com o animal, o americano já injetou mais de 700 substâncias venenosas no próprio corpo com o mesmo propósito. 

Apesar do avanço na área medicinal, a performance de Friede é constantemente criticada por especialistas da saúde que afirmam que a estratégia utilizada pode levar à morte de pessoas. O contexto dos testes clínico em seres humanos sem o devido controle é um tema contenciosos para a comunidade científica que aponta que os experimentos deste tipo são antiéticos. 

Mesmo assim, Friede segue com os testes em “nome da ciência”, como afirmou em entrevista à BBC. Apesar disso, não ocorre sem problemas, como relatou a equipe do jornal britânico. Logo no início dos experimentos, o americano ficou em coma devido a duas picadas de naja sucessivas em que quase morreu pelas substâncias. “Eu não queria morrer. Eu não queria perder um dedo. Eu não queria perder meu trabalho”, disse.

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