Quanto custa fazer uma campanha para prefeito em Goiânia? Marqueteiro responde

Tanto para os políticos de carreira quanto para os novatos que estão chegando agora ao mundo da política e da gestão pública, um fato é tido com importância unânime: a figura do marqueteiro. Com papel essencial sobretudo na campanha, o marqueteiro político é o responsável por moldar e entregar a imagem do político contratante ao eleitorado. Desde o tom adotado no slogan da campanha, passando pelos discursos em programas de TV até a encomenda, análise e aplicação das conclusões de pesquisas eleitorais, são eles, também, os principais responsáveis por gerir as vultosas quantias geralmente gastas em ano eleitoral.

É o caso de 2024, quando serão realizadas as eleições municipais para a escolha dos prefeitos e vereadores dos municípios de todo o Brasil. Em Goiânia, pré-candidatos já se movimentam para definir suas estratégias eleitorais e de comunicação, que demandam altos investimentos. Mas afinal, quanto custa uma campanha eleitoral para a Prefeitura de Goiânia hoje?

Ao Jornal Opção, o ex-vice-prefeito de Goiânia e atual presidente do MDB metropolitano, Agenor Mariano, revelou as cifras e investimentos mínimos para um candidato que quer realmente ser levado em contato pelo eleitor durante uma eleição. Agenor, que já possuiu uma gráfica e esteve por trás de pleitos vitorioso, conta que com um “mínimo” de R$ 5 milhões é possível fazer uma boa campanha para o Paço Municipal. “Você vai gastar com gráfica, com TV, carros de som, pesquisas, combustível, estrutura de comitê e palanque”, destaca.

20/03/24 Agenor Mariano . MDB foto Leoiran/Opção
Agenor Mariano | Foto: Jornal Opção

A fatia maior do dinheiro, segundo Agenor, vai para os programas de TV e rádio, tidos como essenciais em uma campanha – de 1 a 2 milhões de reais. A gráfica, que fica por conta da impressão de todo o material eleitoral usado pelo candidato, costuma levar até R$ 1,5 milhão. A encomenda de pesquisas a institutos é outra parte que pode puxar grandes valores. “Uma campanha feita dentro da legalidade”, menciona Agenor, fazendo referência ao fato de alguns candidatos enveredarem por meios ilegais de campanha – o famoso “caixa 2”. Em casos assim, políticos costumam gastar até R$ 30 milhões.

O apresentador Hamilton Carneiro, tido como um dos marqueteiros mais bem-sucedidos de Goiás (foi ele o responsável, por exemplo, pelas campanhas vitoriosas de Iris Rezende em 2004 e 2008, além de outras 38 campanhas políticas para prefeito, governador e deputado, com 32 delas ganhadoras), corrobora os valores revelados por Agenor Mariano, mas acrescenta que uma outra área já tem tido grandes investimentos nas últimas campanhas: o gerenciamento de redes sociais.

“A TV e o rádio são necessários, não pode esquecer desses. Mas neles o eleitor é um agente passivo. Nas redes, não. Nas ele discute, interage, participa do processo”, diz Carneiro, ao exemplificar o poder da internet sobre a formação da opinião e até do voto dos eleitores em determinado candidato.

Hamilton Carneiro, publicitário | Foto: Divulgação

“E trabalhar nas redes sociais começa agora, numa pré-campanha. Não pedindo voto, claro. Mas fomentando o nome [do pré-candidato], se mostrando ao eleitorado”, conclui.

Carneiro garante que, atualmente, não tem conversado com nenhum pré-candidato, “até porque ainda está muito indefinido”. No entanto, ele revela que tem prestado consultoria a vários políticos de Goiás e fora dele, inclusive a nomes que pretendem se lançar na corrida pelo governo de Goiás em 2026.

Crise sem marqueteiro

Necessário durante a campanha, a falta do marqueteiro durante um mandato – sobretudo quando se trata de um gestão com crises – pode ser altamente danosa. Um exemplo claro é a própria atual gestão de Goiânia. Em dezembro do ano passado, o marqueteiro Jorcelino Braga decidiu abandonar o chamado Grupo de Apoio ao Prefeito, o GAP, que tinha como membros o presidente da Câmara Municipal, Romário Policarpo, e a vereadora e líder do Republicanos em Goiânia, Sabrina Garcez. O motivo seria a discordância de opiniões entre ele e o prefeito Rogério Cruz.

A saída de Braga coincidiu, na época, com um momento delicado para Cruz. Ao mesmo tempo em que o prefeito tentava “juntar os cacos” do desgaste gerado pela crise na Comurg (crise agravada recentemente após uma operação da Polícia Civil que levou à queda do presidente da companhia) e nas maternidades do Município, tentava também conseguir aval da Câmara Municipal para um empréstimo de R$ 710 milhões para obras na capital – objetivo esse, felizmente para Cruz, concluído.

Agora, sem Braga, Rogério Cruz se movimenta para tentar reverter a queda na popularidade, uma vez que seu projeto de reeleição depende diretamente disso.

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