Ronaldo Caiado tem a receita para o Brasil crescer… e com desenvolvimento

O Brasil cresceu 2,9% em 2023. O número não é dos melhores, é claro. Mas é menor pior do que crescimento negativo. O dado significa que a economia está viva — ativa — e, portanto, em expansão. Se o governo Lula da Silva não errar a mão, e torce-se para que acerte, o país poderá crescer mais. Porém, economistas pouco otimistas sugerem que o país pode crescer menos em 2024. Oxalá estejam equivocados, como já ocorreu outras vezes.

Crescimento, desde que não deixe de conectar a crucialidade do desenvolvimento, gera empregos, e por vezes requalifica a renda. Enfim, melhora a vida de todos — ou de quase todos. Um presidente menos falastrão possivelmente ajudará o país. Por que comparar a mortandade absurda e cruel da Faixa de Gaza com o Holocausto? Por que defender a ditadura da Venezuela (agora até Nicolas Maduro está criticando o governo de Lula da Silva, que se posicionou, levemente, sobre as absurdas eleições do país “mui amigo”)? Por que se omitir em relação ao massacre perpetrado pela Rússia do ditocrata Vladimir Putin na Ucrânia, se opondo à Europa e aos Estados Unidos? Por que continuar mantendo apoio à ditadura de Cuba?

Nicolás Maduro e Lula da Silva: aliados em crise | Foto: Ricardo Stuckert / Presidência da República

Com sua vocação para ditador, o brucutu “semi-húngaro” Jair Bolsonaro era um horror em termos de política externa (por que dormir na embaixada “de Victor Orban, um não-democrata, e não na embaixada da França, um país realmente democrático?).

Como estadista, o petista-chefe não é ruim, mas, por vezes, faz declarações mais ideológicas — típicas de quem se comporta não como presidente de um país, ou seja, representante de todos os brasileiros, e sim como presidente de partido político. A crítica de Lula da Silva ao massacre que Israel comete em Gaza é justa, mas, ao se exceder, cometeu um erro — o que pode prejudicar o país economicamente e em termos de imagem. A influência dos judeus é superior, em termos de formação da opinião global, à influência dos israelenses (que, claro, também são judeus). Trata-se de uma influência internacional, nos grandes centros econômicos — tanto bancários e industriais quanto na mídia.

Lula da Silva e Fernando Haddad — um ministro da Fazenda equilibrado e racional — sabem que, se a economia não estiver em expansão em 2026, gerando mais empregos e possibilidade de consumo estável, o PT corre o risco de não manter o poder. A retomada da economia pode dar um quarto mandato para Lula da Silva ou um primeiro mandato para seu pupilo, o lulaboy Fernando Haddad.

Depois de um período de estagnação, quando se cria ondas de pessimismo, internas e externas, é difícil voltar a crescer de maneira sustentável. Mas há exemplos positivos nos Estados, como Goiás e Espírito Santo.

Se dirá, quem sabe: Goiás é só um Estado e é pequeno. Na verdade, em termos territoriais, é grande. É maior do que Cuba, Portugal e Israel juntos. É praticamente do mesmo tamanho do Japão.

Em 2022, Goiás cresceu 6,6% ao ano. Em 2023, de acordo com dado divulgado pelo qualificado e respeitável Instituto Mauro Borges (falta, adiante, a verificação do IBGE), Goiás cresceu 4,4%. Isto é, bem acima do crescimento de 2,9% do Brasil. Evidencia-se uma estabilidade do crescimento, com média alta.

Goiás é, pois, uma ilha? Não. Ninguém é — nem Estado nem indivíduo. Mas, ao fazer a lição de casa, tornando o Estado mais enxuto e eficiente, investindo nos setores certos — como na recuperação qualitativa de sua malha rodoviária, o que torna mais ágil a circulação da produção do agronegócio e de mercadorias e pessoas —, o governador Ronaldo Caiado, do União Brasil, e sua equipe atenta, gente do naipe de Adriano Rocha Lima, Pedro Sales, César Moura, Andréa Vulcanis, Gean Carvalho, Fátima Gavioli e Selene Peres Nunes — são agentes do crescimento econômico.

Então, o país pode crescer mais? Pode, inclusive com o próprio Lula da Silva, desde que se crie uma segurança jurídica ampla e o governo acerte a mão nos seus próprios investimentos, e com mais agilidade e menos burocracia (governo criativo e eficaz não empurra as coisas com a barriga — tudo para depois de amanhã. Tudo tem de ser para ontem). Veja-se um erro grave. Se alguns Estados, como Goiás e São Paulo — e outros, é claro —, estão crescendo mais do que o país, é sinal de que há exemplos positivos.

Mas, no momento em que crescem — casos de Goiás, Bahia, Tocantins, Mato Grosso, para citar apenas quatro —, o governo federal opera uma Reforma Tributária para concentrar recursos na União, retirando mais dinheiro dos Estados. A vida do país, como se sabe, não começa em Brasília — onde os recursos são concentrados, na União —, e sim em todos os municípios brasileiros, ou seja, nos Estados. Está se criando um novo pacto colonial, com os Estados se tornando colônias e Brasília a metrópole. É a essência da nova Reforma Tributária.

Entretanto, mesmo com recursos podados pela União, os Estados, alguns deles, crescem. Goiás é um dos exemplos mais flagrantes. O governo de Goiás não atrasa salários — o que significa pôr em circulação, mensalmente, um volume extraordinário de dinheiro — e paga fornecedores em dia. Não há corrupção — o que significa que sobra recursos para serem investidos em saúde, educação e segurança pública (que é um modelo para o país). A decência de Ronaldo Caiado é tão notória quanto notável. As contas estão ajustadas. O setor industrial cresce de maneira excepcional, e, aos poucos, com descentralização do desenvolvimento. O agronegócio regional é exemplo, em termos de qualidade e quantidade de produção, para o Brasil e para o mundo. Há Estados em que a economia só não avança porque os governos são ruins. Em Goiás há conexão entre economia privada pujante e um governo que funciona.

Então, Ronaldo Caiado está ensinando, na prática, que a economia tem como crescer. Basta ter competência e ficar atento às coisas do Estado (e do país). Na década de 1960, uma equipe da “Realidade” — a melhor da época, um oásis de reportagens especiais, descrevendo muito bem o Brasil profundo e tão desconhecido do “litoral” — deslocou-se para Goiânia para reportar o que fazia a gestão do prefeito Iris Rezende. A matéria saiu com o título “Nasce um líder”. O mesmo pode se dizer de Ronaldo Caiado: “Nasce um líder que tem a receita para o Brasil crescer e para combater o crime organizado”.

Outra faceta: a hora e a vez do desenvolvimento

Quando se fala em crescimento do PIB, parte significativa da imprensa às vezes se esquece de outra palavra — desenvolvimento.

O desenvolvimento é quando os “dividendos” do crescimento são compartilhados com todos, incluindo os pobres. Na década de 1970, durante o Milagre Econômico, o ministro da Fazenda, Antônio Delfim Netto — dito Kissinger dos trópicos, o que, por certo, é um exagero —, sugeriu que primeiro era preciso crescer o bolo, quer dizer, a economia. Depois, quando o bolo estivesse “pronto”, se processaria sua divisão.

Porém, não se deu assim. De fato, o bolo cresceu, tornou-se imenso, mas não foi devidamente repartido com aqueles que estão na base da pirâmide social. Pelo contrário, apesar de ter uma televisão em casa — preto e branco e, depois, colorida —, os pobres, sob o Milagre Econômico, continuaram pobres. Não houve nenhuma política consistente de inclusão social. O governo era pró-capitalismo, mas não pró-trabalhadores. Economistas e historiadores apontam que, no governo do presidente-general Emilio Médici, ocorreu achatamento salarial, assim como no de Castello Branco.

Então, o Milagre Econômico, com crescimento acima de 10%, foi ótimo para os ricos e, até, para as classes médias. Mas os pobres foram olimpicamente esquecidos.

Agora veja-se o paradoxo. O liberal Ronaldo Caiado é um político de direita — uma direita similar à do economista Castello Branco, Milton Campos, Bilac Pinto, Petrônio Portella, Roberto Campos e Octávio Gouveia de Bulhões. Uma direita moderna, civilizada. Porém, como governador, é de uma sensibilidade social — ao estilo da socialdemocracia europeia — que o diferencia de liberais tradicionais. Talvez tenha inventado a direita socialdemocrata no Brasil — o que, a rigor, já existe na Suécia.

No poder, no lugar de colocar o Estado a serviço exclusivo dos ricos e classes médias, Ronaldo Caiado o pôs a serviço da sociedade. O governador não deixa de apoiar as forças econômicas (o mercado), molas propulsoras do crescimento, mas, no momento mesmo do avanço econômico, começa a repartir o bolo. Os programas sociais do governo incluem dois pontos: a assistência — crucial num país no qual o capitalismo retardatário deixou muita gente para trás, “esquecendo” de incluir gerações de pobres — e a inclusão social.

Há, por assim dizer, um Estado do bem-estar social em Goiás — evidente que não tão amplo quanto o europeu (que, por sinal, está em crise, ao menos em alguns países — como a França). A educação e a estrutura que a opera melhoraram nos últimos cinco anos e três meses. Aqueles que fazem críticas de longe, sem nunca terem visitado uma escola pública e conversado com alunos e pais, não sabem que há uma sensação de pertencimento deles em relação à escola pública. Por que, em nome da ideologia, rejeitar a opinião de pais e alunos? Não são vozes “autorizadas”?

Diz-se, comumente, que milhares de alunos das escolas particulares migraram para as escolas públicas, em todo o Estado. Isto não resulta necessariamente das crises econômicas do país (elas sempre existiram), que geram empobrecimento dos setores médios. Na verdade, a melhoria do ensino nas escolas do governo de Goiás está atraindo parte significativa das classes médias. O fenômeno ocorre em todo o sistema, não apenas nas chamadas “escolas militares” (frise-se que os professores são todos civis).

O sistema de saúde tem melhorado em larga escala, com atendimento de qualidade nas várias unidades do ou apoiadas pelo Estado. Não se trata apenas de estrutura, mas também da qualidade da assistência hospitalar. Em breve, Goiânia terá um hospital público — o Cora — para atendimento de pacientes com câncer.

Pode-se sugerir que o investimento em educação (inclusive com alunos recebendo uma pequena bolsa para permanecer na escola) — e até na saúde — é um programa de inclusão social. Assistência social, necessária, acolhe, garante a sobrevivência, mas não insere o indivíduo na sociedade. Por meio da educação, inserido de fato na sociedade, com a criação de oportunidades, o indivíduo finalmente se torna cidadão. Deixa de ser excluído. Mais alunos pobres estão chegando às universidades federais, as mais concorridas, exatamente porque o ensino público, fundamental e médio, melhorou de maneira exponencial. (Lula da Silva e Fernando Haddad dizem que, na questão da renegociação das dívidas do Estados, os governos estaduais, para serem beneficiados, terão de investir mais em educação. Em Goiás isto já está ocorrendo.)

O governo goiano tem outros programas (habitação, aluguel social etc.) cujo objetivo é, para além da assistência, a inclusão social. Noutras palavras, está se falando da preocupação com o desenvolvimento, e não apenas com o crescimento — este também vital.

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