A revista “Piauí”, de João Moreira Sales — um dos donos do banco Itaú —, publicou uma reportagem substanciosa e contundente sobre os supostos malfeitos de Ednaldo Rodrigues na presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Praticamente toda a imprensa reproduziu os trechos principais da publicação.
A “Piauí” mostrou que instâncias poderosas do país contribuíram para formar uma rede de proteção aos desmandos de Ednaldo Rodrigues — que era tido como “incaível”, parar criar um neologismo.
A rede de proteção a Ednaldo Rodrigues possivelmente se assustou com a revelação dos negócios pouco católicos envolvendo a CBF. Por isso, a tendência é que, depois do afastamento pelo desembargador Gabriel Zefiro, o chefão não volte ao comando da confederação — tornando-se, por fim, chefinho.
A “Piauí” decidiu enfrentar o coro dos contentes e o esquema de privilégios que beneficiou políticos de proa, como o senador Ciro Nogueira. Não que o presidente nacional do pP esteja envolvido nas falcatruas. Não está. Mas ganhou mordomias para assistir a Copa do Mundo do Catar, em 2022.
Samir Xaud é o bebê reborn de aliados?
A eleição para presidente da CBF está prevista para domingo, 25 de maio.
O presidente da Federação de Futebol de Roraima, Samir Xaud, se apresentou como candidato a presidente da CBF. Como tem o apoio de 19 das 27 federações e do interventor na confederação, Fernando Sarney, filho de Sir Ney, está virtualmente eleito. Se não houver uma reviravolta.
O presidente da Federação Paulista de Futebol, Reinaldo Carneiro Bastos, também é cotado para presidir a CBF. Para além de tradicional cartolagem de interesses, é mais representativo do que o adversário.
Como a entidade opera mais de 1 bilhão de reais, anualmente, o ideal é que o presidente fosse André Esteves, do BTG Pactual, com um vice que entenda de futebol, como Ronaldo Fenômeno.
Mas não será nada fácil desmontar o esquema do qual Ednaldo Rodrigues era um dos agentes, ou seja, não era o único beneficiários dos esquemas lucrativos. Tanto que tinha amplo apoio.
Os oito clubes de Roraima, dos quais 210 milhões de brasileiros não sabem o nome de nenhum, não estão na primeira divisão do Campeonato Brasileiro. Ainda assim, e começando errado, presidentes de 19 federações planejam bancá-lo. O que chega a ser estranho. Estranhíssimo.
Dada sua inexperiência, os presidentes das federações acreditam que poderão manipulá-lo? Não se sabe. Mas talvez estejam planejando recriar Ednaldo Rodrigues — com outro nome —, o presidente das mordomias e salários altos para os líderes regionais (mais de 200 mil reais).
Seria Samir Xaud uma espécie de bebê reborn de Ednaldo Rodrigues? Talvez não. Afinal, Fernando Sarney, que o apoia, está rompido com o presidente afastado.
Um dos ministros mais qualificados do Supremo Tribunal de Justiça — sobretudo, um legalista que não receia enfrentar o populismo justiceiro —, Gilmar Mendes, quando chegar o momento de avaliar o caso, certamente não devolverá o poder a Ednaldo Rodrigues, que, como mais de 70 anos e rico, poderá curtir a vida adoidado, como “aposentado” da CBF, no Brasil e no exterior.
Não fosse a reportagem da “Piauí” — redes de televisão e jornais moitavam sobre o assunto —, Ednaldo Rodrigues teria caído? Possivelmente, não.
O italiano Carlo Ancelotti está chegando para assumir o “encargo” de treinar a seleção brasileira. É uma escolha excelente. Oxalá o deixem trabalhar em paz. Afinal, ele tem de preparar uma equipe para participar da Copa do Mundo de 2026.
Ancelotti terá pouco tempo para montar um time competitivo. Mas é um craque. Torçamos a favor.
[Leia mais sobre a reportagem da “Piauí” (https://tinyurl.com/t4t4kuxv) no Jornal Opção.]
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