FARGO 2025 celebra a arte que transforma o Centro-Oeste

A arte ocupou de forma vibrante e plural o Centro Cultural Oscar Niemeyer entre os dias 14 e 18 de maio com a realização da FARGO – Feira de Arte Goiás, que chegou à sua 7ª edição como a maior e mais importante feira de artes visuais do Centro-Oeste.

Com presença de mais de 40 expositores de todo o Brasil, entrada gratuita, programação extensa e homenagens marcantes, o evento se consolidou não apenas como espaço de comercialização de obras, mas como um verdadeiro ecossistema de trocas culturais, formação de público e valorização da produção artística goiana.

Ao longo dos cinco dias de evento, um público diverso e crescente pôde circular entre pinturas, esculturas, fotografias, instalações e publicações independentes. Com obras à venda a partir de R$ 500, e algumas ultrapassando R$ 500 mil, a feira tem atraído tanto novos colecionadores quanto investidores veteranos reflexo de um mercado aquecido, mais acessível e em franca expansão.

A FARGO é gerida por uma diretoria experiente, formada pelos fundadores da Arte Plena Produção em Cultura, empresa com 17 anos de atuação. Wanessa Cruz atua como produtora executiva e consultora em arte; Sandro Tôrres é mestre em história da arte, com trajetória como artista e curador; e Anna Carolina Cruz, arquiteta urbanista, é especialista em expografia e direção de arte. O trio é apoiado por uma equipe multifuncional e comprometida com resultados de excelência.

Wanessa Cruz, produtora executiva, relacionamentos e consultoria em arte; Sandro Tôrres, mestre em história da arte, artista e curadorias; Anna Carolina Cruz, arquiteta urbanista, especialista em expografia e direção de arte | Foto: FARGO

“Hoje, vemos a FARGO ocupar um lugar de relevância nacional. A feira é um projeto de continuidade, e sua credibilidade foi construída com muito trabalho, escuta e qualidade a cada nova edição. A presença de pessoas de vários estados é a prova de que Goiás tem um papel estratégico no mapa das artes visuais do Brasil”, afirmou Sandro Tôrres, diretor da feira e coordenador de projetos da Arte Plena Produção em Cultura, durante a abertura oficial.

De Goiás para o Brasil: rompendo bolhas e construindo pontes

Criada em 2017, a FARGO nasceu com a missão de fomentar o mercado de arte goiano e criar pontes com outras regiões do país. A cada edição, a feira cresce em estrutura, alcance e reconhecimento. Em 2025, bateu recordes de visitação e superou expectativas de vendas.

“Há uma demanda reprimida por arte em Goiás. Isso ficou muito evidente nesta edição. Estamos recebendo não só visitantes de Goiânia, mas de várias cidades do interior, de Brasília, do Rio, de São Paulo. A cena está viva, e a FARGO está fazendo esse elo acontecer”, comemorou Tôrres.

Mais do que números, o evento se destaca pela qualidade da curadoria e pela diversidade dos expositores, que incluem importantes galerias como Galeria Marilia Razuk (SP), Galeria Tato (SP), OCUPÁ (RJ) e A Pilastra (DF), além de coletivos e ateliês locais que ajudam a renovar o fôlego criativo da cidade. A produção goiana, inclusive, teve protagonismo absoluto, com espaços como a Casa Arte Plena, Cerrado Galeria, Müquifü Cultural, RENKA e Legado Arte e Mobiliário ganhando destaque.

Homenagens à memória e à força criativa

A cada ano, a FARGO homenageia nomes cuja trajetória ajudou a moldar a história da arte em Goiás. Em 2025, o evento celebrou dois ícones: o centenário de Antonio Poteiro, um dos artistas mais representativos da cultura goiana, e a obra de Sáida Cunha, referência para gerações de artistas e curadores.

“Essa é uma feira de negócios, sim. Mas também é uma feira de afetos, de memória e de reconhecimento. Poteiro representa com intensidade a estética popular, a cor, o barro, a religiosidade e o cotidiano goiano. Sua obra é um símbolo. E Sáida Cunha é uma inspiração viva, cuja história se confunde com a própria história da arte no estado. Ter os nomes deles associados à FARGO é um orgulho e um gesto de gratidão”, destacou Sandro Tôrres.

RENKA: do coletivo goiano à cena nacional

Entre os expositores locais que chamaram a atenção do público e da crítica está o coletivo RENKA, formado por artistas como Renato Reno, Douglas de Castro, Heber de Calaça, Dani Luiz, Matheus Dutra e André Warbeck. Unidos por uma produção experimental, urbana e múltipla, os integrantes ocuparam seu espaço na feira com obras originais, impressões, camisetas, cartazes e adesivos.

Renato Reno, artista visual RENKA | Foto: Gustavo Soares/Jornal Opção

“Essa é nossa segunda participação na FARGO e estamos muito felizes. A feira nos tira da nossa bolha e nos conecta com novos públicos. Neste ano, recebemos muita gente de fora, inclusive de outros estados, e vendemos quase tudo. É uma feira que movimenta de verdade. E mais que isso: ela nos coloca em diálogo com o Brasil”, contou Renato Reno.

O artista também destacou a força do ateliê coletivo e da produção colaborativa. “A RENKA é um espaço orgânico, onde cada um tem sua linguagem, mas todos compartilham a vontade de criar juntos. Trabalhamos com pintura, desenho, impressão, arte urbana. Nosso ateliê é nossa casa, nosso processo é nossa terapia. E a FARGO nos dá visibilidade e valida esse processo como arte legítima.”

Novos talentos premiados

Entre os momentos mais celebrados da FARGO 2025, esteve a premiação de jovens artistas que se destacaram pela originalidade e potência criativa. Yan Paluki, da galeria Legado Arte e Mobiliário, e Enthony Sousa, da galeria-escola A Pilastra, foram os grandes premiados desta edição.

Para Yan, o reconhecimento veio como um marco em sua trajetória. “Me sinto profundamente grato e realizado. A FARGO me deu espaço, visibilidade e uma plataforma para mostrar meu trabalho. A feira é impecável, e estou muito feliz com tudo o que aconteceu nesses dias. Agradeço a todos que acreditaram no meu caminho até aqui”, afirmou emocionado.

Premiação FARGO 2025 | Foto: Mayara Varalho / FARGO

Sobre seu processo criativo, ele explicou: “Minha arte é construída a partir de memórias, lembranças e traumas. Tento traduzir em imagens esses conflitos internos que todos carregamos, e trazer isso para um contexto atual. Acho que meu trabalho fala sobre dor e beleza ao mesmo tempo. E a pintura é minha forma de lidar com isso.”

Enthony Sousa, por sua vez, levou o prêmio como representante da A Pilastra, iniciativa que une produção artística e formação educacional no Distrito Federal. O artista foi reconhecido por sua obra crítica, sensível e tecnicamente apurada. Sua vitória reforça o compromisso da feira em ampliar o olhar para novas linguagens e processos que dialogam com questões sociais e educativas.

Com a premiação, tanto Enthony quanto Yan passam a integrar um seleto grupo de artistas em ascensão que a FARGO tem revelado ao longo dos anos — o que reafirma seu papel de plataforma de lançamento e renovação para o cenário das artes visuais brasileiras.

A feira também manteve seu compromisso com o setor editorial independente, com estandes voltados para livros de arte, catálogos, fanzines e publicações autorais. “A FARGO é um elo entre autores, leitores, artistas e pesquisadores. Ela valoriza o pensamento crítico e a circulação de conhecimento, algo que ainda é raro em muitos eventos de arte no Brasil”, ressaltou Sandro Tôrres.

Para os artistas, a importância da FARGO vai além da comercialização de obras. Ela representa um espaço de pertencimento, de afirmação e de conexão com a cena artística nacional. “É essencial que a FARGO continue crescendo e que a gente cresça com ela”, afirmou Renato Reno. A fala ecoa o sentimento de muitos dos participantes, que veem na feira um símbolo de resistência e desenvolvimento para o setor.

Confira a cobertura em vídeo da FARGO 2025

Encerramento com saldo positivo e expectativas futuras

A 7ª edição da Feira de Arte Goiás se encerrou com sensação de dever cumprido. Visitantes de todas as idades circularam pelos corredores, compraram obras, conversaram com artistas, participaram das atividades e deixaram o evento com a certeza de que a arte em Goiás vive um novo momento.

“É só o começo”, diz Sandro Tôrres. “Temos muito a crescer. A FARGO não é apenas uma vitrine de arte: ela é uma construção coletiva, que envolve artistas, curadores, galeristas, editores, colecionadores e público. É um território onde o presente e o futuro da arte se encontram. E estamos só no início dessa jornada.”

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