Nesta segunda-feira, 9, Goiás oficializa o funcionamento do Complexo Oncológico de Referência do Estado de Goiás (CORA), a primeira unidade hospitalar pública do estado dedicada exclusivamente ao tratamento do câncer. Projetado para ser um centro de excelência no Centro-Oeste, o CORA segue os moldes do Hospital do Amor, em Barretos (SP), adotando padrões internacionais de cuidado oncológico, especialmente voltados ao atendimento infantojuvenil em sua primeira fase.
Além de oferecer estrutura física e assistencial, o CORA já nasce equipado com o que há de mais avançado em tecnologia para diagnóstico, reabilitação e formação profissional. Com um investimento mensal de R$ 22,3 milhões, o equivalente a 60% do custo operacional do Hugol, o hospital funcionará ininterruptamente, 24 horas por dia, sete dias por semana, com atendimento ambulatorial entre 7h e 19h, de segunda a sexta-feira.
Nesta primeira etapa, voltada ao público infantojuvenil, o complexo passa a oferecer 48 leitos de internação e 12 de observação, totalizando 60 unidades. A capacidade de atendimento inclui 700 consultas médicas e 1.400 multiprofissionais, além de 59 internações mensais. Com a estrutura atual, o hospital realizará cerca de 26 cirurgias eletivas por mês, o que representa 312 procedimentos anuais apenas para pacientes com até 17 anos, 11 meses e 29 dias.
A expectativa é que, a partir da segunda fase — que incluirá o público adulto —, o CORA realize 110 cirurgias mensais no primeiro semestre e, após o 13º mês de operação, atinja a marca de 276 procedimentos mensais, somando 3.312 cirurgias por ano.
O hospital já começa suas atividades com uma equipe multidisciplinar composta por assistentes sociais, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, psicólogos, enfermeiros, fonoaudiólogos, nutricionistas, farmacêuticos e dentistas. As especialidades médicas oferecidas incluem oncologia pediátrica, ortopedia pediátrica, cirurgia pediátrica e neuro-oncologia pediátrica, além de previsão para cardiologia, ginecologia, infectologia e outras áreas fundamentais para o tratamento integral do câncer.
Confira os equipamentos adquiridos pelo CORA:

A infraestrutura de reabilitação e suporte terapêutico possui equipamentos modernos, muitos dos quais inéditos na rede pública de saúde goiana, e que já estão em operação. Um dos exemplos é o Lokomat, exoesqueleto robótico para reabilitação da marcha, que utiliza sensores de alta precisão e controle automatizado dos movimentos para promover ganhos funcionais em pacientes com comprometimentos neurológicos.
Com ele, é possível ajustar dinamicamente o suporte de peso e monitorar, em tempo real, o desempenho das articulações. Produzida na Suíça, essa tecnologia custa cerca de R$ 1,5 milhão e torna a reabilitação mais interativa e eficiente.
Para estimular ainda mais o engajamento dos pacientes, especialmente os mais jovens, o CORA também adquiriu a C-Mill, esteira sensorizada que combina realidade aumentada, gamificação e simulação de obstáculos para treinamento de equilíbrio e locomoção. O equipamento projeta desafios interativos no caminho da esteira, simulando obstáculos do mundo real. Isso torna a terapia mais interessante para crianças, que podem brincar e se reabilitar ao mesmo tempo. Além de lúdico, o sistema fornece feedback instantâneo e permite adaptar os exercícios conforme o progresso de cada paciente.
Outra inovação é o Andago, um sistema robótico que permite treinos de marcha fora da esteira, com mobilidade autônoma e suporte dinâmico de peso. Com sensores de movimento e prevenção ativa de quedas, o equipamento garante segurança e flexibilidade, facilitando a transição para a locomoção independente, um formato especialmente útil em reabilitação neurológica e pediátrica.
No campo da reabilitação dos membros superiores, os robôs Armeo Power e Armeo Spring também se destacam. O Armeo Power usa motores para ajudar pacientes com grandes limitações de movimento, enquanto o Armeo Spring oferece suporte com molas para quem precisa de menor assistência. Eles permitem que pacientes com diferentes níveis de limitação realizem exercícios, acompanhando em tempo real dados sobre força, coordenação e amplitude dos movimentos. As sessões, sempre personalizadas, são gamificadas, promovendo um tratamento motivador e centrado no paciente.
No campo do diagnóstico e da formação médica, o CORA investiu em um microscópio de última geração avaliado em mais de R$ 355 mil. O diferencial é a possibilidade de até dez profissionais analisarem, ao mesmo tempo, uma mesma lâmina. Isso facilita diagnósticos colaborativos, discussões clínicas entre especialistas e o treinamento de residentes. É uma ferramenta que auxilia o hospital, que também funcionará como centro de ensino e pesquisa em oncologia pediátrica.
Para manter as equipes constantemente capacitadas, o CORA adquiriu simuladores de treinamento clínico da marca Laerdal, no valor de R$ 575 mil. Eles reproduzem situações de emergência como parada cardíaca, intubação e atendimento a pacientes oncológicos. Com isso, médicos, enfermeiros e fisioterapeutas podem treinar frequentemente sem colocar vidas em risco, garantindo uma assistência mais qualificada e segura nos atendimentos reais.
A tecnologia também se faz presente no sistema BTS Nirvana 3.0, que oferece reabilitação imersiva em realidade virtual para crianças. Com foco no desenvolvimento de equilíbrio, atenção e coordenação motora, o sistema transforma os exercícios em experiências lúdicas e adaptáveis às necessidades de cada paciente.
Já no setor laboratorial, o CORA contará com o LWA – BD (Lyse Wash Assistant), equipamento de R$ 326 mil utilizado na preparação automatizada de amostras para citometria de fluxo — técnica que auxilia na detecção de leucemias, linfomas e na detecção de células tumorais residuais. O sistema reduz erros humanos, eleva a precisão analítica e garante maior confiabilidade nos resultados.
Com foco também nos pacientes mais debilitados, o hospital incorporou dois cicloergômetros de leito, que possibilitam a realização de exercícios tanto passivos (quando a máquina move as pernas) quanto ativos (quando o paciente participa do movimento). Eles são fundamentais na recuperação de pacientes acamados ou em terapia intensiva, favorecendo a mobilidade e prevenindo atrofias.
Complementando a estrutura física fixa, o CORA contará com uma unidade móvel para prevenção de câncer de mama e de pele. Este veículo itinerante será capaz de realizar mensalmente até 440 consultas médicas, 440 atendimentos multiprofissionais e 1.100 mamografias em todo o estado de Goiás, ampliando o alcance das ações de rastreamento precoce.
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O post Hospital CORA traz robôs, realidade virtual e exoesqueletos para a rede pública de Goiás; confira os equipamentos apareceu primeiro em Jornal Opção.