O livro ‘Torto Arado’, escrito por Itamar Vieira Junior, está entre os finalistas do Prêmio Booker Internacional. Este prêmio reconhece os melhores livros publicados em inglês no Reino Unido e anunciou os seis finalistas nesta terça-feira, 9. Traduzido para o inglês com o título ‘Crooked Plow’, a obra já foi traduzida para mais de 20 países.
A história acompanha a jornada de duas irmãs, Bibiana e Belonísia, gêmeas nascidas em uma fazenda no sertão da Chapada Diamantina e marcadas por um trauma de infância. O prêmio descreve o livro como ‘Uma história fascinante e emocionante sobre a vida dos agricultores de subsistência na região mais pobre do Brasil’.
O resultado será divulgado em 21 de maio, e o vencedor receberá aproximadamente R$ 300 mil, divididos entre o autor e o tradutor, Johnny Lorenz.Além de ‘Torto Arado’, a lista de finalistas inclui ‘Não É Um Rio’, da argentina Selva Almada, ‘Mater 2-0’, do coreano Hwang Sok-yong, ‘What I’d Rather Not Think About’, da holandesa Jente Posthuma, ‘The Details’, da sueca Ia Genberg, e ‘Kairos’, da alemã Jenny Erpenbeck.
Itamar recebeu o prêmio ‘Montluc Résistance et Liberté’ pela edição francesa de ‘Torto Arado’ no dia 4 de abril, sendo este o quarto reconhecimento desde a publicação da obra em português, em 2019.” A obra também venceu Prêmio Jabuti e o Prêmio Oceanos em 2020.
Mais sobre a obra
O baiano Itamar Vieira Junior tinha 16 anos quando começou a escrever Torto Arado. O título foi retirado do poema Marília de Dirceu, de Tomás António Gonzaga. Profundamente influenciado pelas leituras de Graciliano Ramos, Jorge Amado e Rachel de Queiroz, ele escreveu as primeiras 80 páginas da obra, mas o manuscrito se perdeu durante uma mudança da família. Vieira Junior só retomaria a história vinte anos depois, quando, formado geógrafo e funcionário público do Incra, conheceu as realidades de indígenas, quilombolas, ribeirinhos e assentados no sertão baiano e maranhense.
Descendente de negros escravizados vindos de Serra Leoa e da Nigéria e de indígenas Tupinambás, Vieira Junior construiu um sertão real, que tem vida e verde, graças, em parte, às histórias dos avós paternos, que viveram no campo, na região de Coqueiros do Paraguaçu, no Recôncavo Baiano. O torto arado que dá nome ao livro é um objeto que, usado pelos antepassados das protagonistas na lida com a terra, atravessa o tempo para representar essa herança escravocrata de tantas desigualdades. O livro é narrado primeiramente por Bibiana, depois por Belonísia e, na terceira parte, por outra personagem.
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