Saldo do pós-filiações complicam algumas pré-candidaturas a prefeito de Goiânia

O encerramento do prazo para filiações partidárias e alterações de domicílio eleitoral no sábado, 6, representou mais do que apenas uma data limite no calendário político; delineou o cenário e as estratégias para as próximas eleições municipais e estaduais. Nesse cenário, a movimentação de última hora confirmou rumores, os quais o Jornal Opção havia antecipado com exclusividade, mas também o desespero de algumas lideranças e partidos em consolidar suas bases e fortalecer suas posições para o pleito vindouro.

Um dos episódios que mais chamou a atenção foi a filiação da ex-primeira-dama de Aparecida de Goiânia, Mayara Mendanha, ao Partido Liberal (PL). Esse movimento foi interpretado como uma manobra estratégica, dado sua influência como evangélica e seu vínculo com o ex-prefeito Gustavo Mendanha (MDB). Conversas de bastidores são que ela pode ser a candidata dos sonhos do empresário Sandro Mabel para vice-prefeita. O pré-candidato sinalizou que busca uma mulher evangélica.

Em relação a grupos, ou seja, a base de apoio para qualquer candidatura majoritária, após o balanço de filiações, quem saiu enfraquecido foi o pré-candidato Vanderlan Cardoso (PSD). Da semana passada para esta, o partido dele perdeu os únicos dois vereadores, Lucas Kitão, que chegou a ensaiar uma pré-candidatura a prefeito, e Lucíula Cascão. O primeiro ingressou nas fileiras do União Brasil e a segunda no MDB. Para piorar, o PSD não conseguiu atrair nem novos parlamentares e nem novos quadros de expressão para concorrer às vagas na Câmara Municipal de Goiânia. Assim, se Vanderlan efetivar a candidatura a prefeito, será, como se diz, candidato sem grupo.

Ele não terá o decano do partido, Vilmar Rocha, nem apoio do Palácio das Esmeraldas, nem apoio do governo federal e nem apoio da principal liderança da direita, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL); e, pelo visto, nem dos segmentos religiosos. Talvez o único fiel escudeiro seja o deputado federal Ismael Alexandrino.

No caso da pré-candidata deputada Adriana Accorsi (PT), apesar da legenda dela não ter atraído outros parlamentares durante a janela eleitoral – cabe o adendo de ter barrado o vereador Igor Franco no PV, que integra a federação PT/PV e PCdoB. O PT terá mais um vereador, trata-se de Fabrício Rosa, que tomará posse na Casa na próxima terça-feira,16, por cassação de chapas por fraudes em cota de gênero. Embora ele tenha sido candidato pelo PSOL em 2020. Além disso, a petista pode contar com a estrutura do governo federal, da própria legenda, pois o PT é um partido bastante orgânico, de setores da esquerda, do deputado federal Rubens Otoni; dos deputados estaduais Bia de Lima, Mauro Rubens e Antônio Gomide. Embora este último seja pré-candidato a prefeito de Anápolis. Apesar da distância, ambos podem tentar uma dobradinha. Em 2020, Adriana terminou as eleições em terceiro lugar com 80.715 votos, isto é, 13,39%.

Já o deputado federal Gustavo Gayer, que demonstra desânimo em voltar a disputar a Prefeitura de Goiânia – ele concorreu às eleições municipais passadas, quando terminou em quarta posição com 45.928 votos (7,62%), mas nas eleições gerais, foi o segundo deputado federal mais votado, com quase 200 mil votos. Na semana passada, Bolsonaro esteve na Capital e reforçou que o pré-candidato dele na cidade trata-se de Gayer. Porém, com a articulação de Mayara Mendanha no partido, isso tende a azedar. Pela surpresa tanto do deputado federal quanto do ex-deputado federal Major Vitor Hugo sobre a filiação da esposa do Gustavo Mendanha ao PL, essa articulação pode ter acontecido em instâncias superiores.  

Do outro lado, mesmo com a máquina pública nas mãos, quase no apagar das luzes de filiações, depois de ser preterido pelo Republicanos, o prefeito Rogério Cruz conseguiu embarcar no Solidariedade, do seu secretário de Infraestrutura (Seinfra) Denes Pereira. Sua ida de última hora para outra sigla foi quase um ‘meme’ de candidatos do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) que chegam para fazer as provas no baixar das portas.

Agora, o clima político-partidário, com raras exceções, deve ficar mais tranquilo até o final do período das convenções. Neste período, novamente ocorrerão novas surpresas. Sem os ícones da política goianiense, como eram Iris Rezende e Maguito Vilela, se vivos fossem, eram personalidades que aglutinavam muitas forças em torno de candidaturas. Como deixaram vácuos, aqueles que tentam se projetar para ocupar seus espaços precisarão de muita habilidade, pois o resultado pós-filiações sinalizou quais são os grupos no cenário eleitoral e seus “generais”. 

Aparecida de Goiânia

Em Aparecida de Goiânia, depois de desencontros do prefeito Vilmar Mariano, que esteve com os pés no PSD, PRD, Podemos e outros partidos, ele decidiu se filiar ao partido do governador Ronaldo Caiado, o União Brasil, nos últimos dias de prazo.

A articulação no município era lançar o nome do ex-deputado federal Leandro Vilela (MDB), caso em um determinado tempo o prefeito não melhorasse a diferença de intenções de votos contra o pré-candidato deputado federal Professor Alcides (PL). Do contrário, ele teria que recuar e apoiar a candidatura de Leandro Vilela. O prefeito bateu o pé e não aceitou, por isso, iria tentar, com todo o grupo de apoio, mesmo sem contar com apoio do governo estadual e de Gustavo Mendanha, levar o projeto de reeleição para outro partido.

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