Plano de Mobilidade Urbana vai resolver os problemas no trânsito de Goiânia?

A Prefeitura de Goiânia publicou, na última sexta-feira, 12, um decreto que institui o Plano de Mobilidade Urbana (PlanmobGyn), o Conselho de Mobilidade Urbana de Goiânia (ComuGyn) e o Observatório da Mobilidade Urbana de Goiânia (OmuGyn). O documento traz as diretrizes que devem ser adotadas pelo Paço Municipal até 2033 para a melhoria dos deslocamentos das pessoas e cargas, cujo o foco principal é a redução do uso do transporte individual motorizado.

Evelyn Soares, Arquiteta e Urbanista, Mestre pela UFG e professora da PUC, avalia quais medidas devem ser tomadas para que o projeto alcance sua efetividade na prática. “Várias cidades ao redor do mundo trabalham não só o incentivo a outros modos de deslocamento ativos e sustentáveis, mas também com essa restrição ao uso do automóvel. Para que isso funcione, é preciso ter infraestrutura adequada para o desenvolvimento de um deslocamento ativo, que não utilize o veículo motorizado individual como a base principal”, explica. A capital é responsável por deter 28,6% dos mais de 4,6 milhões de veículos do estado, segundo o Departamento Estadual de Trânsito (Detran). 

“Em Goiânia, temos vários problemas. Um deles é o investimento em obras de transporte coletivo, que não são encerradas, não se findam e acabam ficando paradas por muito tempo. Por mais que a Prefeitura incentive o deslocamento individual, a pé ou por bicicleta, é preciso também ter infraestrutura e segurança”, pontua Evelyn. Ela explica que essa infraestrutura deve ir além da mobilidade e requer outros tipos de investimentos em infraestrutura urbana.

O projeto tem entre os principais objetivos aumentar o número de usuários do transporte coletivo, com previsão de retornar com o CityBus a partir de 2025. “É preciso falar em segurança pública, segurança no trânsito, mobilidade multimodal, onde se possa fazer os deslocamentos por diferentes meios de transportes. Temos vários lugares no mundo onde você consegue carregar sua bicicleta num transporte coletivo. Aqui, por exemplo, não temos essa infraestrutura”.

Para ela, não tem como restringir o uso do automóvel se a administração não der possibilidades para que o deslocamento aconteça de outra forma. É preciso trabalhar a interação entre diferentes setores do planejamento urbano, que incluem sinalização de trânsito, deslocamento seguro e segurança pública para que o pedestre e o ciclista se sintam confortáveis nesse deslocamento.

Aplicativo de transporte público

No ano passado, a Prefeitura de São Paulo lançou uma plataforma de transporte individual de passageiros para a cidade, administrada pela gestão pública. O MobizapSP é um aplicativo (app) de mobilidade urbana que busca melhorar as condições de acessibilidade e mobilidade urbana dos munícipes, com foco em facilidade, eficiência, segurança e preço justo, além de entregar uma maior remuneração aos motoristas parceiros. Nos primeiro ano de operação, o MobizapSP realizou 130 mil corridas, com uma base de 284 mil passageiros e 70 mil motoristas cadastrados.

Carona solidária

A ideia da carona solidária é usar diferentes ferramentas para organizar o ato de dar carona. A prática, que já era comum em comunidades que faziam trajetos semelhantes diariamente, como moradores de condomínios que deixavam os filhos na mesma escola, ganhou uma nova dimensão com a chegada das redes sociais. Entre os aplicativos mais usados de carona solidária, estão 99Carona, BlaBlaCar, Uber Juntos, Waze Carpool e sites ou grupos de redes sociais, como Caroneiros, Eco-Carruagens e Caronetas.

Quando os apps de carona surgiram, muitos ofereciam opções de pagamentos e de negociação do preço pela carona. O problema é que a maioria dos aplicativos não é cadastrada nos órgãos competentes para o transporte de passageiros e não recolhe impostos como tal, o que caracteriza a prática de transporte ilegal de pessoas. A prática, no entanto, é muito comum em Goiânia, especialmente entre os universitários. É necessário olhar para novas possibilidades e formas de transporte, além de buscar referências que deram certo em outros estados e países.

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