Honoráveis Forasteiros II: Cultura popular brasileira em barro e tinta, a vida e a obra de Antônio Poteiro

Esta é a segunda reportagem de uma série especial intitulada “Honoráveis Forasteiros” sobre personalidades estrangeiras que fizeram história e contribuíram com Goiás.

Antônio Batista de Souza nasceu em 1925, na província do Minho, em Portugal. Antes de completar dois anos de idade, migrou para o Brasil com a família, especificamente para a cidade de São Paulo. Logo aos oito anos, perdeu a mãe, e aos 16 saiu da casa do pai. Antes de se dedicar à arte, atuou como cisterneiro, padeiro, cozinheiro e faxineiro. Hoje, mais de dez anos após sua morte, Poteiro é considerado um dos artistas mais relevantes de seu segmento em todo o país, além de ser um dos maiores representantes do movimento naïf brasileiro.

Após sair da casa do pai, aos 16 anos, residiu por um tempo em Uberlândia (MG) e na Ilha Bananal (atual TO), só então veio a se estabelecer em Goiânia. Durante esse período, começou a trabalhar com manufatura de potes de barro. Nesse contexto da produção utilitária de cerâmica, Porteiro conseguiu as habilidades que viria a utilizar em suas esculturas e cerâmicas.

“Meu pai era poteiro, fazia potes. Mas eu nunca quis ser poteiro, então eu saí para o mundo aos 16 anos e fui cozinheiro, padeiro, fui tudo quanto é profissão. Mas a única profissão que dava mais dinheiro era fazer pote, e com isso fui aprendendo na marra a fazer pote para poder sobreviver”, resumiu o início da carreira no documentário sobre sua vida, ‘O mundo da Arte’, feito pela Sesc TV, em 2001.

Foi no contato com a pesquisadora Regina Lacerda, a partir de 1957, que Antônio começou a assinar suas obras com a alcunha ‘Poteiro’. A partir desse ponto, suas esculturas começam a rodar em museus por todo o país. Algum tempo depois, veio o contato com os artistas Siron Franco e Cleber Gouvêa, que estimularam Poteiro a se dedicar à pintura. Entre 1967 até 2004, com peças de escultura, pintura e cerâmicas, foram pelo menos 110 exposições tanto no Brasil quanto no exterior.

“O artista é sonhador, você sonha tantas coisas, leva a vida tão acima dos outros, aí falam “fulano é doido”, não é doido! É a fantasia que você tem”, Poteiro fala na abertura do documentário da Sesc TV.

Suas telas, com cores vibrantes, cenas em duas dimensões e sem uso de perspectiva, acabaram lhe rendendo o título de expoente da arte naïf e primitivista no Brasil. Suas pinturas em telas e cerâmicas retratam o folclore regional, cenas bíblicas, a fauna do pantanal mato-grossense, entre outros ícones da cultura popular brasileira.

Em 1985, Poteiro recebeu premiação na categoria escultura da Associação Paulista dos Críticos de Arte. Em 1997, o artista foi homenageado com a Comenda da Ordem do Mérito Cultural, do Ministério da Cultura. Do governo português, recebeu a comenda Oficialato da Ordem do Mérito, em 1987. Em Goiás, no ano de 1999, foi homenageado com a medalha Gustavo Ritter. Homenagens e premiações no mundo das artes plásticas reconhecem o valor da obra de Antônio Porteiro, tanto dentro do Brasil, quanto no exterior.

“Eu sou o analfabeto que tem mais diploma. Eu tenho uns 20 diplomas por aí, prêmios, coisa e tal. Eu nunca fui à universidade, e hoje eu vou discutir em universidades”, comenta durante o documentário.

Durante entrevista para outro documentário em sua homenagem, o Documentário MIS da Secretaria de Estado de Cultura de Goiás, o artista compartilha: “A vida da gente é um caminho. Quando é aquele caminho, não adianta desviar, porque você volta para o mesmo caminho”

Antônio Poteiro faleceu em 8 de junho de 2010, aos 84 anos, e deixou centenas de obras espalhadas pelo mundo e um legado eterno para a arte popular brasileira.

Clique aqui (https://www.youtube.com/watch?app=desktop&v=VSRrptsKG7w) e veja na íntegra o documentário MIS da Secult-GO sobre a vida de Poteiro.

Clique aqui (https://www.youtube.com/watch?v=5MrNUOmzPuc) e veja na íntegra o documentário da TV Câmara sobre a vida e obra do artista.

*Texto Guilherme de Andrade

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