Dona Sarah Kubitschek e a devoção a Nossa Senhora de Fátima

*Carlos César Higa

Em 1966, Juscelino Kubitschek já tinha perdido seus direitos políticos e estava morando em Lisboa, Portugal. Ele e sua esposa, Dona Sarah, viviam os tempos amargos do exílio, longe da pátria amada e sendo alvo de inúmeros Inquéritos Policiais Militares. Naquele ano, o ex-governador da Guanabara, Carlos Lacerda, já afastado dos antigos aliados militares, se encontrou com o ex-presidente na capital portuguesa. Os dois estavam articulando a Frente Ampla, uma aliança feita pelas lideranças civis marginalizadas pelo golpe de 1964. Dona Sarah, ao saber que seu marido iria se encontrar com o maior opositor do seu governo, pegou uma pequena imagem de Nossa Senhora de Fátima, colocou embaixo de uma poltrona e disse: “Você faz o Lacerda sentar aqui, nesta poltrona”.

A devoção de Dona Sarah a Nossa Senhora de Fátima não começou nos tempos amargos do exílio, em 1966. Já vinha de muito tempo. Quando Juscelino Kubitschek era presidente da República e Brasília estava em construção, Dona Sarah pediu para que fosse construída uma igreja em homenagem à Virgem de Fátima. Era um agradecimento pela graça alcançada para a filha Márcia que, na época estava fazendo um tratamento de saúde. O arquiteto Oscar Niemeyer fez o projeto e a igreja rapidamente foi construída na Asa Sul. Por conta do seu tamanho, o lugar ficou conhecido por “igrejinha” e se tornou ponto de referência para quem transitava pela região e lugar de oração para os candangos e as autoridades que trabalhavam na futura capital do Brasil.

Desde o dia 13 de maio de 1917 que os fiéis católicos confiam na intercessão de Nossa Senhora que apareceu aos três pastorezinhos (Lúcia, Francisco e Jacinta), na Cova da Iria, em Fátima, Portugal. A Virgem Santíssima pediu que a humanidade se convertesse e rezasse o Rosário. Ela também apresentou três segredos. O primeiro foi a visão do inferno; o segundo, o Imaculado Coração de Maria e a conversão da Rússia; e o terceiro foi o atentado sofrido pelo Papa João Paulo II em 1981. O Sumo Pontífice, quando visitou Fátima, pediu para que a bala que o atingiu fosse colocada na coroa da imagem de Nossa Senhora de Fátima.

Em 1947, uma imagem da Virgem de Fátima peregrinou pelo mundo inteiro e, em 1952, esteve no Brasil visitando inúmeras cidades. Entre os anos de 1956 e 1957, a imagem peregrina de Fátima esteve em Goiânia e, hoje, essa mesma imagem encontra-se na Paróquia Nossa Senhora de Fátima, no Setor Aeroporto. Neste 13 de maio de 2024, renovamos a nossa devoção à Maria Santíssima que apareceu para os três pastorzinhos em Fátima, tal qual a devoção de Dona Sarah Kubitschek.

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