A despedida do maestro Seiji Ozawa

O mundo da música lamenta a perda do renomado maestro Seiji Ozawa, falecido na terça-feira aos 88 anos em Tóquio, conforme anunciado pela Veroza Japan, sua agência. Ozawa, ex-diretor da Sinfônica de Boston e da Ópera Estatal de Viena, laureado com prémios Grammy e Emmy, deixa um legado musical que se estende por mais de seis décadas.

A notícia do falecimento surgiu após uma despedida discreta no funeral, reservada apenas a familiares próximos, conforme desejado pelo maestro para garantir um momento sereno. Ozawa dedicou 29 anos de sua carreira à Sinfónica de Boston, superando o recorde de regência estabelecido por Serge Koussevitzky, e durante seu mandato, a orquestra se tornou uma referência tanto nacional quanto internacionalmente. Além de suas notáveis realizações como maestro, Ozawa deixou um impacto duradouro no ensino e na promoção da música, estabelecendo academias no Japão e na Suíça.

Seiji Ozawa e Hideo Saito

Nascido em Shenyang, China, em 1935, sob administração japonesa, ele iniciou sua jornada musical estudando piano na infância e, aos 16 anos, ingressou na Toho School of Music, onde estudou direção de orquestra com o renomado Hideo Saito.

Vencedor do Concurso Internacional de Direção de Orquestra de Besançon em 1959, Ozawa conquistou o cenário internacional ao ser convidado por Charles Munch, então maestro titular da Sinfônica de Boston para trabalhar com ele. Sua carreira nos Estados Unidos decolou em 1960, após conquistar o Prémio Koussevitzky de melhor regente.

Ao longo dos anos, colaborou com figuras proeminentes como Leonard Bernstein e Herbert von Karajan, tornando-se maestro assistente da Filarmônica de Nova Iorque, diretor do Festival Ravinia e diretor musical de diversas sinfônicas, antes de estabelecer residência em Boston em 1973.

Sob a regência de Ozawa, a Sinfônica de Boston atingiu o patamar de maior orçamento do mundo, com doações significativas e uma transformação notável ao longo dos anos. Sua influência se estendeu a outras grandes orquestras, incluindo a Filarmónica de Berlim, Sinfônica de Londres e a Filarmônica de Nova Iorque.

Além de suas realizações como maestro, Ozawa construiu um histórico discográfico com mais de 500 títulos, muitos deles premiados. Seu talento foi reconhecido com vários premios, incluindo um Grammy de Melhor Gravação de Ópera em 2016.

Ozawa Seiji e Herbert von Karajan em 1982 Foto: Fujifotos/Aflo

O maestro Ozawa também deixou suas digitais nos principais teatros líricos, colaborando com artistas de renome mundial. Sua dedicação ao ensino musical culminou na fundação da Academia Internacional Seiji Ozawa, na Suíça, e na formação da Orquestra Saito Kinen e da Academia de Música de Câmara Okushiga no Japão.

O Maestro Seiji Ozawa, cuja última apresentação pública ocorreu em dezembro de 2022 no Japão, deixa uma lacuna na arte da regência. O mundo da música chora a perda de um dos grandes maestros da história contemporânea.

Essa frase, de sua autoria, define bem sua relação com a música:

“Tocar uma nota errada é insignificante, mas indesculpável interpretar sem paixão.”

Seiji Ozawa

Ouviremos  de Ludwig van Beethoven “Egmont” Overture” sob a regência do Maestro Seiji Ozawa com a Orquestra filarmônica de Berlin, gravado em abril de 2016.

Observe a regência de Seiji Ozawa, ele  não  transmite expressões faciais dramáticas nem gestos exagerados com ao reger.  Mas  transmite suas ideias de interpretação perfeitamente. Embora  sereno e calmo, o maestro Ozawa sabia muito bem ser enérgico e se impor perante a orquestra. 

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