Saiba quem é a mulher que morreu afogada após ser arrastada por enxurrada em Goiânia

Daniella Magalhães Vila Nova, empresária de 41 anos, morreu após ser arrastada pela enxurrada na rua 20, divisa com Setor Santos Dumont e Recreio São Joaquim. O acidente aconteceu na última terça-feira, 12, e a vítima estava na garupa da moto com seu esposo. A força da enxurrada derrubou os dois, e apenas o homem conseguiu escapar da força das águas. Daniella ficou presa em arames de um lote próximo a uma obra de drenagem da Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seinfra) e perdeu a consciência. Apesar de ter sido socorrida, a empresária não resistiu e veio a óbito. 

De acordo com informações do boletim de ocorrência sobre o caso, o acidente aconteceu por volta das 16h30, quando Daniella e o esposo voltavam para casa. O documento conta que os dois estavam em uma Honda CG vermelha quando, ao passar por uma área mais baixa da rua 20, a força da água surpreendeu o casal. Um carro que passava na região ajudou a levar Daniella para o Hospital Estadual de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol), onde recebeu atendimento emergencial, mas Daniella não resistiu. 

O documento oficial registrando o óbito, emitido pelo Hugol, mostra o horário oficial da morte às 18h25 do mesmo dia. A causa apontada pela equipe médica foi afogamento. Nos relatos oficiais, o esposo da vítima disse que “devido a força da água, [ele] só pôde socorrer sua esposa quando a água baixou e perdeu força”. O inquérito oficial sobre o caso será dado pelo 11° Distrito Policial de Goiânia. O velório de Daniella aconteceu em Paraíso do Tocantins. 

O Corpo de Bombeiros não foi acionado para atender a ocorrência. 

Obras de drenagem

O acidente que tirou a vida de Daniella aconteceu próximo a uma obra de drenagem urbana e pavimentação asfáltica da Seinfra. Relatos dos moradores apontam que a obra está parada já há algum tempo. Vale lembrar que o Plano Diretor de Drenagem Urbana de Goiânia está em planejamento, a fim de amenizar os impactos do período chuvoso no perímetro urbano, que já chegou a tirar vidas nos últimos anos.  

Em nota, a pasta responsável lamenta o ocorrido na tarde da terça-feira, 12, e se solidariza com a família da vítima. Sobre a obra, a pasta afirma que “a construção da rede de drenagem e pavimentação do Jardim Novo Petrópolis propõe melhoria da drenagem pluvial na continuidade da Rua 20, no Setor Santos Dumont, até a Estrada 111, nas Chácaras de Recreio São Joaquim”. Apesar de parte da obra já estar concluída, o trecho no qual ocorreu o acidente ainda não sofreu as intervenções necessárias. 

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Região onde menina foi arrastada por enxurrada passa por obras em Aparecida de Goiânia

“A obra está parada devido a especificidade dos serviços, incompatíveis com o período chuvoso”, afirma a pasta. Além disso, a Seinfra coloca que o contrato com a empresa responsável pela obra será rescindido devido a atrasos recorrentes. “A previsão é que, após a revisão do projeto e atualização dos documentos técnicos para a realização de nova licitação, a obra seja retomada após o período chuvoso, em abril de 2025”, afirma.

Moto que foi arrastada durante a enxurrada, próximo à obra paralisada l Foto: Divulgação.

Por fim, a pasta reforça a orientação geral da Prefeitura de Goiânia. Durante o período de chuva intensa no perímetro urbano, a recomendação é esperar o fluxo de água diminuir antes de transitar em trechos mais baixos da cidade, principalmente para os motociclistas. “Não enfrentem a força da enxurrada. O recomendado é se abrigar até que a chuva passe”, alertam. 

Plano de drenagem 

A Prefeitura de Goiânia, através da Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seinfra), deu início aos debates sobre o Plano Diretor de Drenagem Urbana (PDDU), em parceria com a Universidade Federal de Goiás (UFG). O projeto tem por intuito pensar as questões ligadas ao escoamento, drenagem, permeabilidade e às áreas de risco de inundação em todo o município. 

O diagnóstico inicial destaca as bacias dos córregos Cascavel, Botafogo, Macambira e Taquaral como pontos de maior urgência no município. 

Em entrevista coletiva, o secretário de infraestrutura de Goiânia, Alexandre Garcês, prevê ações educativas para a população, alterações pontuais em algumas legislações ligadas à estrutura da cidade, pontos onde serão necessárias obras, e, em alguns pontos, talvez seja preciso pensar na desocupação de determinadas áreas.  “Se continuar sem planejamento o crescimento da cidade, a gente vai ter cada vez mais lugares que não vão ter soluções em termos de obra. A gente vai ter que conviver com aquele problema ali”, resumiu. 

Na mesma ocasião, o professor Klebber Formiga, coordenador do projeto do Plano Diretor de Drenagem Urbana de Goiânia na UFG, afirma que este “é o primeiro levantamento completo que a gente tem da drenagem de Goiânia em toda sua história”, pensando desde a micro até a macrodrenagem. 

“Cada vez que você fizer uma obra, você só vai jogar um ponto de alagamento e jogar para frente”, explicou. O foco do Plano se torna “tentar reduzir a quantidade de água que chega” que chega no centro urbano.  Educação ambiental, educação política, reformulação de leis ligadas à área de permeabilidade do solo são algumas possibilidades dadas pelo especialista.

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