Perdas Marcantes: Goiás despede-se de figuras icônicas em 2024

O ano de 2024 foi um período de grande perda para o estado de Goiás, com a partida de diversas figuras ilustres que marcaram a história da política, cultura, literatura e jornalismo. Esses nomes, reconhecidos por suas contribuições ao longo de suas vidas, continuam a ressoar na memória de todos que testemunharam seus legados.

A morte dessas personalidades não apenas evidencia o fim de uma era, mas também destaca a importância de suas ações, que moldaram a sociedade goiana de maneiras profundas e duradouras. Artistas, ativistas, jornalistas e acadêmicos, todos com trajetórias distintas, mas unidos pelo compromisso com suas causas, deixaram um impacto que atravessará gerações.

Entre os que partiram, muitos eram símbolos de resistência e transformação. Antônio Couto, por exemplo, foi um defensor incansável dos mais vulneráveis, contribuindo para a luta dos camponeses e indígenas. Já Martiniano José da Silva, historiador renomado, dedicou sua vida a preservar a memória da escravidão em Goiás, trazendo à tona aspectos muitas vezes esquecidos da história do estado. O jornalista Afonso Lopes e o crítico de cinema Herondes Cezar foram vozes essenciais na construção da comunicação e da crítica cultural em Goiás, enquanto o poeta Antônio Leão Teixeira Júnior encantou gerações com suas obras literárias e musicais.

Essas figuras, que representavam as mais diversas esferas da sociedade, não apenas nos deixam uma memória de suas conquistas, mas também um convite à reflexão sobre o impacto de suas ações e a continuidade de seus ideais. O legado deixado por essas personalidades é imensurável, e sua influência será sentida por muito tempo, tanto nas páginas dos livros e jornais quanto nas transformações sociais que ajudaram a moldar.

A lista que se segue é uma homenagem a esses grandes nomes de Goiás, cujas vidas continuam a ser uma fonte inesgotável de inspiração para o presente e o futuro.

Antônio Conuto

Um dos membros de maior destaque da Comissão Pastoral da Terra (CPT), Antônio Canuto, faleceu na madrugada do dia 3 de dezembro, em Goiânia. Segundo representantes da instituição, Canuto sofreu um infarto.

Antônio Canuto

Canuto não era goiano de nascimento, mas de coração. Nascido em Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul (RS), no dia 22 de janeiro de 1941, seu maior legado está na defesa das causas camponesa, indígena e dos pobres.
Ele se uniu ao escritório nacional da CPT em 1977, quando se mudou para Goiânia. Na instituição, atuou como coordenador nacional, secretário da Coordenação Nacional e no Setor de Comunicação, além de ter sido Conselheiro Permanente da CPT, mantendo sua atuação até os últimos dias de sua vida.

Antônio Leão Teixeira Júnior
O escritor, poeta e músico Antônio Leão Teixeira Júnior faleceu no dia 16 de dezembro, deixando um legado significativo nas áreas da literatura e da música. Reconhecido como uma figura marcante da contracultura goianiense nas décadas de 1960 e 1970, Antônio Leão, também conhecido como “Leãozinho” entre amigos, foi um artista plural, cuja trajetória abarcou diversas formas de expressão.

Antônio Leão Teixeira Júnior

Além de seus romances, o vasto legado de Leão se estende principalmente para o universo literário, onde ele publicou seis obras, além de várias contribuições acadêmicas. Sempre movido por sua paixão pela escrita, ele costumava descrever seus livros como verdadeiros filhos. O poeta estreou com Arroz com Pequi, uma coletânea de poemas lançada em 1979.

José Veras de Araújo

José Veras de Araújo

José Veras de Araújo, ex-diretor e conselheiro fiscal da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), faleceu nesta quinta-feira, 12, aos 84 anos, em sua residência, devido a complicações respiratórias. O produtor rural, que desempenhou um papel importante no setor agropecuário goiano, era pai de Eduardo Veras, atual vice-presidente da Faeg.

Rosemary Freitas do Valle (Meirinha)

Rosemary Freitas do Valle

Morreu no dia 9 de dezembro a professora Rosemary Freitas do Valle, conhecida como Meirinha Valle. Natural de Anápolis, ela iniciou sua trajetória política em Porangatu, onde atuou como secretária de Saúde e foi eleita vereadora por dois mandatos consecutivos, de 1992 a 1998, chegando à presidência da Câmara Municipal. Meirinha foi amplamente reconhecida como defensora da emancipação feminina e presidiu o PSDB Mulher de Goiás.

Martiniano José da Silva

O maior historiador da escravidão em Goiás, Martiniano José da Silva, faleceu no dia 26 de novembro, aos 88 anos. Ele deixou obras imprescindíveis sobre a escravidão em Goiás, sendo um historiador militante e sempre fiel aos fatos, buscando apresentar uma interpretação precisa, posicionada e crítica.

Martiniano José da Silva

Natural de Casa Nova (BA), onde nasceu em 18 de setembro de 1936, era advogado e mestre em História. Publicou obras icônicas como Racismo à Brasileira — citado na trilogia Escravidão, de Laurentino Gomes —, Sombra dos Quilombos, Teatro Experimental do Negro, Quilombos do Brasil Central e, recentemente, Racismos na Pandemia. Martiniano era goiano de coração.

Jornalista Afonso Lopes

O jornalista Afonso Lopes faleceu no dia 23 de novembro, aos 64 anos, possivelmente devido a um infarto. Seu filho, Afonso Rezende, o “Afonsinho”, o encontrou morto na cama. Nascido em Frutal, Minas Gerais, Afonso Lopes era considerado o mais goiano dos mineiros.

jornalista Afonso Lopes

De acordo com o jornalista Euler de França Belém, Afonso Lopes era um mestre do jornalismo, dominando completamente o assunto. Trabalhou na televisão, onde brilhou no programa Goiânia Urgente, ao lado de Leleco, Luiz Carlos Bordoni, Rachel Azeredo e outros. Atuou em diversas emissoras de rádio e em jornais, como o Jornal Opção e o Diário da Manhã. Era um profissional de grande renome e sempre bem-humorado. Poucos entendiam tanto de pesquisa de intenção de voto quanto ele.

Maria Aparecida (Cida)

A diretora do Sindicato dos Trabalhadores do Sistema Único de Saúde no Estado de Goiás (Sindsaúde/GO), Maria Aparecida, faleceu no dia 2 de novembro. Cida, como era conhecida, tinha 64 anos e é lembrada pela sua atuação em defesa dos servidores da saúde.

Maria Aparecida

A sindicalista era especialmente atuante na região de Itapuranga, município localizado a 160 km de Goiânia. Cida sofreu um infarto e não resistiu. Além de ser diretora do Sindsaúde/GO e servidora da saúde, ela também foi vice-presidente do Conselho Municipal de Saúde de Itapuranga e realizou trabalho pastoral na Igreja Católica.

Lucas Alexandre Barros de Sousa

Lucas Alexandre Barros de Sousa

O influenciador goiano, Lucas Alexandre Barros de Sousa, de apenas 22 anos, morreu na madrugada do dia 22 de junho após sofrer um acidente de trânsito na GO-080, em Goiânia. De acordo com o Corpo de Bombeiros, o veículo em que ele estava saiu da pista e capotou. O influenciador ficou preso nas ferragens do carro e morreu no local. Lucas era estudante de medicina veterinária e estava prestes a concluir a graduação.

Maurício Hippie

Mauricinho Hippie

O ícone de Goiânia dos anos 1970, Maurício Vicente de Oliveira, conhecido como “Mauricinho Hippie”, faleceu no domingo, 10 de novembro. A causa da morte não foi divulgada pela família.
Ídolo goianiense há 50 anos, Mauricinho Hippie foi uma figura ilustre e pioneiro na luta pelos direitos LGBTQI+ na capital. Ele deixou sua marca na cultura de Goiânia com seu estilo único, chamando a atenção pelas vestimentas extravagantes, com cores vibrantes e ousadas.

Herondes Cezar

Herondes, o Cezar da crítica de cinema, faleceu aos 79 anos, em outubro. Um dos maiores críticos de cinema do país, Herondes Cezar também era escritor. Era um homem delicado e desconectado das brutalidades do mundo contemporâneo.

Herondes Cezar

Nascido em Piracanjuba, Herondes Cezar era apaixonado pela cidade goiana — sua Ítaca. Falava com orgulho e lirismo das coisas e das pessoas do município, conhecido como a Capital das Orquídeas do Cerrado.

Herondes Cezar era um mestre das palavras, dado seu amplo conhecimento da Língua Portuguesa, do cinema e da literatura. Era uma espécie de Google do cinema.

Jornalista Athos Pereira

No dia 13 de agosto, faleceu o jornalista Athos Pereira, aos 77 anos, uma das vozes mais influentes na defesa da liberdade e da justiça social em Goiás. Conhecido por sua militância contra a ditadura militar e por sua contribuição na construção do Partido dos Trabalhadores (PT), Athos deixou um legado inestimável.

Athos Pereira

Lutando contra um câncer, Athos partiu, mas deixou saudades entre aqueles que tiveram a honra de conhecê-lo e de trabalhar ao seu lado. Por coincidência ou não, a data de sua morte coincide com o numeral de seu partido de coração.

Athos trabalhou por muitos anos como chefe da Assessoria da Bancada de Deputadas e Deputados do PT na Câmara Federal, onde contribuiu significativamente para a formação de novas gerações de militantes e políticos.

Nas últimas décadas de sua vida, Athos foi uma presença constante na cidade de Goiás, onde seu nome continuará a ser lembrado como um símbolo de resistência e compromisso com a democracia.

Altemar Santos

Altemar Santos

Altemar Santos, radialista, empresário e fundador do portal Mais Goiás, um dos mais populares do estado, faleceu em decorrência de um infarto ocorrido no dia 18 de julho, vindo a óbito um mês depois, em 21 de agosto, aos 51 anos.

Gilberto Mendonça Teles

O poeta, professor, crítico e historiador literário Gilberto Mendonça Teles faleceu aos 93 anos, vítima de complicações decorrentes de uma pneumonia e problemas cardíacos, no Rio de Janeiro.

Gilberto Mendonça Teles

Professor emérito da UFG, PUC-GO, UFF e UFRJ, Gilberto Mendonça Teles foi fundador do Centro de Estudos Brasileiros, presidente por duas vezes da União Brasileira de Escritores, seção de Goiás, e do Instituto Histórico e Geográfico de Goiás. Nascido em Bela Vista de Goiás, ele era um dos maiores representantes da poesia brasileira.

Maurício Beraldo

O ex-vereador Maurício Beraldo faleceu em abril, aos 64 anos. Natural de Carmo do Paranaíba (MG), José Maurício Beraldo foi vereador por três mandatos e se destacou na luta por moradias populares e regularização fundiária.

Maurício Beraldo

O político foi idealizador de vários bairros de Goiânia, como o Residencial Vale dos Sonhos e o Serra Azul. Além disso, teve participação crucial na aquisição do terreno pertencente ao antigo Clube do Laço, que se tornou a área dos bairros Shangrilá 1, Shangrilá 2 e Residencial Paraíso, entre outros.

Márcio Ribeiro de Sousa

 Márcio Ribeiro de Sousa, mais conhecido como Bacalhau, faleceu em maio deste ano, aos 61 anos, devido a falência múltipla dos órgãos. Bacalhau era jornalista e atuou como conselheiro e assessor de imprensa do Goiás Esporte Clube.

Márcio Ribeiro de Sousa

Sua trajetória no Goiás começou em 2003, quando ingressou como cinegrafista no departamento de comunicação, antes de se tornar assessor de imprensa. Sua última função no clube foi a de administrador do Centro de Treinamentos Edmo Pinheiro, cargo que ocupou até 2020. Além disso, Bacalhau era sócio-proprietário e conselheiro do Verdão.

Chrystian
O cantor e compositor Chrystian, da dupla Chrystian e Ralf, faleceu em junho, aos 67 anos, após sofrer um choque séptico decorrente de uma pneumonia agravada por comorbidades. Natural de Goiânia, Chrystian iniciou sua carreira na TV Anhanguera e, em seguida, se uniu ao irmão mais novo para formar a dupla sertaneja. Juntos, conquistaram muitos sucessos ao longo dos anos.

Cantor e compositor Chrystian

Para quem não sabe, Chrystian passou parte de sua infância na cidade de Nazário, a 73 quilômetros de Goiânia. Foi nesse município que ele começou a cantar, ainda com 4 anos de idade. O sertanejo tinha uma forte ligação com o local, assim como o irmão Ralf. Nessa época, ambos acompanhavam o pai Mário, o tio Plínio e a mãe Eunice nas serestas goianienses. A dupla fez sucesso por cerca de 40 anos.

Com pouco mais de seis anos, Zezinho, como era conhecido, costumava se apresentar no Clube do Anhanguera Mirim, em Goiânia, comandado por Magda Santos. Com o sucesso, ganhou seu próprio programa, Pinguinho de Gente. Em breve, Chrystian receberia um prêmio: a gravação de um disco em São Paulo, como o melhor cantor de seu estado, mas isso não se concretizou.

No auge do sucesso, entre 1988 e 1990, os irmãos venderam um milhão de cópias de LPs, uma marca que, na época, só era alcançada pelo cantor Roberto Carlos. Chrystian iniciou sua carreira cantando sozinho e em inglês, alcançando seu primeiro sucesso com a música Don’t Say Goodbye (Não Diga Adeus), em 1973.

Eurípedes Junqueira

O anapolino Eurípedes Junqueira faleceu aos 90 anos de idade no mês de outubro. Além de ter ocupado diversos cargos públicos, Eurípedes foi prefeito de Anápolis.

Eurípedes Junqueira

Ao longo de seus 90 anos, Eurípedes exerceu com brilhantismo todas as atividades que abraçou, seja na docência, na administração pública ou no trabalho comunitário. Além de prefeito de Anápolis, foi secretário de Estado, grão-mestre do Grande Oriente de Goiás, ministro do Supremo Tribunal de Justiça Maçônica, além de professor e diretor escolar

Essas figuras deixaram marcas indeléveis na história de Goiás e no coração de quem teve a oportunidade de conhecer ou acompanhar suas trajetórias.

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