Janja descobre do jeito difícil que comunicação não é para amadores

Pesquisa Genial Quaest publicada na última semana revelou grande queda na popularidade da primeira-dama da República, Rosângela Lula da Silva, a Janja. Desde o início do governo Lula da Silva (PT), a avaliação positiva da socióloga despencou 19 pontos percentuais — de 41% para 22%. A taxa de reprovação passou de 19% para 28%. A avaliação regular sobre a primeira-dama, que era de 22%, passou para 30%. 

A queda ocorreu em todas as regiões do Brasil. No Nordeste, reduto eleitoral de Lula, o tombo foi ainda mais acentuado do que na média — foram 27 pontos percentuais a menos na aprovação. Janja continua sendo mais bem avaliada entre os católicos, mas por apenas metade do percentual desse segmento: de 46%, caiu para 24%. Entre os mais ricos, a avaliação caiu mais: A boa opinião sobre a atual primeira-dama caiu de 40% para 18% entre os entrevistados que ganham mais de cinco salários mínimos. Entre os que ganha menos de dois salários mínimos, a queda foi de 44% para 28%.

Diversos episódios justificam a queda da popularidade. Janja publicou em suas redes sociais um vídeo dançando em Nova Dehli, Índia, durante reunião do G20, enquanto o Rio Grande do Sul sofria com enchentes. Um festival de música durante o G20 no Rio de Janeiro (o Janjapalooza) custou cerca de R$ 33,5 milhões e é investigado pelo Tribunal de Contas da União. “Fuck you, Elon Musk”, disse ela, xingando o dono do X e aliado do presidente eleito dos EUA. “Bestão”, disse ela sobre o homem que cometeu um atentado suicida em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Agora, enquanto Janja desfruta o pior momento de sua popularidade, o Estadão publicou uma série de reportagens com potencial de destruir de vez sua imagem pública. As matérias mostram que, mesmo sem ter cargo no governo, Janja possui 12 assessores informais que custam aos cofres públicos R$ 160 mil mensais em salários por mês, e que seus integrantes já gastaram R$ 1,2 milhão em viagens. O TCU e o Ministério Público Federal já foram demandados a investigar a situação. 

Janja projetou sua própria queda e se empenhou em ignorar os sinais de que ia pelo caminho errado. Primeiro, por ter colaborado na campanha de Lula em 2022, Janja parece ter compreendido que tinha direito a alguma função na comunicação do governo. Ela disputou e venceu uma queda de braço pública contra Paulo Pimenta, ministro responsável pela Secom que atualmente é demissionário e que foi publicamente desautorizado pela primeira-dama. No início de dezembro, a série de trapalhadas na comunicação do estado de saúde de Lula foi mais um sinal ignorado de que falta a Janja o preparo para lidar com a assessoria de imprensa do presidente

Autoconsciente de sua própria imagem, Janja emprega a jornalista Taynara Pretto Tenório da Cunha como assessora de imprensa; a diretora de redes sociais Priscila Pinto Calaf; a coordenadora de redes digitais Juliana Aporta Gaspar; a assessora técnica do departamento de canais digitais Mariana Godoy Guimarães Frota; a chefe de estratégia de redes Brunna Rosa Alfaia; o assessor de canais digitais Arthur Silvério dos Santos, o fotógrafo Cláudio Adão dos Santos Souza e seu assessor Wállisson Breno Araújo. 

Ou seja, dos 12 assessores, oito são dedicados a cuidar da imagem de Janja, especialmente nas redes sociais. Ela parece ignorar aqui mais um sinal de que vai pelo caminho oposto ao que o brasileiro espera de uma primeira-dama. Janja não tem cargo, não foi eleita para nada, não precisa ser aprovada e não precisa temer a reprovação. Sua preocupação deveria ser, primeiro, prezar pela institucionalidade do cargo da presidência da República. Depois, mas não menos importante, prezar pelo bom uso do Tesouro Público.

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