Quem substituirá Bolsonaro? Direita e especialistas goianos apontam caminhos para 2026

Com a eleição presidencial de 2026 se aproximando, o cenário político brasileiro começa a se delinear com maior clareza, especialmente no campo da direita. Após os quatro anos de governo de Jair Bolsonaro, marcado por polarizações intensas, o Brasil se encontra em um momento de reflexão e transição.

A grande questão que se coloca é quem conseguirá preencher o vácuo deixado por Bolsonaro, cuja candidatura está comprometida – o ex-presidente está inelegível e não deve concorrer. Nesse contexto, diversos nomes estão surgindo, buscando ocupar o espaço de liderança e apresentar alternativas políticas para o país. Em um ambiente ainda fortemente polarizado, a disputa pelo apoio do eleitorado de direita promete ser grande. Com a sombra de Bolsonaro pairando sobre o cenário, muitas figuras políticas tentam construir suas trajetórias para se firmarem como as principais opções para 2026.

O desafio é grande: ao mesmo tempo em que precisam consolidar seu próprio nome, precisam também superar as divisões internas do campo da direita e atrair um eleitorado que, embora leal, é exigente quanto à continuidade dos valores defendidos durante o governo Bolsonaro.

Com isso, políticos e cientistas políticos sem dedicam a analisar as candidaturas mais fortes e as tendências que devem moldar a corrida presidencial nos próximos meses. Quem são os candidatos mais cotados, quais suas propostas e quais os desafios que enfrentam para conquistar uma base eleitoral ampla e coesa? Essa análise busca entender os principais fatores que irão influenciar os rumos da direita nas eleições de 2026 e como as disputas internas podem afetar o desempenho desses candidatos.

A Visão dos políticos

Gugu Nader, deputado estadual (Avante), acredita que a direita precisa de união para vencer em 2026. Em entrevista ao Jornal Opção, ele destacou: “A direita somada ganha; dividida, perde. Se amanhã a direita não somar um com o outro, vão perder”. Nader aposta em Ronaldo Caiado, governador de Goiás, como o nome mais forte da direita. “O Caiado tem consistência, firmeza e determinação. Ele mostrou isso na segurança pública, que é um tema crucial para o eleitorado”, afirmou.

O deputado também vê potencial em Gusttavo Lima, cantor e figura popular, mas ressalva: “O Gusttavo Lima tem facilidade por ser conhecido, mas precisa mostrar consistência. Se ele mostrar firmeza, pode se tornar um candidato perigoso”. Sobre Bolsonaro, Nader foi categórico: “Se ele indicar alguém, os bolsonaristas vão votar em quem ele apontar. Mas se não for ele, a disputa fica aberta.”

Gugu Nader, deputado estadual em Goiás (Avante)

Major Vitor Hugo, vereador (PL), defende Bolsonaro como o nome ideal para 2026. Em entrevista ao à reportagem, ele afirmou: “Jair Messias Bolsonaro tem total condição de governar a nona economia do mundo. Ele tem experiência, resiliência e amor ao Brasil”. Para o vereador, o ex-presidente é insubstituível no cenário da direita. “Ele já demonstrou que tem coragem e vontade de enfrentar os problemas reais do país”, completou.

Major Vitor Hugo, vereador em Goiânia (PL) | Foto: Guilherme Alves/Jornal Opção

Vilmar Rocha, ex-deputado federal, vê Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, e Ronaldo Caiado como os principais nomes da direita. Ele destacou: “Tarcísio tem formação acadêmica forte, experiência como ministro e agora como governador. Já o Caiado tem uma história de coerência ideológica e experiência política”. Rocha também enfatizou a importância da confiança do eleitorado: “Um presidente precisa ter autoridade, que é a confiança das pessoas. O Lula, por exemplo, tem poder, mas perdeu autoridade”.

Vilmar Rocha, ex-deputado federal | Foto: Guilherme Alves/ Jornal Opção

Zacharias Calil, deputado federal (União Brasil), é outro que defende a candidatura de Ronaldo Caiado. Em entrevista ao Jornal Opção, ele afirmou: “Goiás tem um nome de expressão nacional, e o Brasil será beneficiado com a eleição do Caiado.” Calil também ressaltou a experiência do governador: “Ele já foi deputado federal, senador e agora governador. Tem todas as credenciais para colocar o Brasil nos trilhos.”

Zacharias Calil, deputado federal (União Brasil) | Foto: Divulgação

Cientistas Políticos analisam o cenário

Ludmila Rosa, cientista política, acredita que a direita não chegará tão fragmentada em 2026. Segundo ela, é “natural que haja uma concentração em torno de um ou dois nomes”. “O bolsonarismo dificilmente abrirá mão de uma candidatura própria, especialmente se Bolsonaro for preso. Já a direita moderada tende a se aglutinar em torno de nomes como Ronaldo Caiado”.

Rosa também destacou a habilidade da direita em se comunicar com o eleitorado: “A neodireita é composta por políticos muito habilidosos com as redes sociais. Eles se comunicam com objetividade e simplicidade, o que facilita a assimilação de suas mensagens”. No entanto, a cientista critica a falta de respostas consistentes: “Enquanto a direita diz ‘bandido bom é bandido morto’, a esquerda fala em causas estruturais da criminalidade. A primeira assertiva é mais dura e parece fazer mais sentido para uma população amedrontada”.

Ludmila Rosa, cientista política | Foto: Arquivo pessoal

Guilherme Carvalho, também cientista político, aponta que a direita tem um vácuo eleitoral a ser preenchido. O especialista aponta que, com a possível inelegibilidade de Bolsonaro, há um espaço aberto para que muitos pleiteantes tentem ocupar esse lugar. “A direita ainda não está organizada em torno de instituições sólidas, ao contrário da esquerda, que tem o PT como principal representante.”

Carvalho também destacou a importância da união do campo: “A direita precisa construir congruência entre seus diversos grupos. Não há um herdeiro natural de Bolsonaro, e essa disputa vai medir a capilaridade eleitoral de cada candidato”.

Guilherme Camargo, cientista político | Foto: Arquivo pessoal

Marcos Marinho, professor e estrategista de marketing político, chama atenção para a complexidade do cenário. Marinho afirma que a direita tem mais partidos grandes e líderes com estrutura para lançar candidaturas, já a esquerda está muito concentrada no PT, que polariza o cenário. O professor também ressaltou a importância da comunicação. “A direita tem uma dinâmica comunicacional muito melhor. Eles conseguem insuflar aspirações nas pessoas, mesmo que essas dependam de políticas públicas de esquerda.”

Marcos Marinho, cientista político | Foto: Arquivo pessoal

Desafios para a união da direita

A principal questão que se coloca para a direita em 2026 é a unidade. Como apontado pelos entrevistados, a fragmentação pode ser fatal. Com uma série de possíveis candidatos em campo, a direita precisa encontrar uma forma de se consolidar em torno de um nome forte. Caso contrário, há o risco de perder para um campo da esquerda mais coeso e organizado.

Além disso, a falta de um “herdeiro” natural de Bolsonaro, como mencionado por Guilherme Carvalho, cria um vazio de liderança que pode ser difícil de preencher.

O Impacto das Redes Sociais

Outro fator que terá um grande impacto na eleição de 2026 é a força das redes sociais. A direita tem mostrado uma habilidade superior na utilização dessas plataformas, como destacou Ludmila Rosa. Políticos de direita têm conseguido se comunicar diretamente com o eleitorado, sem a mediação da grande mídia, o que permite uma maior personalização da mensagem e um discurso mais agressivo.

Contudo, esse domínio das redes também pode se voltar contra eles. A mesma agilidade que permite uma comunicação direta pode contribuir para o surgimento de fake news e de uma polarização ainda mais extrema. As redes sociais, como mostram as campanhas passadas, têm o poder de consolidar apoio, mas também de aprofundar divisões.

Mesmo que Bolsonaro não seja candidato, sua presença política ainda será um fator decisivo na eleição de 2026. A lealdade de seu eleitorado e a sua capacidade de mobilização não devem ser subestimadas. Como apontado pelos especialistas, um dos maiores trunfos de Bolsonaro é sua capacidade de direcionar votos. Se ele se mantiver influente no processo eleitoral, a decisão de quem será o “poste” do bolsonarismo pode ser fundamental para o sucesso na corrida presidencial.

Se a candidatura de Bolsonaro realmente for descartada devido a questões legais ou políticas, a direita precisará se reinventar. A busca por um candidato que consiga unir as diferentes facções do campo conservador será essencial. Os políticos de direita terão que trabalhar para fortalecer uma agenda comum, que vá além dos pontos de divergência e seja capaz de gerar um projeto de país consistente e atraente para o eleitorado.

O que esperar?

A eleição de 2026 promete ser um campo de batalha intenso para a direita e a extrema-direita. Enquanto políticos como Ronaldo Caiado e Tarcísio de Freitas buscam se consolidar como nomes moderados do espectro conservador, a sombra de Bolsonaro ainda paira sobre o cenário, especialmente se ele mantiver influência sobre seu eleitorado. Para os cientistas políticos, a chave do sucesso está na capacidade de união e comunicação. Como resumiu Ludmila Rosa: “A direita dividida perde. Quem conseguir aglutinar o maior número de forças terá vantagem no segundo turno.”

Enquanto isso, a esquerda observa atentamente, preparando-se para uma possível tentativa de reeleição de Lula ou a escolha de um sucessor. O tabuleiro político está se montando, e os próximos anos serão decisivos para definir quem ocupará o Palácio do Planalto a partir de 2027.

A direita precisa superar suas divisões internas e apresentar um projeto convincente para o país, enquanto a esquerda busca manter sua base eleitoral e ampliar sua influência. O desafio para ambos os lados é grande, e o eleitorado brasileiro aguarda para ver quem surgirá como o próximo líder da nação.

Enquanto isso, a esquerda trabalha para manter sua base e ampliar sua influência, buscando garantir mais um mandato no poder. O cenário político está em constante evolução, e os próximos anos serão decisivos para o futuro do Brasil.

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