Médium João de Deus mantém mansão de R$ 1 milhão após reviravolta no processo judicial

João Teixeira de Faria, conhecido como João de Deus, obteve sucesso em adiar a demolição de uma de suas propriedades localizadas em Anápolis, Goiás. A mansão, avaliada em mais de R$ 1 milhão, possui três andares e conta com vigilância 24 horas. Embora registrada em nome de João de Deus, a residência é ocupada pela sua ex-companheira e está protegida por cercas que dificultam a visão de quem passa pela região.

O conflito judicial entre João de Deus e a prefeitura de Anápolis já dura vários anos. O município acusa o médium de ter construído a mansão sem as licenças e alvarás necessários, o que levou à solicitação para que o imóvel fosse demolido, com base em alegações de riscos estruturais. Em 2024, a Justiça determinou a desocupação imediata do local e sua destruição, mas a defesa de João de Deus contestou essa decisão.

Através da apresentação de documentos que comprovam a regularização do imóvel em 2022, além de ajustes realizados entre o final de 2023 e início de 2024, o médium conseguiu reverter a decisão. O juiz responsável, Gabriel Lisboa Silva, acatou o pedido da defesa, considerando que a propriedade está agora devidamente regularizada. O caso ainda está pendente de um julgamento final, mas as chances de João de Deus obter uma vitória são grandes, uma vez que não há mais registros de irregularidades.

Mansão de João de Deus | Foto: Reprodução

Esse episódio jurídico ocorre no contexto de uma série de condenações pesadas a João de Deus. O médium, que foi condenado a mais de 450 anos de prisão por crimes de abuso sexual e estupro contra 66 vítimas, cumpre prisão domiciliar desde setembro de 2021.

Além dessas condenações, outras 120 denúncias de abusos foram registradas, mas arquivadas devido à prescrição ou falta de provas. No regime de prisão domiciliar, ele está impedido de sair de sua residência, que fica em Anápolis, onde mora com sua advogada, Lara Cristina Capatto.

Apesar das restrições impostas pela Justiça, João de Deus segue administrando alguns de seus negócios. Em janeiro deste ano, uma reportagem revelou que o médium continua atuando no ramo espiritual, sendo responsável pela fabricação e comercialização de mesas de cristal. Estes objetos, que prometem promover cura, são vendidos por valores elevados, chegando a mais de R$ 15 mil, e são especialmente comercializados para clientes estrangeiros. A defesa de João de Deus não foi localizada para comentar sobre o assunto.

O caso da mansão e a situação de João de Deus continuam a atrair atenção, com o desfecho do processo judicial envolvendo o imóvel ainda aguardado. A complexidade da situação legal do médium, somada à sua atuação nos negócios espirituais, gera questionamentos sobre sua real condição e sobre os desdobramentos que essa história ainda pode ter.

Relembre o caso

João Teixeira de Faria, conhecido como João de Deus, foi preso em 2018 após ser acusado de abusos sexuais durante atendimentos espirituais na Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia (GO). Durante anos, ele atuou como curandeiro, atraindo milhares de pessoas em busca de cura espiritual. No entanto, entre 2010 e 2017, dezenas de mulheres denunciaram o médium por estupro, estupro de vulnerabilidade e violação sexual, crimes cometidos sob a alegação de que ele usava sua posição de poder para abusar das vítimas.

Em setembro de 2023, João de Deus recebeu mais uma condenação, totalizando 489 anos e 4 meses de prisão. Além disso, a sentença determinou o pagamento de até R$ 100 mil em danos morais às vítimas. Até o momento, 66 mulheres denunciaram o médium, resultando em 56 condenações.

Após ser preso, João de Deus cumpriu parte da pena em regime fechado, mas, devido ao seu estado de saúde, foi transferido para prisão domiciliar em setembro de 2021. Atualmente, ele cumpre sua pena em Anápolis (GO), monitorado por tornozeleira eletrônica.

O caso de João de Deus é um dos mais emblemáticos no Brasil, mostrando como a confiança e a fé de milhares de pessoas foram exploradas para cometer abusos, deixando um legado de dor e sofrimento para as vítimas.

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