Prefeitos em Goiás deixam PL de lado para apoiar Daniel Vilela em 2026

O cenário político em Goiás tem testemunhado uma migração de prefeitos do Partido Liberal (PL) para legendas alinhadas à base governista, como o União Brasil (UB) e o Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Esse movimento reforça a pré-candidatura do vice-governador Daniel Vilela (MDB) ao governo estadual nas eleições de 2026.

Entre os gestores municipais que já oficializaram ou sinalizaram a mudança estão Simone Ribeiro (Formosa). A gestora argumentou que a decisão foi estratégica.

“Nosso município arrecada um pouco mais de R$ 30 milhões, mas temos precatórios acima de R$ 200 mil. Este mês mesmo paguei R$ 1,8 milhão em precatórios consignados”, explicou, reforçando que a gestão estadual prioriza resolver os problemas das cidades, frutos de governos passados que deixaram acumular tais débitos.

Simone Ribeiro destacou que outros prefeitos também realizaram mudanças semelhantes. “Assim como eu, outros prefeitos fizeram essa movimentação. Sei que Luiz Otávio, de Cristalina, e Jacó [Rotta, de Cabeceiras], também seguiram esse caminho”, disse.

A prefeita reforçou que sua decisão foi baseada no compromisso com a população. “A parceria deve ser de mão dupla. Eu respeito o PL, mas temos que buscar caminhos que fortaleçam nosso trabalho e a entrega de resultados para a população”, concluiu.

Geneilton Assis (Jataí)

Daniel Vilela, tem desempenhado um papel ativo na articulação de candidaturas municipais, visando consolidar sua posição para a sucessão estadual em 2026. A região Sudoeste de Goiás, onde está localizada Jataí, é considerada estratégica para o projeto político de Vilela.

Nas principais cidades dessa região, como Rio Verde, Jataí e Mineiros, o presidente do MDB conta com o apoio de líderes políticos expressivos, o que pode ser decisivo para o fortalecimento de sua candidatura.

Essa movimentação busca ampliar parcerias com o governo estadual e reflete um descontentamento com lideranças do PL no estado. No entanto, Geneilton Assis tem demonstrado resistência a essa mudança, mantendo-se próximo ao grupo bolsonarista.

Ao Jornal Opção, um vereador de Jataí afirmou que não recebeu nenhuma informação concreta sobre o assunto, mas não descarta a possibilidade de Geneilton apoiar Daniel.

O parlamentar também mencionou a presença recente do líder político Vitor Hugo em Jataí e garantiu que o diálogo entre o prefeito e Vilela tem se mantido amistoso. “São amigos e compartilham ideais semelhantes”, afirmou.

A reportagem tentou contato com Geneilton durante a semana por mensagens e ligações, mas não obteve retorno. O espaço segue aberto.

Márcio Corrêa (Anápolis)

O prefeito de Anápolis, Márcio Corrêa, filiado ao PL, mantém ligação política com o vereador Vitor Hugo (PL), de Goiânia. A conexão entre o gestor municipal e Jair Bolsonaro foi estabelecida pelo ex-deputado federal, considerado o primeiro aliado do ex-presidente em Goiás.

Amigo e aliado de longa data de Daniel Vilela, Márcio Corrêa contou com o apoio do vice-governador em sua candidatura a deputado federal em 2022 e na disputa pela Prefeitura de Anápolis em 2024. Vale lembrar que Corrêa era filiado ao MDB anteriormente, quando foi parlamentar por Goiás em Brasília.

Para 2026, a tendência é que Márcio Corrêa retribua esse apoio, respaldando Daniel Vilela na corrida pelo governo do Estado, seguindo a lógica da política de lealdade entre aliados. À reportagem, um vereador sinalizou a possibilidade de uma aliança.

“Vejo eles muito próximos [Márcio e Daniel]. E acredito que tem a possibilidade do Wilder não sair [ao Governo] e estar todos juntos, com Vitor Hugo no Senado”, declarou. A declaração reforça especulações sobre uma possível composição entre o PL e o MDB em Goiás, estado onde Bolsonaro mantém uma base eleitoral expressiva.

Anteriormente, o vereador Vitor Hugo já havia confirmado ao Jornal Opção que Bolsonaro está priorizando mais apoios para o Senado do que para governos em 2026. Isso reforça a possibilidade citada pelo vereador.

A reportagem tentou ouvir o prefeito durante a semana por ligações e mensagens. O espaço segue aberto.

Carlinhos do Mangão (Novo Gama)

Em entrevista ao Jornal Opção, o prefeito de Novo Gama, Carlinhos do Mangão, afirmou que seguirá apoiando o candidato do governador Ronaldo Caiado (UB) na próxima eleição estadual. Segundo o gestor, a continuidade do projeto político atual é essencial para manter o desenvolvimento da região.

“Eu sou da base do governador Ronaldo Caiado, tive o apoio dele na minha eleição e reeleição. Então, estarei ao lado do governador apoiando o candidato dele ao governo, o Daniel Vilela. Tenho certeza de que ele dará continuidade ao legado de Caiado”, declarou Carlinhos.

Questionado sobre a possibilidade de deixar o PL para se filiar ao União Brasil, ao MDB, ou outro partido da base governista, Carlinhos do Mangão afirmou que a decisão ainda não foi tomada. “Ainda não discutimos isso com meu grupo político, mas dependendo do desenho para o próximo ano, para estar junto com o governo, provavelmente poderíamos mudar de partido”, revelou.

Carlinhos enfatizou que a gestão de Ronaldo Caiado tem sido marcada por um forte diálogo com os prefeitos da região. “O governo estadual é um governo do diálogo. Hoje, qualquer prefeito pode ir a Goiânia sem precisar agendar para ser recebido por um secretário. O apoio é visível na segurança, educação e programas sociais, como o Mães de Goiás, o aluguel social e o Casa Custo Zero”, destacou.

O prefeito também comparou a atuação de governos anteriores com a atual gestão. “A ex-prefeita de Novo Gama, que era da base do governador Marconi Perillo, teve três mandatos e também foi deputada estadual, mas o município não se desenvolveu. Muitas obras ficaram inacabadas, e foi o governo Caiado que retomou e está concluindo esses projetos”, criticou.

Ao falar sobre o PL, Carlinhos demonstrou insatisfação com a falta de liderança na legenda. “Tenho muito respeito pelo senador Wilder Morais, mas vejo que o grande problema do PL no Estado são as interferências, principalmente por parte dos novatos que chegaram agora, como Gustavo Gayer e Fred Rodrigues”, pontuou.

Jeronymo Siqueira (São Miguel do Araguaia)

Fontes ligadas ao meio político indicam que Jerônymo Siqueira tem estreitado laços com lideranças do MDB, especialmente com Daniel Vilela. Essa aproximação sugere uma tendência de apoio ao vice-governador em sua provável candidatura ao governo estadual em 2026.

A articulação política em torno de Daniel Vilela tem sido intensificada por figuras como José Mário Schreiner, presidente da Federação Goiana da Agricultura (Faeg). Schreiner tem desempenhado um papel crucial na atração de prefeitos do PL para a base de apoio de Vilela, visando consolidar uma aliança robusta para as próximas eleições.

Enquanto isso, Wilder enfrenta desafios internos e externos em sua tentativa de consolidar uma candidatura ao governo estadual. A debandada de prefeitos de seu partido enfraquece seu projeto político e evidencia a crescente força de Vilela.

A reportagem tentou ouvir o prefeito durante a semana por ligações e mensagens, mas não teve respostas. O espaço segue aberto para o posicionamento do gestor.

Articulações

Outros prefeitos da base, embora não estejam filiados ao PL, estão auxiliando a articulação política para a sucessão no governo de Goiás. É o caso por exemplo do presidente da Associação Goiana de Municípios (AGM) e prefeito de Hidrolândia, José Délio (UB).

De acordo com ele, o cenário é amplamente favorável ao vice-governador. “O Daniel é um candidato natural da base do governador. Ele tem várias credenciais para o cargo. Com o apoio de um governo bem avaliado, que tem condição de transferir muito apoio, voto e capital político para ele, sua candidatura se fortalece ainda mais”, afirmou Zé Délio ao Jornal Opção.

Além do respaldo político, Zé Délio destaca a presença consolidada de Vilela no interior goiano. “Ele tem o maior partido de base do Estado, que é o MDB, e conta com apoio em todas as regiões. Outro fator importante é que seu pai, Maguito Vilela, foi um bom gestor, tanto em Aparecida de Goiânia quanto no governo estadual”, ressaltou.

A relação entre municípios e o governo estadual é um dos pontos-chave para a adesão de novos prefeitos à base de Daniel Vilela. “É praticamente impossível governar sem o apoio do Estado, ainda mais com uma gestão realizadora como a atual. O governo tem programas inovadores, como a casa custo zero, recapeamento de vias municipais e assistência social robusta, com o maior programa de proteção social do país”, argumentou o articulador.

A articulação conta também com o apoio de lideranças influentes, como o prefeito Paulo Vitor (UB), de Jaraguá. “É um grande parceiro, e outros dirigentes e deputados também estão contribuindo para fortalecer essa base”, concluiu Délio.

Diálogo como chave

À reportagem, Paulo Vitor (UB), prefeito de Jaraguá, destacou que o processo tem sido conduzido sem pressão ou barganhas, apenas com o diálogo e a apresentação dos bons resultados da atual gestão.

“Nós temos os bons exemplos, mostrando o quanto o governo tem sido correto, democrático e respeitoso. Não fazemos barganha, não temos troca, não existe pressão política. Estamos apenas demonstrando que o Estado não precisa de mudança”, afirmou Paulo Vitor.

Segundo ele, o extremismo político tem sido um entrave para o desenvolvimento e a gestão estadual busca a união dos agentes políticos para garantir avanços. “Esse extremismo, tanto de um lado quanto do outro do Brasil, não está levando a nada. O governador tem respeitado todos, independentemente das siglas partidárias, e por isso seria muito benéfico que a base crescesse cada vez mais”, completou.

A abordagem tem encontrado boa receptividade entre os prefeitos, que reconhecem a postura respeitosa e diplomática do governador e do vice. Questionado sobre quais nomes do PL já aderiram à base governista, Paulo Vitor preferiu não divulgar nomes neste momento. “É muito prematuro. Estamos conversando com muita gente ainda. Não vamos queimar cartucho agora”, disse.

Ele também mencionou que alguns setores mais radicais do PL têm reagido negativamente ao diálogo aberto, o que acaba favorecendo a estratégia de convencimento. “Nós estamos trabalhando na paz, sem ataques, sem críticas. Mas, quando eles vêm com agressividade e pressão, isso facilita o nosso trabalho, porque os prefeitos percebem a diferença de postura”, explicou.

Apesar de não ter citado nomes, outros prefeitos do PL que estão indo para a base são Wivviane Duarte (Gameleira de Goiás), Dr. Vitor (Santa Fé de Goiás) e Tiagão (Pilar de Goiás). A insatisfação com a liderança estadual do PL é apontada como uma das principais razões para essa debandada.

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