Em 26 de novembro de 1830, o jornal O Observador Constitucional noticiava: “Toda a cidade de S. Paulo ainda está enlutada por causa da morte do constante e corajoso defensor da liberdade; o objeto de todas as conversações é o descaramento do malfeitor, unido a atrocidade. A indignação pintada no semblante de todos reclama a punição do horrendo atentado contra a vida do estimado Badaró; o traidor fermentou por dilatado tempo o crime, e a indignidade deste revoltou até os que em outras ocasiões, por causas graves, mas não tanto, se conservava em uma certa espécie de indiferença”.
O Dia do Jornalista é comemorado no Brasil em 7 de abril em homenagem ao médico e jornalista Giovanni Battista Líbero Badaró, um dos mártires da luta pela liberdade de imprensa no país. Embora sua morte tenha ocorrido em 1830, a escolha da data relaciona-se com a fundação da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), criada em 7 de abril de 1908, no Rio de Janeiro, por iniciativa de jornalistas como Gustavo Lacerda. A data foi oficializada posteriormente como uma forma de reconhecer a importância da categoria na defesa da democracia e do direito à informação.

A imprensa tem um papel fundamental na formação e construção pedagógica, política e social da sociedade brasileira. Além de noticiar os principais fatos baseados na ética, analisar cenários locais, nacionais e internacionais, o jornalismo, na figura do jornalista, fomenta debate, movimenta a cultura e promove a mudança nas cidades.
Jornalista, por si só, é bicho inquieto. Curioso. Atento e sobretudo, empático. Um olho na política, outro na economia e de ouvidos abertos na rua, o jornalista pauta o debate público e é capaz de influenciar decisões nacionais e locais.

Resultado de várias homenagens
O Dia do Jornalista, comemorado neste dia 7 de abril, é resultado da união de diversas datas em que homenageava os profissionais da comunicação. Nessa data, em 1931, o imperador Dom Pedro I abdicou ao trono após o que a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) chamou de “grande desgaste político que teve como elemento de combustão o assassinato do jornalista e médico João Batista Líbero Badaró”.
Escolhido como patrono do jornalismo brasileiro, Badaró foi atingido por um tiro enquanto participava, em 22 de novembro de 1830, em São Paulo, de uma passeata de estudantes em comemoração aos ideais libertários da Revolução Francesa. A imprensa acusou, à época, que o crime havia sido encomendada pelo imperador, mas autoridades da época atribuíram a autoridade do judiciário.
Líbero Badaró, após ser atingido pelo tiro, agonizou por 24 horas e deixou a célebre frase: “Morre um liberal, mas não morre a liberdade.”

Também chamado de Giovanni Baptista Líbero Badaró, o jornalista era redator do Observador Constitucional e denunciava desmandos e excessos cometidos pelos governantes. A sua morte provocou um corrente de indignação que repercutiu em toda a imprensa.
Dedicação à informação
Presidente do Sindicato dos Jornalista Profissionais do Estado de Goiás, Cláudio Curado escreve que o Dia do Jornalista é uma homenagem àqueles “que dedicam suas vidas a informar, educar e inspirar”. “Seja na redação, no podcast, na rua, no rádio, nos escritórios de assessoria ou em qualquer outro lugar, jornalistas, desempenham diversas funções para levar notícias de qualidade para as pessoas. Cada reportagem, cada entrevista, cada investigação é um ato de coragem e compromisso com a sociedade”.
Neste dia, celebramos a paixão pela busca incessante da verdade, a ética que guia cada palavra escrita e a resiliência diante dos desafios. Que cada notícia publicada seja um passo em direção a um mundo mais informado e consciente
Em comemoração ao Dia do Jornalista, o Sindijor exibiu o documentário “Um Homem Sem Rosto Resiste”, do cineasta goiano Luiz Gonçalves. O filme relata como sobreviventes goianos da Ditadura Militar resistiram às torturas nas prisões das Forças Armadas, em Goiânia e Brasília.
Segundo o cineasta, o documentário é uma homenagem ao seu avô, Rômulo Gonçalves, um advogado goiano que enfrentou a ditadura, e também reflete sua preocupação com a atual situação da democracia no país. “Desde as eleições de 2022, foi possível ver pessoas pedindo a volta dos militares ao poder, defendendo até a tortura; e mais recentemente, a revelação de planos antidemocráticos que pretendiam outro golpe militar no país”, afirmou.
Entre os entrevistados, a produção traz depoimentos dos ex-presos políticos goianos Abrão Marcos, médico psiquiatra; Dirce Machado, camponesa de Trombas; Horieste Gomes, historiador; Neso Natal, geólogo; Laurenice Nonô Noleto, jornalista e viúva do jornalista Wilmar Alves, ex-presidente do Sindjor-Goiás; Pinheiro Salles, jornalista baiano radicado em Goiânia; Washington Rabelo, matemático; João Silva Neto, ex-vereador; e Tarzan de Castro, ex-deputado.
Leia também:
SindJor Goiás apresenta documentário goiano “Um Homem Sem Rosto Resiste” neste domingo
Dia do jornalista: como frear escalada da violência contra profissão
O post Assassinato e abdicação ao trono, entenda por que 7 de abril é comemorado o dia do jornalista apareceu primeiro em Jornal Opção.