Tecnoshow Comigo realiza R$ 10 bi em negócios e mostra o Goiás que orgulha o mundo

Nilson Gomes-Carneiro

Especial para o Jornal Opção

Goiás são muitos Estados entre Itumbiara e Porangatu, de Campos Belos a Lagoa Santa, de Goiânia a Anhanguera. Um dos Estados, o Goiás que produz, encerrou na sexta-feira, 11, a 22ª edição da Tecnoshow Comigo, a feira que leva a Rio Verde a cada ano o que o continente tem de melhor para a agropecuária. Os números do evento, que começou na segunda-feira, 7, são assombrosos: foram mais de R$ 10 bilhões em negócios.

A Tecnoshow Comigo não tem boate da moda, não tem cantor se apresentando com bandas espetaculares, não tem nada além de tecno, pois o show é de modernidade. Para onde se vira a cabeça, o espanto é completo com novidades de virar a cabeça. Máquinas imensas. Geringonças estranhas para o citadino que ao agricultor é uma miniatura do paraíso. Inteligência artificial até para plantar grãos. Stands lotados de pessoas comprando e vendendo. Muito networking de uma turma que privilegia work.

Quem fica em Goiânia e Brasília, as capitais administrativas, precisa ter ideia do que são os quatro polos capitais econômicos de Goiás, Anápolis/Aparecida na indústria, Rio Verde/Jataí na agropecuária, Catalão na mineração e Cristalina na inovação.

O que separa Goiânia de Rio Verde não são somente os 230 quilômetros de BR-060, até porque a rodovia é duplicada e está melhor que a BR-153, que liga a capital a Itumbiara. A distância se estabelece no preconceito: tem de ser muito ignorante (no sentido de não saber de nada) para não endeusar esses caras do agro. Eles são o motor da economia, o fiel da Balança Comercial Brasileira.

Nisso, Goiás é destaque (não no sentido de destacar, tirar para jogar fora, mas no de ser invejado). Os distritos industriais das regiões Sudeste e Sudoeste goianos têm um movimento que eleva o Estado a algo como o Texas. Inclusive, no investimento: estima-se que metade dos imóveis lançados em Goiânia são arrematados por produtores rurais, tão fortes que elegeram deputado federal um ex-prefeito de pequena cidade do Sul (Daniel Agrobom, de Bom Jesus, entre Itumbiara e Rio Verde).

Ronaldo Caiado (centro) com Lucas do Vale, Paulo do Vale, Antônio Chavaglia, Daniel Vilela, Marussa Boldrin e Ismael Alexandrino | Foto: Divulgação

A parte de Goiás que orgulha o planeta se distribui por completo em sua geografia. Além de Catalão e Ouvidor, a mineração vai de Montes Claros a Hidrolina, para citar dois lugares menos falados que as riquíssimas Alto Horizonte, Barro Alto, Niquelândia e Minaçu. Até Faina, veja só, está no mapa do ouro. É indústria, sim, como o é o turismo de Caldas Novas/Rio Quente, Pirenópolis/Corumbá e Alto Paraíso. E se fundem: a altamente produtiva Jataí também é um encanto, nas zonas rural (cachoeiras tão belas quanto as vistas no exterior) e urbana (grandes lagos de águas termais). No entanto, o que deixa nacionais e estrangeiros babando é o maquinário que em Rio Verde é mais vendido para os produtores que o Tigrinho para os beneficiários do Bolsa Família de Lula.

Na Tecnoshow, conversei, além dos goianos, com produtores rurais de São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais. A pauta deles é a pré-candidatura de Ronaldo Caiado a presidente da República, mas de link aberto com o que víamos na feira. Estava ali em Rio Verde, repetiam os interlocutores, o que precisamos para o Brasil: uma gente trabalhadora, avançada em termos de tecnologia, empreendedora e nada dependente de governo. Querem Caiado no Palácio do Planalto para renovar o pensamento do país sem atrapalhar quem quer progredir. E nenhuma pessoa, rigorosamente ninguém, puxou papo sobre a ausência de autoridades federais. O presidente Lula da Silva apenas não é assunto onde se fala em trabalho, desenvolvimento e mentalidade vencedora.

Entre aqueles brasileiros de chapéu e cinto de couro, até os bancos têm de se adaptar. Há clara aproximação com as financeiras ligadas a cooperativas, inclusive no nome. Pedi a análise de um fazendeiro de Ribeirão Preto, que diz ter sido eleitor de Ronaldo Caiado em 1989, quando se candidatou a presidente pela primeira vez. Falou que “Caiado vai domar o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal para serem parceiros de quem produz, não de quem especula”. Tome crítica em personagens do Judiciário, com termos impublicáveis.

Depois de eu insistir, resumiu sua opinião sobre a falta de ministros (não necessariamente os de STF e STJ) na Tecnoshow: “Olha como o clima tá bom aqui. O cheiro tá bom, tá tudo bom”. Ele chegou a tempo da abertura, fez compras à vista e a prazo, e na hora da entrevista a moça que o havia atendido no banco o abordou com novos produtos. O produtor sorriu, dispensou e se despediu já saindo para o interior de São Paulo. Gente fina, mas desconfiado que só ele.

Além das lideranças classistas, como o ex-deputado José Mário Schreiner, e dirigentes da Comigo, como Antonio Chavaglia, os políticos mais falados foram Ronaldo Caiado e o ex-prefeito Paulo do Vale, referência para os visitantes – cerca de 150 mil neste ano. Outras estrelas que chamam a atenção vieram a Goiás para qualificar ainda mais os produtores. Sim, enquanto umas feiras investem em cantores, os astros da Tecnoshow são os palestrantes. Este turista aqui não os conhecia, mas todos ao meu redor em frente ao banco sabiam as arrobas dos especialistas. Para participar dos treinamentos, o jeito seria me inscrever nas palestras de 2026, porque as desta semana estavam lotadas desde meses atrás.

Com meu inglês de enrolation, debati com um sul-africano que se identifica como agrimensor ou engenheiro ou profissão parecida, recém-chegado dos Estados Unidos. É empregando em uma multinacional de tecnologia. Metido a entendedor do tema, por achar que estudei bastante o assunto, me vi diante de uma aula. Para ele, estávamos cercados de conhecimento profundo. Acuado pela velocidade das palavras, fui beneficiado pela tradução de um colega: a feira de Rio Verde pode ser considerada de ponta por qualquer ângulo que se avalie, já que a tecnologia vista ali não é do campo somente, é do homem, como espécie. Em resumo, a agropecuária é um vasto território de experimentos para a sociedade utilizar em sua rotina.

A cada edição, me surpreendo com a Tecnoshow. Vou esperando muito, ela entrega ainda mais. É como o Daia, o Distrito Agroindustrial de Anápolis, que tem sempre algo novo para o bem da Humanidade – é, meus amigos, sai de Goiás parte do bem-estar da população do mundo.

Nilson Gomes-Carneiro é advogado e jornalista.

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