A recente sanção da lei de reciprocidade comercial pelo governo brasileiro, em resposta às tarifas impostas pelo presidente Trump, coloca o Brasil em uma posição complexa no cenário internacional. Em entrevista exclusiva ao Jornal Opção, o professor e cientista político Guilherme Carvalho, traçou um panorama sobre as possíveis consequências da escalada protecionista americana.
Ele se diz otimista apesar do cenário caótico. “O Brasil, apesar de ter um superávit em termos de taxação, possui um déficit comercial muito grande com os Estados Unidos, maior inclusive do que na relação com a China”, afirma Carvalho. Segundo ele, a medida americana, apesar de direcionada a diversos países, não coloca o Brasil como um alvo principal.
No entanto, a situação não é isenta de riscos. A principal preocupação reside na possibilidade de uma recessão global, que, segundo Carvalho, já se encontra em um estágio avançado. “As chances de uma recessão global eram de 20% no início do ano. Hoje, são de 80%”, alerta o especialista.
A medida americana, ao fragilizar o sistema de comércio internacional, pode levar a uma queda drástica nas trocas comerciais, impactando negativamente a economia global. “A recessão é como induzir um paciente ao coma para evitar uma quebra generalizada”, explica Carvalho. “O comércio diminui, a produção diminui e automaticamente temos uma perda de renda generalizada no Globo.”
A situação brasileira
O Brasil, por sua vez, pode se beneficiar do isolamento americano, principalmente em relação à China, que busca ampliar suas relações comerciais com o país. “O Brasil aumentou em 20% o comércio com a China em relação a 2022”, destaca Carvalho. No entanto, a dependência do Brasil em relação aos Estados Unidos, principalmente na área tecnológica, torna a situação delicada.
A lei de reciprocidade comercial, sancionada pelo governo brasileiro, representa uma resposta simbólica à postura americana, mas sua efetividade ainda é incerta. “A aprovação da lei é simbólica, mas está em linha com os princípios gerais da política externa brasileira”, avalia Carvalho. “No entanto, não está claro se os Estados Unidos vão responder.”
O professor ressalta a importância de o Brasil manter uma postura pragmática e equilibrada em relação aos Estados Unidos, evitando uma ruptura completa nas relações, mas também não se submetendo às pressões americanas. “O Brasil precisa manter uma equidistância pragmática com os Estados Unidos”, afirma Carvalho. “Não podemos jogar contra demais, mas também não podemos ser muito a favor das medidas que eles propõem.”
A entrevista de Carvalho deixa claro que o Brasil se encontra em um momento crucial, com a necessidade de navegar por um cenário internacional instável e incerto. A resposta do governo brasileiro à escalada protecionista americana será crucial para definir o futuro das relações comerciais do país e seu papel no cenário global.
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