Atual presidente da Agência Municipal do Meio Ambiente de Goiânia, a Amma, Zilma Percussor Campos Peixoto tem em seu currículo passagens por pastas de destaque e em gestões memoráveis. Formada em Direito e com especialização em Gestão, Zilma já liderou as secretarias de Planejamento e de Finanças na gestão Iris Rezende, e presidiu a Amma no início do governo de Rogério Cruz, retornando a esse posto anos depois, já com a Prefeitura de Goiânia sob a direção de Sandro Mabel.
A presidente, inclusive, compara os dois gestores e diz que vê em Mabel as mesmas características que via em Iris: amor por Goiânia e determinação para entrega de obras. Com 100 dias da nova gestão, Zilma Peixoto garante que a cidade passa por um processo de limpeza e organização, o que envolve diretamente a atuação da Agência do Meio Ambiente para a conscientização – e penalização, em alguns casos de violação das normas – dos goianienses em questões cotidianas, mas essenciais, como descarte de lixo e poluição sonora.
Ela ressalta a necessidade de uma atenção maior à questão das alterações climáticas (tema que hoje é tratado por um departamento específico da Amma), garante trabalhar para enviar ainda este ano para a Câmara Municipal um Código Ambiental que possa reger de maneira mais eficaz as ações que impactam o meio ambiente, e confirma acompanhar de perto o processo de correção e aperfeiçoamento do aterro sanitário – local que, segundo ela, nem deveria existir.
Ton Paulo – No último dia 30 de março foi celebrado o Dia Internacional do Lixo Zero. A Amma promoveu ações voltadas para a conscientização da redução e reaproveitamento de resíduos?
A primeira coisa que precisamos destacar é que acreditamos muito que as mudanças de comportamento passam pela educação ambiental. No mês de março, aproveitamos duas datas importantes que são o Dia da Consciência das Mudanças Climáticas e o Dia da Água. Esse último coincidiu, inclusive, com o fechamento das chamadas “enchentes de São José”.
Nos reunimos com a Secretaria de Educação para ações em escolas. Foram duas escolas, com crianças e adolescentes que participaram conosco. Tivemos uma apresentação lúdica mostrando a questão do sol intenso e chuva severa, os alagamentos da cidade, o que também é ocasionado em função de descartes irregulares de lixo.
Começamos realmente a fazer esse tipo de ação voltada para a educação. E você vê a reação das crianças, dos adolescentes. E o prefeito Sandro Mabel contribui muito nesse sentido, sobre conscientizar quanto ao lugar adequado de descarte do lixo. As crianças veem isso tudo isso.
Não é privatizar o aterro sanitário. Acredito que o correto hoje é levar para a iniciativa privada o serviço de tratamento, ou seja, criar o centro de tratamento do resíduo
Ton Paulo – Não são todos os municípios que contam com secretárias do meio ambiente. Em Goiânia, temos uma agência que, em algumas vezes, acaba cumprindo funções de secretaria. A estrutura da Amma, hoje, é suficiente para as demandas que a cidade tem?
Hoje, a Amma tem uma Diretoria de Bem-estar Animal, o atendimento da UpaVet [Hospital Público Veterinário Goiânia]. Temos a Diretoria Ambiental e de Mudanças Climáticas, a Diretoria de Áreas Verdes. Hoje, ainda conosco, a Diretoria de Licenciamento e a Diretoria de Fiscalização. Essas são as pastas da Amma.
Com essa nova administração, o prefeito Sandro Mabel decidiu retirar de todas as outras pastas todos os assuntos pertinentes ao licenciamento e à fiscalização, inclusive da Amma. Portanto, essa parte vamos deixar de atender, e quem ficará competente será a Secretaria da Eficiência.
Ton Paulo – Mas por enquanto ainda está com a Amma?
Por enquanto, talvez por mais 30 dias, no máximo.
Ton Paulo – A senhora mencionou a existência de uma Diretoria de Mudanças Climáticas na Amma. Ela foi criada recentemente? Quais são as ações desse departamento?
Sim, esse pedido foi feito por mim ao prefeito durante o processo de transição. Eu havia participado de um evento pela Universidade Federal de Goiás, o Cidades Resilientes, e vi a relevância de ter na pasta uma diretoria e uma gerência de gestão climática.
Até porque, sabemos da necessidade do município em buscar recursos. Temos muitas oportunidades para buscar recursos federais e até internacionais quando o assunto é mudanças climáticas. Vivenciamos a necessidade de trazer para a pasta essa área, para cuidar desses assuntos que têm sido tão relevantes. Como dito anteriormente, estamos presenciando uma mudança climática muito severa, o que provoca enchentes, alagamentos. Sou goianiense, estou aqui há 62 anos, e nunca vimos uma situação tão complicada na cidade como temos acompanhado ultimamente.

Portanto, o prefeito acatou o pedido de criação da diretoria prontamente, e percebeu que realmente era muito importante. E até em função de agora termos esse departamento, fomos convidados para fazer parte de um grupo de 50 cidades que passarão por um trabalho muito importante de apoio do Ministério do Meio Ambiente pra tratar de questões relacionadas a alterações climáticas. De Goiás, foram só Goiânia e Formosa.
Isso vai agregar muito para nós em termos de conhecimento, de orientação, para buscar recursos pra tratar de assuntos relacionados.
Italo Wolff – Que tipo de ações, na prática, essa diretoria desempenha? Cria políticas públicas, códigos de conduta? E o que já está sendo feito?
Sim, a pasta cria políticas públicas. Quando se fala em trabalhar as mudanças climáticas, trata-se de antecipar ações, seja em função de água ou da falta dela, por exemplo. São políticas que vão trabalhar desde a microdrenagem até a macrodrenagem.
Estamos tentando estabelecer alguns projetos exatamente para trazer para o município a microdrenagem, porque é economicamente muito mais eficaz e viável para ser aplicada, além do fato de que vai gerar resultados, reduzindo o tamanho do investimento que teríamos que fazer nas macrodrenagens. Nós estamos trabalhando em conjunto com a iniciativa privada, com as organizações que tratam de cuidados com a cidade, a exemplo do Codese [Conselho de Desenvolvimento Econômico, Sustentável e Estratégico de Goiânia], Acieg [Associação Comercial, Industrial e de Serviços do Estado de Goiás], Secovi [Sindicato dos Condomínios e Imobiliárias].
Estamos desenvolvendo um projeto que chamamos de Zona de Desenvolvimento Sustentável. Todo parque da cidade é uma bacia. Então, via de regra, ele tem uma declividade. A princípio até chamamos de Zona de Amortecimento. Mas logo percebemos que não precisávamos cuidar, nesse projeto, apenas da questão da drenagem, mas podíamos mudar o conceito do uso do parque. Como fazer com que o parque saísse de uma esfera absolutamente contemplativa, como é hoje, para que fosse inclusiva? Vamos implementar o projeto como piloto para mudar esse modelo, para ter atividades econômicas que sejam absolutamente compatíveis com o cuidado com a flora e a fauna, mas que possamos ter uma lanchonete, uma praça de alimentação, de forma que a pessoa deseje mais estar no parque,
E isso vai trazer também resultados para a Prefeitura e ajudar a ter um melhor cuidado com essas áreas. O prefeito criou a Secretaria de Gestão de Negócios e Parcerias, que vai estar muito ligada conosco, porque todos os parques da cidade, que são 71, são geridos sob o aspecto de manutenção e gestão pela Amma. E a Secretaria de Gestão de Negócios vem para apoiar o uso e a utilização dos parques de uma forma muito sustentável.
Italo Wolff – Em que ponto está a implementação do Plano de Drenagem de Goiânia?
Apesar da troca de gestão, esse é um assunto que interessa a todos. Sabemos da necessidade do município de ter um Plano de Drenagem, e ele está sendo muito bem elaborado. A Universidade Federal de Goiás tem feito um trabalho muito positivo. E quem está fazendo a gestão para recepcionar esse Plano é a Agência de Regulação. Portanto, em nenhum momento os diálogos cessaram.
Houve apresentação e avalição do diagnóstico, e foi dada a autorização para a realização do prognóstico. Isso seguiu com alguns ajustes e agora está praticamente numa fase final de entrega. O Plano de Drenagem ainda não foi entregue ao município. Quando isso acontecer, com certeza vamos trabalhar para fazer a implementação. Ele está passando por ajustes finais e em breve deve ser apresentado para o prefeito Sandro Mabel.
Ton Paulo – Então ainda não há um prazo previsto de implementação?
De implementação, não. Entendo que ainda haverá mais alguns dias para que o Plano seja entregue. E aí a partir disso é que poderemos estabelecer um cronograma de implementação.
Mas o que o prefeito Sandro tem nos encomendado, enquanto Agência Municipal, é que comecemos a fazer esses projetos de microdrenagem. Porque vai favorecer quando tivermos que efetivamente implantar o Plano de Drenagem em sua totalidade.
Italo Wolff – Ainda nesse tema de planos que dirigem as políticas públicas, Goiânia não tem Código Ambiental. Essa normativa faz falta? Está no horizonte a criação de um Código Municipal do Meio Ambiente?
A falta do código impacta muito. Hoje, não temos o Código e ficamos presos, às vezes, em instruções, resoluções, assuntos baseados em leis federais. Ou seja, não se tem o regramento municipal. Portanto, é muito importante para o município, principalmente no que se refere a tudo que precisamos implementar.
Nosso compromisso é enviar à Câmara Municipal de Goiânia, o mais breve possível, a minuta do Código Ambiental. Vamos passar para o prefeito e remeter à Câmara ainda esse ano para que haja a formação da lei ambiental.
Ton Paulo – Uma coisa que gerou polêmica na última gestão foi um apontado corte desenfreado de árvores na cidade, e críticas quanto à escolha das espécies escolhidas para substituir as removidas. Como a Amma está atuando, hoje, quanto a isso?
Posso destacar o que temos feito atualmente. O município já conta com um plano de arborização. Isso é muito importante, pois define os exemplares adequados de árvores, proíbe alguns tipos que não favorecem o trânsito das pessoas em calçadas, por exemplo. Na atual gestão, promovemos corte de árvores que estão, infelizmente, condenadas. Mesmo já tendo tirado, por nossa conta, mais de 100 exemplares, mesmo assim perdemos muitos outros em função das chuvas. Então, precisamos realmente fazer um trabalho intenso de avaliar essas árvores.

Nós temos um equipamento que posso dizer que um ‘ultrassom’ da árvore. Esse equipamento já está na Amma, e teremos um treinamento agora, até em parceria com a Universidade Federal, para que possamos usar a tecnologia ao nosso favor.
Italo Wolff – Quem é o responsável por definir como a árvore será cortada? Fator importante, tanto para não matá-la, quanto para não danificar a fiação elétrica.
Anteriormente, foi feito um termo de cooperação entre a Amma e a Equatorial. Até diante da necessidade da Equatorial de fazer a poda da árvore para tirar dos fios, tendo em vista que a árvore, às vezes, por ocasionar problemas como queda de energia. Para poder dar essa dinâmica, foi feito o termo de cooperação que esclarece que a empresa precisa atender ao plano de arborização.
Isso, de um tempo para cá, infelizmente, não está acontecendo. Na realidade, eles estão tirando a árvore do fio, não importando de que maneira está sendo feita. Isso não pode acontecer. Logo, se eu não posso resolver o problema apenas com uma poda, lamentavelmente, iremos precisar extirpar essa árvore e fazer o plantio de uma árvore que seja adequada, que não chegue até a afiação.
Estamos presenciando uma mudança climática muito severa, o que provoca enchentes, alagamentos. Sou goianiense, estou aqui há 62 anos, e nunca vimos uma situação tão complicada na cidade como temos acompanhado ultimamente
Mas não posso deixar esse passivo arbóreo todo destruído e, com certeza, causando um dano tamanho que faz com que essa árvore caia. O número de árvores que já perdemos nesses últimos dias é muito significativo, e estamos trabalhando exatamente para identificar se as árvores que caíram têm correlação com a poda inadequada que está sendo realizada.
Ton Paulo – Imagino que a fiscalização por poluição sonora, de ruídos, seja um dos pontos de maior demanda da Amma hoje. Quais são os números?
Esse é um ponto importante, porque dentro das nossas denúncias, poluição sonora é a maior. Nos três primeiros meses da atual gestão, a Amma registrou 725 vistorias, 161 notificações e 90 autos de infração por poluição sonora.
O setor Marista, na capital, é destaque nesse sentido. Por isso, inclusive, a ação realizada nos bares, para poder realmente tratar essa questão. Somos demandados o tempo inteiro, a noite inteira. Quinta, sexta, sábado são os dias de maior demanda.
Goiânia havia especificado uma lei, dentro do Código de Posturas, que determinava o limite de 80 decibéis para ruído. Mas a lei federal trata de um limite de 50 decibéis. A determinação em âmbito municipal foi julgada improcedente, e a cidade teve que acompanhar o limite de 50 decibéis.
Com essa decisão, dos 50 decibéis, o incômodo realmente ficou mais latente. Quando a fiscalização é chamada, vamos ao local do denunciante e fazemos a medição. Porque se você faz a medição no mesmo nível da rua, não há o mesmo ruído. Constatada a violação do limite, é feita a autuação. Feitas duas autuações, há o retorno para realizar a interdição. O valor mínimo da multa é de 5 mil reais. Para reabertura, é preciso promover a retenção desse som, com trabalho de tratamento acústico, para evitar que ele se propague.
Ton Paulo – Há muitos acionamentos sobre descarte irregular de resíduos também?
Sim. O prefeito Sandro Mabel assumiu a gestão com uma missão muito grande de organizar Goiânia, de colocar a cidade nos trilhos, e uma das coisas que realmente estavam incomodando a todos nós, goianienses, era a questão da limpeza urbana. Logo, ao promover esse trabalho, começamos a notar que as pessoas faziam descartes irregulares. E é quando temos que realmente promover a fiscalização. Foram feitas várias atuações com, inclusive, a apreensão de veículos. Nós já aprendemos 15 veículos nessas ações.
Temos cinco ecopontos no município. Para implantar esse ecoponto, é necessário ter uma área com destinação específica. Não pode ser uma área destinada para escola, para unidade de saúde, por exemplo. São as áreas que chamamos de área pública municipal, APM, que não tem uma destinação e eu posso colocar uma.
O prefeito anunciou que se começaria a multar e apreender em caso de descarte irregular, e as pessoas questionaram onde, então, poderia se descartar os resíduos. Tínhamos uma urgência para dar essa possibilidade para o munícipe. Portanto, criamos mais oito pontos, que não chamo de ecoponto, mas sim de área de descarte provisório, exatamente porque nesse momento não estamos preocupados em avaliar qual a destinação dessa área. Apenas se ela é uma área pública, ou até sendo uma área privada, se o proprietário nos permite ficar ali.

Qual a diferença em fazer um ponto provisório, que não é um ecoponto? Nós o colocamos na rota de coleta. Então, naquele local escolhido sabemos que vai passar ou o caminhão da Comurg ou da LimpaGyn para fazer a retirada dos resíduos de forma diária. Essa é a diferença: jogar em qualquer lugar, situação em que a Amma fica sendo demandada por denúncias de descarte irregular, ou então a escolha de um local em que há rota para coleta.
Em locais não regulares, se for pneu, recipientes que podem armazenar água, tem-se um problema até de saúde pública, porque pode provocar focos de dengue, baratas, ratos, escorpiões, todo tipo de animais peçonhentos que acabam invadindo até a casa das pessoas que estão à margem dessas áreas não cuidadas.
E esse é um apelo que temos feito para os proprietários de lotes. Proprietários, por favor, olhem seus lotes, cerquem, porque é uma forma de evitar que as pessoas façam o descarte irregular.
Ton Paulo – Ainda temos muitos lotes baldios aqui na capital. O que se pode fazer a respeito?
Sim, muitos lotes baldios, e isso é um problema. Já dentro da legislação do Código Tributário existe a cobrança de impostos mais elevados, exatamente para que as pessoas que possuem o lote e que às vezes o deixam sem uso por anos, aguardando a valorização, percebam que isso não compensa. Ele precisa fazer realmente uma destinação daquele local. Em áreas abertas, as pessoas acabam descartando lixo de qualquer maneira. E não é só resíduo seco, mas também lixo orgânico. E o lixo orgânico é um problema maior ainda.
Ton Paulo – Uma exigência que o prefeito Sandro Mabel tem feito é referente à integração entre as pastas do Município, entre os setores da administração. A Amma tem feito parte dessa integração?
Nesse ponto, parabenizo o prefeito Sandro. Ele escolheu pessoas magníficas para estarem nessa gestão, e com esse olhar temos tido realmente essa apontada integração, essa transversalidade. Nos falamos muito, temos muita facilidade em tratar com todos os nossos secretários. Realmente temos uma transversalidade acontecendo no cotidiano.
A Amma tem necessidade de estar no dia a dia com várias pastas, como a Comurg, Seinfra, Planejamento e agora a Secretaria da Eficiência. Essas pastas são do nosso cotidiano. Todos elas dependem muito da Amma, e nós dependemos muito delas. No serviço de arborização, por exemplo. A Amma emite um laudo técnico da situação da saúde da árvore, se é caso de poda ou extirpação. Mas quem tem que cortar é a Comurg. Se não houver essa continuidade do serviço, a percepção do cidadão é a Amma não cortou a árvore.
Nosso compromisso é enviar à Câmara Municipal de Goiânia, o mais breve possível, a minuta do Código Ambiental. Vamos passar para o prefeito e remeter à Câmara ainda esse ano para que haja a formação da lei
Já a Seinfra, todas as obras que ela faz no município precisam estar licenciadas, e a licença precisa ser ágil. Porque a prefeitura busca recursos federais, por exemplo, e há prazos para dar início à obra, e para concluí-la. Essa agilidade da Amma para emitir as licenças é muito importante. E tudo o que vamos fazer em termos de uso diário precisamos da aprovação da pasta do Planejamento. É o órgão que estabelece as normativas municipais, as leis municipais, Código de obra, de Postura, Plano Diretor. Também troca muito informações durante os processos.
Portanto, a parceria dessas secretarias, não só dos secretários, mas de todo o nosso corpo técnico, é necessária para que possamos realmente fazer uma gestão séria. Sem essa transversalidade, não funciona. Um problema muito sério que vivemos em outra gestão foi a das plataformas. Uma secretaria contratava uma plataforma, outra secretaria contratava outra. Quando se tentava prestar um serviço, havia entraves para a comunicação de uma secretaria com a outra. Porque cada secretaria tem o seu universo, seu modus operandi, seu software.
A SIT, que é a Secretaria de Inovação e Tecnologia, também é muito importante para o nosso caminhar. Hoje, a Amma tem a central de atendimento 161. Mas já conversando com a SIT, não teremos mais essa central, para ser o 156 digital. Portanto, haverá uma facilidade para falar com a Agência, e não mais ficar aguardando um atendente no telefone. Logo após a transferência da fiscalização para a Secretaria da Eficiência, esse sistema já vai estar implantado. Trata-se de unificar o modo como o cidadão fala com a Prefeitura. O cidadão precisa entender que nós somos Prefeitura, isso também faz parte da transversalidade.
Italo Wolff – O Jornal Opção mostrou, em reportagem, que o Centro de Goiânia tem uma lixeira a cada 2.500 metros quadrados. De quem é a responsabilidade pela manutenção das lixeiras, pela construção delas?
A lixeira, quando está em canteiro, em praças, em parques, é de responsabilidade do Município. E o prefeito Sandro tem buscado realmente a substituição. Esse é um papel da Comurg, de fazer a substituição dessas lixeiras. A lixeira na frente da casa, na calçada da residência, é de responsabilidade do proprietário do imóvel, assim como a árvore. Mas o prefeito Sandro tem feito uma parceria com a LimpaGyn e vai ajudar também, porque sabemos que há bairros mais vulneráveis, em que às vezes as pessoas têm uma certa dificuldade de comprar e instalar as lixeiras. Vamos, então, aderir aos ganchos para que as pessoas possam colocar o lixo e evitar, por exemplo, que cães danifiquem os sacos de lixo. O prefeito já solicitou que façamos isso.
Ton Paulo – A senhora integrou a gestão do prefeito Iris Rezende, que até hoje é lembrado pela população de Goiânia. Quais as semelhanças que a senhora identifica entre o prefeito Iris e o prefeito Sandro Mabel?
Eu acho que as principais são a lisura e o comprometimento com a cidade. O prefeito Iris era um amante de Goiânia, e vimos que o prefeito Sandro, quando assumiu a Prefeitura, aceitou esse desafio quando foi chamado pelo governador Caiado. O que o Iris mais falava é que a grande motivação dele era o cuidado da cidade. Penso que esse é o maior sentimento que posso dizer que é muito parecido entre os dois, o amor por Goiânia.
Outro ponto de semelhança é a determinação. O prefeito Iris era chamado por todos como um entregador de obras. Hoje, vivemos um momento que, infelizmente, não permite que o prefeito Sandro já comece a caminhar nessa direção. Mas tenho certeza que ele também vai ser um entregador de grandes obras para Goiânia, por tudo que ele representa, a forma com que ele vem trabalhando, dedicada, olhando para todas as faces, para todos os problemas.
E acredito que essa particularidade, de ser um empresário de sucesso, de saber tratar as questões dos recursos, saber equilibrar receita e despesa com responsabilidade, o beneficia. Ele é aguerrido. O Iris Rezende também era um prefeito aguerrido. Talvez, o que os difere hoje é o tempo de sono mesmo. Acho que o Sandro Mabel dorme menos.
Ton Paulo – E qual será o papel da Amma quando a competência de fiscalização e licenciamento for transferida para a Secretaria da Eficiência?
Nós temos muitos projetos já em andamento, e vamos realmente trabalhar na essência do meio ambiente, cuidando das questões climáticas, de projetos que possam tratar temas relacionados à drenagem, cuidando muito da educação ambiental. Pois, como dito no início, tudo passa por uma população que realmente tem educação. Há exemplos que vemos em países de primeiro mundo, em que, ao final de jogos de futebol no Japão, não se tem nem uma pipoca no chão. Estamos longe de chegar nesse nível, mas a educação é tudo. Cremos muito nisso.
E Goiânia foi agora reconhecida novamente como Cidade Árvore. Novamente somos certificados. Esse é um prêmio da ONU que faz com que sejamos reconhecidos como cidade verde. Essa conquista já existia no ano anterior, mas a cada ano é preciso buscar a renovação do certificado. Então, você pode tê-lo um ano e não tê-lo no outro. É importante saber fazer as políticas para manter o título, porque são vários requisitos para cumprir.

Entregamos simbolicamente para o prefeito Sandro, o certificado de Cidade Árvore, e isso faz com que abramos reflexão sobre várias coisas. Uma delas é “O que estamos fazendo para nos apropriar desse grande trunfo, dos benefícios de cuidar do meio ambiente?”. Nesse sentido, estamos trabalhando para buscar a implementação da UCS [Unidade de Crédito de Sustentabilidade (UCS) é uma moeda ambiental que remunera a conservação de florestas nativas], que é a unidade de carbono. A UCS é melhor que crédito de carbono por si, e já estamos com bastante tratativas para que possamos nos apropriar de todo o nosso verde.
E que isso venha a motivar o cidadão a não cortar, a não perder o verde. Hoje, já vemos a UCS sendo aplicada em áreas agrícolas. As pessoas estão percebendo que o que vão ganhar não desmatando é mais do que ganhariam se desmatassem. Essa consciência do crédito verde é muito importante.
E o outro trabalho que o nosso prefeito também tem demandado muito, e que trabalharemos de forma intensa, é a da logística reversa. Temos um problema sério de pneus. Estamos tratando isso tanto com o prefeito, tanto com o Ministério Público para trazermos os responsáveis por esses descartes irregulares.
O revendedor e o fabricante, quem comercializa e quem produz, são responsáveis por retirar os pneus do mercado. E hoje está sobrando no nosso município, e vamos exigir a retirada. Não é uma coisa que vamos pedir, a lei federal exige que quem produz e quem comercializa precisam dar destinação.
Recentemente, pegamos uma área que deve conter mais de 20 mil pneus. Por que esses 20 mil pneus estão lá? Está totalmente inadequado e traz, como eu falei, o risco para a de saúde pública. O pneu é um problema. Tudo que for da logística reversa, e vamos começar pelo pneu, vamos tratar. Isso faz parte da nossa renovação do nosso plano de resíduos sólidos.
Italo Wolff – E sobre o aterro sanitário, o que pode ser feito?
Goiânia precisa deixar de ter um Aterro Sanitário, que é um problema sério hoje. Goiânia não tem uma área que seja tão ampla como é o aterro, que pudesse marcar um novo aterro. E por que falar de um novo aterro sanitário, se temos tanta tecnologia que evita que tenhamos um novo local nesses moldes? O prefeito tem colaborado muito conosco no sentido de buscar empresas para aplicar ou colocar em prática os centros de tratamento de resíduos. E aí teremos tratamento de resíduos de construção civil e até da questão do lixo orgânico, porque hoje o lixo é riqueza. Se tínhamos esse equívoco, acho que essa palavra precisa até ser colocada entre aspas. O que é lixo? Lixo hoje é riqueza, se bem cuidado. Porque do lixo eu tiro gás, tiro o adubo, a compostagem.
Italo Wolff – Havia uma conversa a respeito da privatização do aterro sanitário. Mas a senhora acredita que o ideal é que ele nem existisse, correto?
Não é privatizar o aterro sanitário. Acredito que o correto hoje é levar para a iniciativa privada o serviço de tratamento, ou seja, criar o centro de tratamento do resíduo. É no que estamos trabalhando hoje, que o prefeito está trabalhando.
O post Zilma Peixoto: “Goiânia precisa deixar de ter um aterro sanitário. É um problema sério hoje” apareceu primeiro em Jornal Opção.