Em meio ao crescente conflito entre humanos e elefantes na África, uma solução sustentável e inovadora está ganhando destaque: o uso de abelhas para proteger plantações. No Quênia, agricultores vêm utilizando cercas feitas com colmeias como uma barreira natural e eficaz para manter os elefantes afastados das lavouras.
Com a expansão das terras agrícolas invadindo os habitats naturais dos elefantes, o contato entre esses animais e os seres humanos se tornou mais frequente — e muitas vezes perigoso. Os elefantes, atraídos por plantações nutritivas e fontes de água, invadem propriedades rurais em busca de alimento, causando prejuízos devastadores.
Esse tipo de conflito, segundo especialistas, é comum em regiões como Quênia, Tanzânia, Moçambique e Tailândia. A situação se agrava com o crescimento populacional humano e a recuperação das populações de elefantes, que aumenta a sobreposição de territórios.
Pesquisas lideradas pela organização Save the Elephants revelaram que os elefantes têm uma forte aversão ao som e às picadas das abelhas africanas. Com base nesse conhecimento tradicional, cientistas criaram um sistema de cercas com colmeias intercaladas por toda a extensão das lavouras.
O projeto, iniciado nos anos 2000, comprovou que os zumbidos das abelhas funcionam como um repelente natural. Além disso, as colmeias são distribuídas de forma estratégica: colmeias reais são alternadas com estruturas falsas que imitam caixas de abelha, reduzindo os custos sem comprometer a eficácia da ilusão para os elefantes.
Um estudo recente demonstrou que, em nove anos de monitoramento em vilas do sul do Quênia, 75% dos elefantes foram afastados pelas cercas de colmeias. Além disso, os agricultores lucraram com a venda de mel, gerando uma renda extra sustentável para as comunidades locais.
Segundo Emmanuel Mwamba, agricultor e hoje instrutor do projeto, “as colmeias não apenas protegem nossas colheitas, mas também nos ajudam financeiramente com a produção de mel”.
Desafios climáticos e sustentabilidade
Apesar do sucesso, o método enfrenta limitações. Anos de seca reduzem as populações de abelhas, e chuvas excessivas afetam a floração das plantas, impactando a produção de mel. Diante disso, os pesquisadores sugerem uma abordagem integrada, combinando as cercas de colmeias com torres de vigilância, luzes e outras ferramentas de dissuasão.
As cercas de colmeias representam uma alternativa ecológica, de baixo custo e com benefícios sociais significativos. Elas não apenas protegem as plantações, como também promovem a convivência pacífica entre as comunidades rurais e a vida selvagem.
Hoje, centenas de cercas com colmeias já estão em uso em vilas como Mwakoma e Mwambiti. “Antes, vivíamos com medo dos elefantes. Agora, podemos cultivar nossas terras em paz”, afirma Mwamba à reportagem da BBC.
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