Como testemunha, a influenciadora Virgínia Fonseca prestou depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Bets, nesta terça-feira (13). Logo nos primeiros minutos, depois que um senador pediu uma selfie com ela, o presidente da CPI, Hiran (PP – RR), disse que não deixaria a situação virar um “circo”. Acontece que o circo já estava armado e a performance em andamento.
Sempre rindo, Virgínia escolheu uma imagem despretensiosa para prestar depoimento: usou um moletom com o rosto da filha Maria Flor, de 2 anos, uma subcelebridade à parte, que constantemente viraliza na internet e é muito querida pelo público fiel da influenciadora; na mesa, uma garrafinha Stanley rosa.
Segundo a falar, foi o senador Cleitinho Azevedo (Republicanos – MG) quem pediu uma foto com a influenciadora, que gravou até vídeo mandando beijos para as filhas dele. Ele também elogiou o pré-treino da empresa de Virgínia, que o tratou como um fã e lidou com a situação no mesmo tom que tratou toda a CPI: sorridente e descontraída.
Várias cenas do depoimento viralizaram: Virgínia chupando o microfone ao invés do canudo da garrafa e Hiran discordando quando ela chama o marido, o sertanejo Zé Felipe, de “gato”. As risadas no Senado foram altas. O excesso de brincadeiras passou a imagem de que Virgínia é alheia à gravidade da situação ou muito segura da falta de consequência prática.
O sorriso congelado e as investidas soaram como deboche. Soraya Thronicke (Podemos – MS), relatora da CPI, foi a única da mesa que não riu das ‘piadas’ de Virgínia, e aproveitou brechas para perguntas mais incisivas sobre a responsabilidade da influenciadora. Com isso, conseguiu a confirmação do que todos já desconfiavam: a plataforma usa contas específicas para a divulgação do jogo – que, como podemos ver nos stories, mais ganham do que perdem.
Quando perguntada sobre seguidores que procuram ajuda por vícios em apostas, Virgínia disse que não tem o poder de ajudar. A fala tira o foco de quem divulgou o jogo e o coloca sob a vítima. Com mais de 50 milhões de seguidores nas redes sociais, ela apagou o princípio de quem trabalha com publicidade na internet: influenciar.
Liberada pelo ministro Gilmar Mendes, do STF, a ficar em silêncio quanto a fatos que possam incriminá-la, decidiu não responder quando questionada sobre o maior valor que já recebeu pela divulgação de casas de apostas. Virgínia foi convocada por Soraya para depor, pelo envolvimento em campanhas para casas de apostas e com o objetivo de entender o papel dos influenciadores na promoção de jogos de azar.
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