Uma homenagem simbólica durante as Cavalhadas de Pirenópolis, tradicional manifestação cultural e religiosa do interior goiano, culminou na expulsão de um cavaleiro do evento. O Instituto Cultural Cavalhadas de Pirenópolis, por meio de nota oficial divulgada nesta quarta-feira (12), informou que o cavaleiro Paulo Geovane de Oliveira não faz mais parte do quadro de participantes, após ter realizado entregado a argolinha para a ex-candidata a prefeita da cidade Ynaê Siqueira.
Durante a encenação deste ano, Paulo Geovane utilizou o microfone do evento para entregar uma das tradicionais argolas – símbolo de habilidade e honra dos cavaleiros – à ex-candidata à prefeitura do município, Ynaê Siqueira (UB) num gesto que o Instituto entendeu como promoção política. Na nota, os organizadores afirmam que o ato “gerou imediata reprovação por parte do público, que reagiu com vaias ao espetáculo”.
Segundo o Instituto, a decisão pela exclusão foi unânime entre os Reis e Embaixadores dos Castelos Cristão e Mouro, com apoio dos demais cavaleiros, em conformidade com o Estatuto e Regimento Interno da organização. “A Cavalhada é uma manifestação cultural e religiosa, com caráter apartidário”, diz o texto. “Ao longo de seus 199 anos, manteve-se acima de interesses políticos, sendo sustentada pelo povo pirenopolino, independentemente de partidos, governos ou gestores públicos.”
Contudo, a decisão gerou críticas nas redes sociais e entre apoiadores do cavaleiro. A própria homenageada, que não teve seu nome divulgado na nota oficial, se manifestou: Durante as Cavalhadas, fui homenageada, e agora querem retirar o cavaleiro que fez a homenagem. No entanto, outros políticos também receberam argolinhas de outros cavaleiros, e nenhum desses cavaleiros está sendo afastado das Cavalhadas. […] O ato de retirar esse cavaleiro das Cavalhadas é autoritário e antidemocrático.”
André Luiz Pio também criticou a expulsão do cavaleiro e lembrou que membros da cavalhada participaram, por exemplo, de um evento de filiação partidária do PSDB. “Lá estavam eles com todas as vestimentas representando as cavalhadas. Mas se for contrário é expulso. Aos amigos do rei as benesses da lei. Aos inimigos, os rigores da lei”, disse.
Nota do Instituto Cavalhadas de Pirenópolis
O INSTITUTO CULTURAL CAVALHADAS DE PIRENÓPOLIS, juntamente com os representantes dos Castelos Cristão e Mouro, sob a liderança dos Reis e Embaixadores, vem a público informar que o senhor Paulo Geovane de Oliveira, não integra mais o quadro de cavaleiros das Cavalhadas de Pirenópolis-GO.
A decisão foi tomada de forma unânime pelos Reis e Embaixadores, com o apoio de todos os demais cavaleiros, em conformidade com o Estatuto e o Regimento Interno, após a ocorrência de episódio que vai de encontro aos princípios que regem nossa tradição centenária.
Durante determinado momento da Cavalhada, o ex-cavaleiro utilizou-se do microfone para fazer declaração de cunho político partidário, relacionando a entrega simbólica de argolinha a potencial candidato político. Esclarecemos que o ato da entrega de argolinha não é o problema, mas sim o uso político e promocional feito em momento e espaço dedicados à cultura e à fé, de modo que, a manifestação gerou imediata reprovação por parte do público, que reagiu com vaias o espetáculo.
Reforçamos que a Cavalhada é uma manifestação cultural e religiosa, com caráter apartidário. Ao longo de seus 199 anos, manteve-se acima de interesses políticos, sendo sustentada pelo povo pirenopolino, independentemente de partidos, governos ou gestores públicos.
Válido salientar que infelizmente, esta não foi a primeira ocorrência. Já em outras ocasiões, o referido cavaleiro utilizou a estrutura e os símbolos da Cavalhada para promover interesses políticos, em desrespeito ao compromisso de neutralidade que se espera de todos os participantes.
Diante disso, e visando preservar a integridade, o respeito e a seriedade da festa, foi decidido que o senhor Paulo Geovane de Oliveira não poderá mais representar o Castelo Mouro nem participar das encenações entre Mouros e Cristãos.
Reafirmamos nosso compromisso com a fé, a cultura e o povo de Pirenópolis. A Cavalhada não é palco político – é expressão de tradição, união e devoção.
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