Confira o único documento fotográfico sobre a corrida do ouro no Alaska

 A corrida do ouro no Ártico (Alaska e regiões fronteiriças do Canadá) ocorrida no apagar do século XIX conta sem dúvida entre os mais dinâmicos movimentos sociais dos EUA. Além de envolver aventureiros do mundo todo, provocou deslocamento de massas populacionais de todos os Estados americanos para as margens do Rio Yukon e seus afluentes, inclusive e principalmente o famoso Klondike.

Erik A. Hegg: o fotógrafo sueco que documentou a corrida do ouro nos Estados Unidos | Foto: Reprodução

Regiões antes desconhecidas, vastidões desabitadas, a não ser por reduzidas tribos indígenas e animais selvagens das planícies geladas, viram-se da noite para o dia invadidas por homens e mulheres dispostos a arriscar a vida por uma fortuna rápida e aparentemente fácil. Milhares e milhares de aventureiros (a maioria ignorante em mineração) enfrentando as mais difíceis situações de intempéries, índios hostis, animais agressivos, desabastecimento e fome, arrancaram, em algumas décadas, cerca de 400 toneladas de ouro, a maioria na região do Klondike.

Cidade de Dawson, Yucom | Foto: Erik A. Hegg

Desses mineiros poucos fizeram fortuna, pois atrás deles chegaram à região, fixando-se principalmente na cidade mais importante então formada, Dawson, jogadores profissionais, proprietários de bares, proxenetas com suas mulheres, ladrões, assassinos e todo um rebotalho de desocupados que as crises bancárias e industriais do final dos anos 1890 e começo dos anos 1900 haviam deixado sem trabalho nos EUA. Eles se encarregavam de aliviar os mineiros do ouro a custo arrancado do solo endurecido e dos riachos escondidos pelas camadas de gelo.

Corrida do ouro no Alaska, no século 19 | Foto: Erik A. Hegg

Muitos autores escreveram sobre a corrida, alguns deles por tê-la vivido, e o principal deles foi Jack London, que encontrou nela a principal inspiração de sua obra.

A fotografia engatinhava, o equipamento era precário, pesado e incômodo de transportar nas trilhas íngremes e geladas, ou nos botes que se atreviam nos rápidos rochosos dos rios que buscavam o interior do Alaska ou da Columbia Britânica.

A despeito disso, um fotógrafo sueco, emigrado garoto para os EUA, Erik A. Hegg, que vivia em Belligham, perto de Seattle, resolveu fazer a trilha para o Klondike e documentá-la, mesmo sabendo que a viagem poderia, se feita nas melhores épocas, e com sorte, durar 50 dias. Em condições desfavoráveis, até oito meses. Não era difícil, também, morrer na empreitada. Podia-se morrer de várias maneiras, entre elas não conseguir acender um fogo, se acampado durante o inverno, em algum lugar da trilha.

Construção de ferrovia em Eyak Lake, no Alaska | Foto: Erick A. Hegg

Hegg viajou pela região de 1897 a 1899. Do ponto de vista fotográfico, garimpou ouro: suas fotos, de uma qualidade extraordinária para a época, mostram, com arte, os vários aspectos da corrida: homens na trilha, figuras típicas (homens e mulheres), acampamentos e cidades criados pelos aventureiros, paisagens, tudo dentro de um realismo dramático. Hegg morreu em 1955.

Nesse mesmo ano, um padre encontrou vários álbuns com suas fotos em um caminhão de lixo, e as entregou à Universidade de Washington. O professor Murray Morgan escreveu um texto, e publicou com elas o livro “One Man’s Gold Rush” pela universidade. Que eu saiba, é o único documento fotográfico sobre a corrida do ouro no Alaska. 

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