Página 3 entrevista Rafael Vicente: Tenente-Coronel volta a comandar a PM de Balneário Camboriú

O 12º Batalhão de Polícia Militar (BPM) de Balneário Camboriú tem novo comandante, o tenente-coronel Rafael Vicente, que reassumiu o comando no último dia 27. Ele é o primeiro comandante a voltar para o cargo em Balneário Camboriú, que ocupou entre 2022 e 2023. 

Natural de Florianópolis, ingressou na PMSC em 2004. Antes de retornar ao comando do 12BPM, ocupava o cargo de chefe do Centro de Operações Policiais Militares (COPOM), vinculado ao 3° Comando Regional de Polícia Militar (RPM). 

Vicente concedeu entrevista ao Página 3 nesta semana onde falou sobre o retorno e antecipou quais são suas prioridades e principais desafios. Acompanhe:

JP3: Em 2023, quando a sua saída foi anunciada, houve pedidos da comunidade e de autoridades na época para a sua permanência no 12BPM. Como foi o processo da sua volta e o que significa?

Rafael Vicente: Foi um processo de evolução, tanto  pessoal quanto o de acompanhamento da instituição. A Polícia Militar de Santa Catarina completa 190 anos no dia 5 de maio próximo. A Polícia Militar tem seus processos de evolução, de mudanças e naquele momento foi entendido que deveria acontecer essa mudança (a saída dele do comando do 12BPM). É claro que eu tenho as minhas vontades, minhas opiniões pessoais, mas, como eu falei, eu faço parte de uma instituição e nós seguimos o que a instituição entende que é o melhor naquele momento. Agora, com a mudança do Comando Geral, com o Coronel Emerson Fernandes, e o subcomandante Coronel Joffrey, que já trabalhou aqui na região, conhece muito bem porque comandou a 3a Região aqui, e com o apoio dos dois, principalmente do Coronel Emerson Fernandes, do Comando Geral com uma nova visão, com um novo estilo de comandar a polícia, foi decidido pela minha volta ao comando. Então, desde semana passada, 27 de fevereiro, assumi novamente o comando do 12o Batalhão de Polícia Militar.

JP3: O Sr. tem mais de 20 anos de Polícia Militar, serviu no BOPE, atua bastante na parte de Inteligência da PM…

RV: Sim. Eu tenho 21 anos de Polícia Militar. Sou filho de policial militar, minha irmã é policial civil, minha irmã é policial penal, estudei no colégio militar a vida inteira. Trabalhei já aqui na região, em 2007 e 2010, trabalhei em Itajaí, Navegantes, conheço bem a região aqui já há muito tempo, depois fui para Florianópolis, trabalhei sempre na área de Inteligência e na área do Tático, trabalhei quatro anos no 4º Batalhão, que é a área central das comunidades ali do Maciço do Morro da Cruz, em Florianópolis, depois trabalhei quase 5 anos no BOPE, fui para o comando em geral, 12º Batalhão de Polícia Militar. Então, sempre trabalhando nessa área de inteligência, na área de repressão ao crime organizado, área de combate ao tráfico de drogas, e a nossa ideia também é fortalecer isso aqui em Balneário Camboriú, como nós já fizemos outra vez; fazer agora mais uma vez a questão do reforço também, da parte de Inteligência, e como eu falei, repressão ao crime organizado e ao tráfico de drogas, será também novamente nosso carro chefe aqui das operações do batalhão. Temos nossas ações preventivas, que são extremamente importantes, como a Rede Catarina, Rede de Proteção a Mulher, Proerd, continuarão e serão fortalecidos, mas também vamos fazer a parte repressiva, como eu disse, tráfico de drogas, crime organizado, furtos, roubos, isso aí vai ter uma atuação muito forte da nossa parte de inteligência aqui no Batalhão. 

JP3: O Major Favoretto [que estava como comandante interino desde a saída do Tenente-Coronel Eder Jaciel de Souza Oliveira] vai continuar como seu subcomandante?

RV: Sim, nós já fizemos essa dupla aí, que foi muito boa, na minha opinião, em 2022 e 2023. Eu era o comandante, o Major Favoretto subcomandante. Ele assumiu o comando interino do batalhão, fez um excelente trabalho, um grande trabalho. A ideia é continuar o trabalho que eu já tinha feito anteriormente e continuar o trabalho do Major Favoretto, que segue no 12º Batalhão, como subcomandante. Agora com a experiência de já ter sido comandante também é mais uma força. Ele tem uma grande capacidade profissional e pessoal e vai continuar aqui no 12º Batalhão. 

JP3: Balneário é uma cidade que o pessoal comenta muito sobre ter os chamados ‘pequenos crimes’, mas que incomodam, como furto/roubo celular, furto de bicicleta e fiação, mas a PM também faz grandes apreensões de drogas e prisões importantes. Como está a situação da segurança de Balneário hoje?

RV: Está excelente, eu diria. Na quarta-feira (5) de manhã, eu comentava com umas pessoas, eu falei, ‘o Carnaval de Balneário Camboriú é um dos mais seguros do Brasil, senão é o mais seguro do Brasil’. Se você olhar no Carnaval, nós tivemos dezenas de festas simultâneas em Balneário, Praia Brava de Itajaí e Camboriú, e de ocorrência nenhuma ligada ao Carnaval. Tivemos na área central aqui em Balneário, na Atlântica, festas com 10, 15 mil pessoas, grandes eventos e nenhuma ocorrência gerada. Eu diria, comparando com outras cidades, sem citar nomes de outras cidades, mas comparando com outras cidades de fora de Santa Catarina, a gente acompanha normalmente esse tipo de festa termina em facada, morte, homicídio, briga generalizada, e isso não aconteceu em nenhum momento aqui em Balneário Camboriú. Mesmo reunindo muitas pessoas, na praia, por exemplo. Domingo (02/03) tinha muita gente na praia, acho que foi o dia, na minha leitura, de maior movimento, e com muitos eventos em Camboriú e na Praia Brava. 

Mas com relação aos pequenos crimes, como furtos de fio e de bicicleta,  eu não gosto de usar essa expressão [pequenos crimes]. São crimes. Porque a pessoa acorda de manhã, quando é um morador do prédio, ele abre o WhatsApp do grupo do condomínio e ele vê que entraram durante a noite no condomínio e levaram cinco metros de fio. O morador se sente invadido, ele se sente lesado, ele sente que alguma coisa aconteceu, que podem entrar na casa dele, que a família dele está ameaçada. Por mais que eu diga que foi um crime de furto, que normalmente é cometido por alguma pessoa em situação de rua, por mais que não seja um crime ‘grave’, a pessoa se sente invadida, e é importante atuar nesse crime. Nós estamos atuando. Então, principalmente na área central de Balneário Camboriú, tem um ‘corredor’ onde acontecem esses furtos de fios na madrugada.

Galeria de ex-comandantes de Balneário (Foto Renata Rutes)

JP3: A PM já estão fazendo operações, indo até as recicladoras…

RV: Exatamente, para saber quem está receptando, saber quem está vendendo. A questão dos celulares há bem poucas ocorrências, eu acredito que no Carnaval foram duas ocorrências. E a gente atuou bastante, tanto pela PM quanto pelos órgãos da prefeitura, na questão de prevenção, orientações das mulheres, principalmente, na questão dos celulares. O furto de celular é um negócio que diminuiu bastante. O furto de fiação realmente ainda tem um número considerável, mas gira nessa questão, que é uma discussão que é multidimensional, como eu diria assim, com as pessoas em situação de rua. 

Se eu pegar os furtos, 99% deles, de fios, são feitos por pessoas em situação de rua. É um trabalho que deve ser feito pelo governo estadual, municipal, o Poder Judiciário, Ministério Público, Secretaria de Saúde, Assistência Social, para resolver essa questão. Se a pessoa cometeu um crime, vai ser abordada de modo geral como criminoso. Mas a pessoa está doente, usando drogas, precisa de assistência social, vai ser oferecido. Mas se cometeu um crime, a figura nesse contexto muda, vai ser tratado como criminoso. 

Não podemos aceitar que uma pessoa pegue uma faca, coloque no pescoço de um morador para roubar um celular, e falar ‘ele é um morador de rua, então não vai acontecer nada’. Não, vai ser tratado como um criminoso tanto pela polícia quanto pelo Poder Judiciário e o Ministério Público.

JP3: Um crime que aumentou e é um assunto que a delegada Ruth Henn, da Delegacia da Mulher (DPCAMI) sempre trata, é a questão da violência doméstica. O senhor citou a Rede Catarina. Como é a preocupação com esse crime, que infelizmente ainda está muito presente, né?

RV: Inclusive eu irei chamar as policiais femininas daqui, que trabalham na área de proteção à mulher, da Rede Catarina, para me atualizar dos números, mas é realmente uma preocupação muito grande, principalmente em Camboriú. Balneário Camboriú nós temos um número de ocorrências que está no padrão do estado, porém em Camboriú nós temos um número elevado de ocorrências e é uma discussão assim que eu não sei da resposta exata, mas é uma discussão de: por que que esse número é tão grande? 

Tem essas duas questões, porque pode ser que aconteceu sempre e ninguém nunca denunciou, e há o sinal positivo de ter ‘aumentado’ os casos justamente porque as pessoas têm mais acesso e estão denunciando. 

Nós temos hoje o botão do pânico, por exemplo, no celular, que a pessoa, se ela tem uma medida protetiva de urgência cadastrada, ela aperta o botão do pânico e imediatamente uma guarnição vai para o local que ela está indicando. Então, tem essa questão da facilidade, vamos dizer assim, de denunciar, que é muito bom isso. 

Nós temos essa semana a comemoração do Dia Internacional da Mulher, a Polícia Militar participou dos eventos na sexta (7) à noite no teatro e no sábado (8) na caminhada na Atlântica. A Polícia Militar vai estar atuando com a prefeitura, através dos nossos programas institucionais.

JP3: Como vê a questão da integração com a Guarda Municipal? Porque antes era uma coisa que parecia distante, mas desde a sua primeira passagem pela PM em Balneário Camboriú já trabalhava diretamente, com operações conjuntas. Como vê a importância dessa união das forças?

RV: São fases também, fases da evolução, como eu falei da Polícia Militar e da própria Guarda Municipal. A GM vai passando por fase e a Polícia Militar também, então na minha primeira gestão, na minha primeira passagem aqui no comando, nós tínhamos um trabalho muito bom junto com o secretário de Segurança da época, Gabriel Castanheira. Foi um trabalho muito integrado junto com a prefeitura e principalmente com o Castanheira, que era o meu contato ali direto. É um grande amigo, uma pessoa muito leal e tenho ele realmente como um amigo e nesse período de fora inclusive continuo conversando com ele bastante, e tenho certeza que agora também com o Coronel Evaldo à frente da Secretaria de Segurança, com a nova gestão, nós vamos continuar esse trabalho. 

Já aconteceu no Carnaval junto com a Secretaria de Segurança e a Secretaria de Turismo também. A nossa ideia é trabalhar de modo integrado e o que eu vejo de diferente em Balneário Camboriú é justamente isso, esse integrado da Polícia Militar, representando o governo estadual e dos órgãos municipais, sempre trabalhando de modo conjunto também na proteção à mulher, Meio Ambiente… com todas as secretarias. Então, da nossa parte, com certeza vamos continuar a trabalhar juntos.

(Foto Renata Rutes)

JP3: Onde vem se concentrando mais os crimes em Balneário? No Centro ou nos bairros?

RV: No geral, eu não gosto muito de olhar tabelas, números de Excel. Não é muito a minha. Eu gosto de acompanhar e sentir a cidade. Eu sou morador da cidade, eu moro aqui desde a minha primeira passagem, e aqui eu continuo morando, então eu conheço bem a cidade pelo fato de ser morador. Eu tenho a visão do policial, do comandante, mas tenho a visão de morador também. Então, com essa visão, com esse contexto, vejo que na área central nós temos muitos furtos de fiação, esses furtos de porta de alumínio. É mais nessa área central que parece que nós temos um ‘corredor’. As pessoas passam naquelas imediações da Rua 1.500, da 1.000, da 904, 906, ao redor do Camelô. São ruas que ligam com a marginal da BR. Então, as pessoas [em situação de rua] vêm para Balneário Camboriú, às vezes, fazem uso de drogas na praia e voltam furtando. É muito característico isso. 

Nos demais bairros, como Municípios, nós temos alguns locais com pontos de venda de drogas, tanto que tivemos uma apreensão grande de drogas no Municípios nesta semana. A questão das drogas gera uma criminalidade. Voltando à questão anterior da área central, eu já falava na gestão anterior da prefeitura, falo agora na gestão atual – aquela área central tem que ser revitalizada de algum modo, nas imediações do Camelô, principalmente. 

Nós temos um acúmulo grande de lixo ali. Então, esse lixo tem que ser de algum modo regularizado, vou dizer assim. Então, não pode o lixo do Camelô inteiro, ficar acumulado ao redor ali. A pessoa ficam ali e ficam cometendo crime – ele pega o lixo que tem que pegar, reciclável, enfim, e fica ali esperando vir mais lixo, e enquanto isso vai cometer os crimes ao redor. 

JP3: E qual poderia ser a solução?

RV: Uma das soluções que eu vejo são aquelas lixeiras subterrâneas, que já tem algumas pela cidade. Seria um bom caminho. O próprio Camelô, a gente tem que conversar com eles para orientar sobre o lixo, para não ser colocado ali na frente do Camelô. Se você passar ali na Rua 1.000, por exemplo, tem mais 20 lixeiras e é um local que o pessoal faz depósito de móveis, geladeiras… Então, não pode ter aquilo ali. 

Nós temos uma teoria, uma teoria bem antiga, que foi utilizada lá em Nova York, em 92, quando Nova York teve uma explosão de crimes, que é a teoria das janelas quebradas: o local que parece ser abandonado, que parece ser propício para o crime, o crime vai acontecer. Então, algumas ruas abandonadas, com iluminação ruim, casas abandonadas, com árvores que não foram cortadas, você vai ver que normalmente os crimes acontecem ali, naquelas ruas, naquelas imediações, a exemplo do Beco do Brooklyn, que mudou drasticamente após a sua revitalização. 

Então, essa intervenção do Poder Público, ela é necessária. E a área central, essas ruas ali, 904, 906, 1000, o começo da 1500, precisa dessa intervenção nesse sentido. E sobre os demais bairros, como Bairro das Nações, o que gera ocorrências nele são as conveniências. As conveniências 24 horas. Na minha opinião, conveniência 24 horas em bairro ela não tem porquê. Ela não gera economia, até para o próprio estabelecimento. O local que vende Corote por 5 reais, caipira de balde, capeta por 10 reais, a noite inteira, no bairro ele vai lucrar 50 reais, e aquilo ali vai gerar ocorrência. 

Nós temos ocorrências graves que foram geradas e o início da ocorrência sempre é em uma conveniência às 4 horas da manhã. Então não tem porquê. É uma cidade turística e entendo que há locais que podem permanecer com horários mais estendidos ou não, mas nos bairros eu não vejo motivo para ter uma conveniência 24 horas.

A área da aviação (Foto Renata Rutes)

JP3: Como está a questão do crime organizado em Balneário hoje, das facções?

RV: Nós temos uma facção criminosa que atua no estado de Santa Catarina já há mais de 20 anos, e ela tem alguns pontos de presença em Balneário Camboriú e Camboriú. Na área de Camboriú são pequenas presenças, mas nós temos uma presença intensa deles nos pontos de drogas, principalmente no Tabuleiro e Monte Alegre. 

Falando de Balneário, inclusive semana passada na Vila Fortaleza, que também chamam de Brejo, enfim, nós tivemos um confronto da Polícia Militar com um adolescente, que ele era faccionado. Ele era um adolescente faccionado. Tinha algumas passagens por tráfico de drogas, um homicídio, inclusive… tem um vídeo que gravaram ele matando uma outra pessoa com pauladas e ele fez questão de gravar esse vídeo. Temos presente esse tipo de situação aqui em Balneário Camboriú e Camboriú, mas como eu falei já está sendo fortalecido o nosso serviço de Inteligência, junto com o Tático, para atuar nesses pontos específicos. Essa Inteligência hoje trabalha muito em Camboriú, porque o tráfico de drogas que acontece na praia em Balneário, é um tráfico que vem de Camboriú, então a gente faz essa atuação aí.  

JP3: E facções de outros estados? Já tem atuação em Balneário Camboriú?

RV: Nós temos algumas prisões até emblemáticas ao longo dos anos, e aqui em Balneário e Camboriú, de facções criminosas de São Paulo, Rio de Janeiro, de líderes, na verdade, que muitas vezes vêm aqui para ficarem escondidos, né? Inclusive da Máfia Italiana, temos algumas prisões que foram feitas. Então, tem essas presenças pontuais. Eu não vejo presenças maciças, por exemplo, com pontos de venda de drogas locais dominados por facções de outros estados. Eu não tenho essa leitura. Nós temos, como eu falei, uma facção local em Santa Catarina. E essa facção local é que domina o tráfico de drogas nessas regiões aqui de Balneário e Camboriú, principalmente. De outras facções dos outros estados, são questões pontuais. Pessoas pontuais, situações pontuais, mas não que sejam locais que tem uma presença dessas facções criminosas. 

JP3: Sobre aquela questão do ‘gargalo da segurança’, que a policia prende muitas vezes o mesmo criminoso, conhece a maioria de quem comete furto na cidade, e eles acabam não ficando presos. Como é a visão do senhor sobre isso?

RV: Hoje, a legislação acaba favorecendo uma pessoa que comete um crime. Então, a gente está falando aqui do crime de furto de fios, por exemplo. O policial, muitas vezes, vai ficar quatro horas para fazer uma prisão dessa. Até prender o criminoso, levar na delegacia, fazer a entrega do preso. Quatro horas e provavelmente ele (o criminoso) não vai ficar preso. Não por culpa do delegado, mas o delegado tem que seguir a lei. E se ele ficar preso, provavelmente ele vai ser solto no dia seguinte na audiência de custódia. Mesmo tendo muitas passagens. 

Na nossa ideia, isso (ter muitas passagens) deveria influenciar, então o nosso serviço é feito para isso. Eu entendo que uma pessoa com 80 passagens criminais, com 80 prisões… tem algo errado naquela pessoa. 

Eu imagino que ela vai ser solta e vai cometer o crime novamente. 

O Estado tem que fazer alguma intervenção. Teve um caso recente de uma pessoa que foi presa, com 80 passagens policiais e foi solta no dia seguinte. O nosso entendimento é que ele deve permanecer preso, né? E esses casos do tráfico de drogas, crime organizado, nós tentamos fazer relatórios mais robustos, com filmagens, com acompanhamentos, para caracterizar bem, para deixar mais concretizado o crime para que não seja preso, solto, preso, solto e aquela coisa do crime compensar.

O crime não pode compensar. Realmente é uma discussão eterna, que acontece não só em Balneário Camboriú, mas no Brasil inteiro, sobre a legislação. Muitas vezes o próprio juiz e o promotor têm a mesma linha de pensamento que a nossa, só que ele tem que seguir a legislação, como a Polícia Militar e a Polícia Civil também tem que seguir. 

JP3: O Sr.acredita que, talvez o caminho, algo que poderia ajudar, seria construir mais presídios?

RV: Olha, a construção de presídios, é um assunto polêmico, mas necessário. Então nós teremos agora, foi anunciado pelo governador Jorginho Mello, a desativação do complexo penitenciário da Trindade, então os presos serão remanejados para outros locais e a construção de presídios e estabelecimento prisionais, ela segue o caminho das prisões também – as prisões aumentam, então vai ser necessário novos estabelecimento prisionais. 

É um caminho natural a construção de estabelecimentos prisionais, como teve que vir há poucos anos atrás e agora já está concretizado, o Complexo Penitenciário da Canhanduba, então naturalmente vai ter que ser construído um novo estabelecimento prisional, seguindo essa linha de aumento de prisões, aumento da população… acaba acontecendo isso naturalmente.

O 12BPM (Foto Renata Rutes)

JP3: Sobre a estrutura do 12BPM, quais são as urgências, além da questão do aumento do efetivo, que é um sonho já antigo…?

RV: É, a grande questão realmente é o efetivo do batalhão. Nós vamos receber agora um número muito bom de policiais. São policiais que se formaram, eles farão a escolha de vagas agora essa semana, então nós temos uma expectativa muito boa. Não está fechado [o número de PMs que virão], mas vai ser um número muito bom, como eu falei, como eu falei com o Comandante Geral, Coronel Emerson Fernandes, ele tem uma atenção muito especial aqui com o 12º Batalhão e eu tenho certeza que vai ser um número muito bom, das conversas que nós já tivemos, vai atender a nossa necessidade. Eu acredito que já é semana que vem [a vinda dos PMs]. Eles fazem a escolha de vaga na sexta-feira (7), normalmente eles ganham uma semana de folga para o policial ajustar a vida, para saber onde vai morar e tudo. E a partir da semana que vem, ou na outra semana no máximo, 10 dias, eles já estarão aqui com certeza. 

Esse número de policiais já vai ajudar bastante e é importante a população saber que a Polícia Militar funciona como uma empresa. A Polícia Militar tem uma logística, tem recursos humanos, tem policiais militares que pegam férias, licenças, afastamento médicos. Muitas vezes a população olha o número absoluto ali de policiais, 100 policiais, por exemplo, e muitas vezes aqueles 100 policiais trabalham dentro de uma logística – a viatura quebra, nós temos que arrumar a viatura, nós temos recursos humanos, nem todos estão na rua também, há afastamento médicos, os policiais se aposentam… então são números que a população acaba não considerando, mas tem que ser considerado, porque o batalhão é uma máquina gigante, como é o 12o batalhão hoje. 

Hoje, na sede aqui, há cerca de 130, em Camboriú 50, então próximo de 180 ao total, girando em torno disso. Temos afastamentos, como eu falei, mas é em torno de 180. E o 12o Batalhão é um batalhão destaque, um batalhão vitrine no estado. 

O Carnaval agora, por exemplo, junto com Florianópolis, Joinville e outras cidades, é o batalhão que mais se destaca. O Réveillon não precisa nem falar – na semana do Ano Novo é o batalhão de maior destaque no Estado. Então é uma máquina gigante que nós temos que ter um efetivo, um suporte por trás, para poder atuar. Inclusive esse efetivo, ele atua também no operacional. Então o efetivo de hoje, por exemplo, eles vão chegar um pouco mais tarde, porque eles vão ficar até hoje a noite, porque nós temos um movimento muito grande na cidade ainda [quarta-feira, 5], eles vão ficar até uma hora da manhã em operação hoje. Então o efetivo que está no expediente, ele atua também no operacional, não atua somente no expediente.

JP3: Sobre a questão estrutural… há alguma obra pendente?

RV: Temos hoje a parte da aviação, que está sendo construída pelo batalhão de aviação, mas é aqui na sede do 12o, que é muito importante ter. É um dos poucos batalhões do Brasil que tem um helicóptero dentro do próprio batalhão. Normalmente a aviação fica afastada do batalhão e nós temos hoje o pessoal da aviação copiando as ocorrências. Ele apoia toda a região, mas principalmente Balneário e Camboriú. É um dos poucos batalhões do Brasil que tem essa estrutura. 

E é claro, as melhorias internas, nós sempre tentamos fazer para proporcionar uma boa condição para o policial militar, então de uniforme, fardamento, viaturas, a estrutura interna do batalhão… e também nós temos um batalhão transitório, até terça (4), por exemplo, nós tínhamos 58 policiais aqui. 

Um dos objetivos nossos é fazer um hotel de trânsito, aqui no batalhão. Porque nós teremos já o feriado de Páscoa daqui a pouco, então virá mais reforço, assim como na época da Oktoberfest e no verão. 

O 12BPM é um batalhão que tem essa característica turística. Nós recebemos efetivo de reforço constantemente da capital e nós temos que criar uma estrutura um pouco melhor para os nossos policiais militares que vêm de fora. 

Essa quantidade de policiais [os 58 citados], eles chegaram aqui em dezembro e saíram agora. Ficaram quase três meses aqui. A nossa ideia é fazer uma estrutura para o policial militar que vêm de fora. 

JP3: Por falar em estrutura, ainda há o canil do 12BPM ou foi desativado?

RV: Foi desativado em 2022, justamente para a construção do hangar da aviação. Nós precisávamos de um espaço para o hangar da aviação. Os cães que estavam sendo utilizados naquela época, vou utilizar a expressão técnica – o cão já vai sendo desgastado, obviamente pela idade. O Yanke, que foi referência, faleceu agora, e os outros cães também já não estavam naquele 10/10 que precisaria, então isso tudo é um custo financeiro, um custo de efetivo, um custo logístico, muito grande. Hoje há um canil sediado ali no São Vicente, em Itajaí, que apoia Balneário. Os próprios policiais, quando eles assumem os serviços do canil de lá, eles já colocam no nosso grupo que estão disponíveis. Hoje, o canil de Itajaí supre a nossa necessidade.

JP3: Espaço aberto para mensagem final.

RV: Chegamos agora, com um gás total, quero manter a nossa parceria com a prefeitura, com os outros órgãos e também com a imprensa, precisamos sempre ajustar os detalhes, então eu peço para vocês também um pouco de paciência para a gente ir ajustando algumas coisas. O Major Favoretto fez um grande trabalho, a ideia é continuar esse trabalho e melhorando cada vez mais. São novos desafios, novos momentos das duas cidades e um novo momento do 12o Batalhão e a nossa ideia é fazer um trabalho cada vez melhor.

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