Foragido desde 2022, ex-deputado é preso por encomendar morte de adolescente

O ex-deputado distrital Carlos Pereira Xavier, de 62 anos, foi preso na tarde desta segunda-feira, 19, em Brasília. Ele foi condenado em segunda instância a 15 anos de prisão em 2014, por ordenar o assassinato de um jovem de 16 anos. O crime ocorreu em 2004. Ele ficou preso por um período, mas posteriormente conseguiu o direito de responder em liberdade.

Em 2004, Xavier teve seu mandato de deputado distrital cassado por seus colegas, com uma votação de 13 a favor e 3 contra. Ele foi acusado de contratar dois pistoleiros para assassinar um jovem de 16 anos, Ewerton da Rocha Ferreira, em março daquele ano, acreditando que o jovem era amante de sua ex-esposa, Maria Lúcia Araújo de Xavier. Esta foi a primeira vez na história da casa que um deputado distrital foi cassado.

Em 2014, Xavier foi a julgamento popular e condenado a 15 anos de prisão por homicídio qualificado. No entanto, ele não foi preso, pois obteve um habeas corpus concedido pelo ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal, permitindo que respondesse em liberdade.

O ex-deputado era procurado desde fevereiro de 2022, quando foi expedido um mandado de prisão pela Vara de Execuções Penais do Distrito Federal. Quando foi encontrado pela polícia, o político estava em um carro Toyota Hilux e carregava R$ 1,3 mil em espécie. Os deputados distritais são os representantes da população do DF no nível da unidade federativa. Isto é, são os representantes eleitos mais próximos da população. O cargo de deputado distrital é equivalente ao de deputado estadual.

Entenda o caso

O ex-deputado é acusado de ser o mandante da execução de um adolescente em março de 2004, nas imediações de uma parada de ônibus, no Recanto das Emas. O réu responde por homicídio qualificado por recurso que dificultou a defesa da vítima.

Na denúncia, o “auxiliar nos negócios ilícitos”, conhecido como Risadinha, de 52 anos à época, capoeirista e bicheiro, foi apontado como a pessoa com quem Xavier teria ajustado o crime. O motivo do crime, segundo a denúncia, estaria ligado à vida conjugal do réu.

O julgamento começou com a leitura da denúncia e com a oitiva das testemunhas arroladas pelo Ministério Público. A primeira testemunha a depor foi a ex-mulher de Xavier. Ela afirmou que nunca teve um relacionamento amoroso com a vítima. Ela negou envolvimento com a vítima, mas afirma ter tido um relacionamento com o amigo da vítima, à época com 18 anos. A testemunha pediu para ser ouvida com o plenário vazio e sem a presença do réu. 

Em seguida, houve o depoimento da segunda testemunha. A vizinha da família de Xavier afirmou ter visto, por diversas vezes, a ex do réu com menores. A testemunha diz que ex de Xavier presenteava os meninos e levava drogas e bebidas para eles. Em resposta à inquirição da Defesa, a testemunha disse que nunca viu o réu fazer ameaças para alguém. 

A terceira testemunha arrolada pelo Ministério Público a depor foi a mãe do amante da ex-mulher de Xavier. Ela afirmou ter ouvido o acusado dizer que a situação do envolvimento da mulher com rapazes iria ser resolvida.  Disse que o filho era comprado pela ex do acusado com créditos de celular, drogas e presentes. Disse, ainda, que, certa vez, presenciou o acusado muito nervoso com a situação da mulher.

Em seguida, começou o depoimento da quarta testemunha de acusação, a mãe de Ewerton da Rocha Ferreira (vítima do processo). A mãe da vítima iniciou o depoimento afirmando que Carlos Xavier proferiu ameaças ao seu filho, disse que o ex-deputado apontou o dedo para seu filho e disse, também, para tomar cuidado por mexer com a mulher dos outros. A mãe afirmou, ainda, que  o acusado chegou a dizer que várias pessoas tinham lhe oferecido serviços para “lavar a honra”. A mãe da vítima afirmou ter recebido uma visita inesperada de Xavier em sua casa e presenciou o ex-deputado ameaçar seu filho. 

O pai da vítima foi ouvido em Plenário. Ele foi a última testemunha arrolada pelo Ministério Público. O pai de Ewerton diz ser verdade o relacionamento amoroso do filho adolescente com a mulher de Xavier. Emocionado, disse que o ex-deputado ameaçou seu filho de morte dentro de sua casa e disse, ainda, que várias pessoas se ofereceram para matar Ewerton. Declarou que 15 dias antes da morte do filho encontrou com Xavier na igreja e se trataram cordialmente, e que tempo depois soube que, na ocasião, o crime já estava encomendado.

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