A vaga de candidato a vice-governador na chapa de Daniel Vilela (MDB) é a mais importante para as eleições de 2026 e também a mais disputada no meio político entre aliados do governo. Desde o fim das eleições gerais de 2022 já se discute quem será o vice de Vilela no ano que vem. Neste contexto, existem três variáveis importantes que baseiam a discussão e também os critérios de escolha do atual vice-governador e também de Ronaldo Caiado, que deve entregar o governo em definitivo em abril.
A vaga de vice para as próximas eleições torna-se mais importante do que a vaga que será ocupada por Vilela. Com a renúncia de Caiado, para possível disputa à Presidência da República, em 2026 Vilela já irá disputar a reeleição e não poderá concorrer ao governo em 2030, ou seja, se a chapa governista vencer as eleições, o que é bem provável dada à conjuntura posta até o momento, o próximo vice será governador de Goiás por no mínimo oito meses, porque Daniel não deve ficar até o final do mandato, repetindo o movimento de Caiado e deixando o Palácio das Esmeraldas para disputar outro cargo, neste caso tende a ser candidato a senador. Por esse motivo a escolha do vice vai se dar entre abril e junho e as articulações e conversas devem ficar mais intensas a partir de quando Daniel Vilela assumir o governo.
Outro requisito importante é quem será candidato contra a base governista. Até o momento só se percebe a intenção do senador Wilder Morais (PL) de querer entrar na disputa, mas isto depende do partido, do presidente, Valdemar da Costa Neto e também do ex-presidente Jair Bolsonaro. Outro nome de pode vir a disputar o Palácio das Esmeraldas em 2026 é o ex-governador Marconi Perillo (PSDB), mas com alta rejeição, principalmente localizada na região metropolitana de Goiânia e também no Entorno do Distrito Federal (as duas regiões concentram mais de 3 milhões de habitantes e também são os dois maiores polos eleitorais do estado) as chances de uma disputa acirrada é pequena.
O governador Ronaldo Caiado tem o governo mais bem avaliado do país. A última pesquisa Quaest sobre a avaliação dos governo estaduais mostrou que em Goiás o governo tem 86% de aprovação. A avaliação das áreas é extremamente positiva, com segurança, assistência social e educação como carros-chefes.
Representação regional
Grande parte dessa avaliação vem do Entorno, por foi nesta gestão de Caiado que a região teve avanços na área de saúde, infraestrutura e principalmente na segurança pública. As cidades eram destaque nos rankings de violência no Brasil. Por isso, a região cobra mais representatividade no governo e também nas eleições para o governo no ano que vem. Porém a região não se mostra unida e também não tem uma liderança que aglutine os prefeitos da região, pois não há consenso.
Apesar das divergências, um nome para a vice pode vir do Entorno de Brasília. Dentre os nomes lembrados na região estão o do prefeito de Luziânia, Diego Sorgato (UB). Ele foi reeleito ano passado com mais de 75% dos votos, conseguiu apoio de 100% da Câmara Municipal. Ele foi o vereador mais jovem do Brasil, eleito com 17 e em 2014 foi eleito o deputado estadual; também sendo o mais jovem do estado. Contrariando o que se percebe nos bastidores, Sorgato disse à reportagem que a região está bem representada pela Associação dos Municípios Adjacentes à Brasília (AMAB), que agora é presidida pelo prefeito de Planaltina de Goiás, Cristiomario de Sousa Medeiros.
O ex-prefeito de Valparaíso, Pábio Mossoró, também figura na lista de lideranças da região e é cotado para assumir a Secretaria de Estado do Entorno. A possível indicação de Mossoró causou mal-estar entre outros prefeitos da região. Com isso, a articulação do Entorno ficou mais fraca para que o Palácio das Esmeraldas considerasse um vice da região.
A ex-vice-prefeita de Valparaíso, deputada estadual Zeli Fritsche também entra no páreo. De perfil discreto dentro do parlamento, ela foi eleita em 2022. Nos bastidores ela se coloca como uma forte articuladora que se mantém no radar do governo por ser mulher e também por ter grande habilidade em transitar em um ambiente predominantemente masculino.
O ponto estratégico
Saindo do Entorno, o governo tem nomes para a vice de Vilela em diferentes cenários. Pela importância o cargo a escolha também deve ser estratégica, ou seja, que ao mesmo tempo tenha capacidade técnica e que também tenha habilidade política, principalmente durante a campanha para ser um puxador de votos.
O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), José Mário Schreiner, é um nome cotado e que também está interessado na disputa. Ele entra com o perfil técnico de articulação e interlocução com o setor do agronegócio goiano e também como um nome político que pode puxar voto.
José Mário é o nome mais cotado para a vice, levando em conta uma disputa contra o senador Wilder Morais (PL). O movimento é simples, mas estratégico e que funciona. Com o presidente da Faeg na vice, ele pode conseguir agregar apoio dos empresários do agro em Goiás. Com um candidato do PL, Schreiner seria o divisor de votos da direita. Com grande influência política em todo o estado e no agro. Ele também é cogitado em outros cenários.
Perfil Técnico
O governo conta com a possibilidade de Wilder não ser candidato, fato este que pode se concretizar. Neste caso a escolha de Caiado e Vilela pode ser por um perfil mais técnico para que o ritmo do trabalho não diminua. Neste caso o atual secretário- Geral de Governo, Adriano da Rocha Lima – braço direito de Caiado e também principal articulador do governo e é peça-chave da modernização da gestão, especificamente nas áreas de planejamento estratégico e áreas de inovação – para ocupar o cargo de vice-governador.
Pedro Sales é outro nome técnico que, da inteira confiança de Caiado e que tem um papel centra no governo, no comando da Agência Goiana de Transportes e Obras (Goinfra). Ele está cada vez mais dentro da política. Em conversa com um assessor do Palácio das Esmeraldas, próximo ao vice-governador, Sales tem atuando estritamente para tirar do papel as obras do Fundo Estadual de Infraestrutura (Fundeinfra), que é o grande programa do governo para beneficiar o agronegócio e a mineração, uma vez que os recursos vem da chamada “taxa do agro”. O perfil de Sales agrada, porque é extremamente responsável e correto com a coisa pública e com os recursos do Estado. Por ser servidor concurso do Supremo Tribunal Federal (STF) precisa ter sua conduta ilibada.
Perfil político
Com um perfil político e com potencial de articulação, os nomes que estão à disposição de Daniel Vilela e Ronaldo Caiado são o de Gustavo Mendanha, ex-prefeito de Aparecida de Goiânia e também o de Paulo do Vale, ex-prefeito de Rio Verde.
Mendanha tem uma marca na administração da segunda maior cidade do estado. Foi reeleito com 98% dos votos validos, foi candidato a governador, e em seguida conseguiu eleger o prefeito de Aparecida em 2024, Leandro Vilela, que disputou a eleição contra Professor Alcides (PL) que teve o apoio do seu então vice-prefeito, Vilmar Mariano (UB). De mãos dadas com o governo, Mandanha não deixou sua pretensão política de lado. Desde a reaproximação com o Palácio das Esmeraldas, nos bastidores, cogita-se uma chapa Daniel e Mendanha. Tem quem insiste na tese de que o ex-prefeito será candidato ao Senado.
Paulo do Vale é um forte nome que representa o sudoeste goiano. Ele foi eleito e reeleito para a Prefeitura de Rio Verde e ainda conseguiu fazer o sucesso, Wellington Carrijo, que foi eleito com 62% dos votos, isso em uma região muito conservadora disputando contra o candidato do bolsonarismo, ex-presidente da Assembleia Legislativa, Lissauer Vieira (PL).
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